Lesão Renal Aguda E Crônica Flashcards

Diferenciar as lesões clinicamente e ser capaz de tratá-las quando possível.

1
Q

Defina lesão renal aguda

A

É a perda da função renal de maneira abrupta, independente de etiologia, provocando acúmulos de excretas nitrogenadas, acompanhada ou não de oligúria.

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2
Q

Liste as funções renais

A
  1. Regulação da água corpórea
  2. Função excretora
  3. Balanço de eletrólitos
  4. Balanço ácido-básico
  5. Função endócrina (eritropoietina e calcitriol)
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3
Q

Diferencie azotemia de uremia

A

Azotemia: aumento de excretas nitrogenadas no sangue detectada por exames laboratoriais.
Uremia: é uma síndrome, conjunto de sinais e sintomas pelo aumento de excretas nitrogenadas.

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4
Q

Defina injúria renal aguda pelos critérios de Kdigo.

A
  1. Aumento da creatinina sérica maior ou igual que 0,3mg/dL em até 48h
  2. Aumento da creatinina sérica de 1,5x o valor de base em até uma semana
  3. Diminuição do débito urinário menor que 0,5ml/kg/h em até seis horas.
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5
Q

Classificação da IRA.

A
  1. De acordo com o volume urinário:
    - oligúrica
    - não-oligúrica
    - anúrica
  2. De acordo com a fisiopatologia:
    - pré-renal
    - intrínseca (renal)
    - pós-renal (obstrutiva)
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6
Q

Descreva a fisiopatologia da IRA PRÉ-RENAL

A

Causada por hipofluxo renal. É a mais comum. A TFG diminui porque não chega sangue. Ocorre vasodilatação da arteríola aferente pela ação da prostaglandina. Ativação do SRAA, a angiotensina II age na arteríola eferente provocando vasoconstrição para tentar aumentar a TFG. Além disso, a aldosterona age no TCP reabsorvendo sódio e água. Ocorre a ativação do sistema nervoso simpático que também faz vasoconstrição para manter fluxo sanguíneo cerebral e cardíaco. Por fim, tem liberação de ADH que retém água livre no néfron distal. Sua liberação ocorre em casos mais graves, quando o volume circulante efetivo em geral está abaixo de 10%.
Ocorre: oligúria por redução de TFG, excreção de uma urina concentrada com diminuição da excreção do sódio.

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7
Q

Por que ocorre a IRA PRÉ-RENAL?

A

Ocorre pela redução do volume circulante efetivo. As principais causas são:

  1. Hipovolemia
  2. Estados de choque
  3. Insuficiência cardíaca
  4. Cirrose hepática com ascite
  5. AINES
  6. uso de IECA
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8
Q

Como é feito o diagnóstico de IRA?

A

Redução do volume urinário
Sinais e sintomas de síndrome urêmica
Azotemia assintomática (mais comum)

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9
Q

Descreva a IRA intrínseca.

A

É a injúria renal que ocorre por conta da lesão do parênquima renal. A mais comum é a necrose tubular aguda. Porém, pode ter comprometimento de qualquer parte do parênquima:

  • Vascular
  • Mesangial: glomerulonefrites agudas
  • Tubular: NTA
  • Intersticial: infeccioso
  • Coletor
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10
Q

Quais as etiologias da NTA?

A

Pode ser ISQUÊMICA: ou seja, a lesão pré-renal evoluiu para uma intrínseca porque ficou tempo demais em regime de hipóxia.
Pode ser nefrotoxica: drogas, medicamentos, toxinas que lesionaram o parênquima renal.

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11
Q

Explique como fica a urina do paciente com NTA?

A

O paciente pode estar com oligúria, anúria ou poliúria. Na NTA, apesar de haver redução da TFG, ocorre também redução da reabsorção tubular porque o parênquima renal está lesionado. Nesse caso, se a TFG está diminuída e a reabsorção também, o paciente estarei poliúrico (tudo que filtra é excretado porque não tem reabsorção).
O paciente tem aumento da fração de excreção de sódio e aumento da excreção da fração de uréia. Como perde a capacidade de reabsorção, a urina fica diluída.

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12
Q

Por que na NTA tem redução da TFG?

A

Por conta do mecanismo de feedback do aparelho justaglomerular. O aparelho justaglomerular é formado pela arteríola aferente em contato com o túbulo contorcido proximal e são capazes de detectar a concentração de sódio. Quando a concentração de sódio estiver aumentada na mácula densa, ocorre vasoconstrição da arteríola aferente e provoca a redução do TFG.

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13
Q

Como é feito o diagnóstico de NTA?

A

História e exame físico (tempo e intensidade da evolução). A NTA não resolve apenas com reperfusão renal como é o caso da IRA PRÉ-RENAL. Na NTA cilindros urinários estarão pigmentados e a fração de excreção de sódio estará aumentada.

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14
Q

Descreva a IRA PÓS-RENAL.

A

Causada por alguma obstrução do sistema uro-excretor. Comum em idosos por hiperplasia prostática. Só tem repercussão nos casos bilaterais. Pode evoluir para IRA intrínseca.

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15
Q

Explique o mecanismo fisiopatológico da IRA PÓS-RENAL.

A

Ocorre uma obstrução no sistema uro-excretor. Porém, o rim filtra normalmente o que provoca um aumento da pressão intraluminal e na cápsula de Bowmann até que ocorra a diminuição da TFG. Ocorre distensão gradual do ureter proximal, pelve renal e cálices.

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16
Q

Quando suspeitar de IRA PÓS-RENAL?

A

Suspeitar se obstrução todo paciente agudamente anúrico. Ou que apresente flutuações do débito urinário (anúria x poliúria). O paciente pode apresentar bexigoma.

17
Q

Defina insuficiência renal crônica.

A

A insuficiência renal crônica é a perda da função renal e é caracterizada por ser progressiva, insidiosa, inexorável e irreversível. A insuficiência renal é instalada quando a TFG for menor ou igual a 60ml/min por três meses.

18
Q

Defina DOENÇA RENAL CRÔNICA.

A

É uma síndrome que inclui todas as lesões renais que geralmente acarretam a perda lenta e progressiva da função excretora renal. Pode progredir mesmo quando a causa básica for eliminada. A maioria dos pacientes é assintomático e sua doença é detectada por testes de screening ou na investigação de outras doenças.

19
Q

Cite as principais etiologias da DRC

A
  1. Diabetes
  2. Hipertensão Arterial
  3. Glomerulonefrites crônicas
  4. Pielonefrite crônica
  5. DAI
  6. Rins policísticos
  7. Malformações congênitas
  8. AINES
  9. Necrose cortical bilateral
  10. IRA prolongada
20
Q

Que fatores determinam a TFG?

A

Kf: permeabilidade seletiva da membrana
PEF: PRESSÃO EFETIVA DE FILTRAÇÃO

TFG = Kf . PEF

21
Q

Explique a fisiopatologia da DRC.

A

Na DRC ocorre alteração do Kf, ou seja, a permeabilidade seletiva da membrana fica alterada pela doença de base. Como mecanismo compensatório ocorre aumento da PEF para aumentar a TFG. Porém, o aumento da pressão efetiva provoca ainda mais destruição de néfrons. Os néfrons remanescentes se hipertrofiam para hiperfiltrar e tudo isso provoca um regime de hipertensão glomerular que consequentemente aumenta a destruição de néfrons. Os néfrons remanescentes aumentam a filtração às custas de prostaglandina que vasodilata a arteríola aferente e da angiotensina II que faz vasoconstrição de arteríola eferente.
Com a hipertensão glomerular e aumento da TFG pode ocorrer filtração de albumina, por isso a microalbuminúria é um marcador de lesão renal.

22
Q

Defina os estágios da DRC.

A

Estágio 0: TFG > 90 ML/MIN, paciente não tem lesão renal, apenas fatores de risco: HAS, DM, etc.
Estágio 1: TFG > 90 ML/MIN paciente tem a filtração preservada, mas apresenta lesão renal detectada pela presença de microalbuminúria.
Estágio 2: TFG > 60 e < 89 ML/MIN - insuficiência renal leve ou funcional com presença de microalbuminúria.
Estágio 3: TFG >30 E< 59 ML/MIN -
3a: 45-59
3b: 30-44. instalação da insuficiência renal. Começa a apresentar HAS, anemia, elevação de potássio.
Estágio 4: TFG > 15 e < 29 ML/MIN. Insuficiência renal severa ou clínica. Anormalidades eletrolíticas significativas: acidose metabólica, hipercalemia, hiperfosfatemia, anemia.
Estágio 5: TFG< 15 ML/MIN. Insuficiência renal terminal. Graves anormalidades eletrolíticas, anorexia, náuseas, vômitos, piora da HAS, síndrome urêmica.

23
Q

Explique a anemia na DRC.

A

Os rins produzem a eritropoietina que é responsável pela eritropoiese, na medula óssea. Sem estímulos para a produção de hemácias, no estágio 3 a anemia costuma ser normocítica e normocrômica porque a produção na medula óssea está diminuída. A partir do estágios 4/5 a anemia se torna hemolítica porque ocorre aumento de compostos nitrogenados, principalmente a uréia, isso altera a osmolalidade e para que haja regulação começa a retirar água das hemácias para o meio, para diluir os solutos. A hemácia fica murcha e altera a sua forma, tornando-se espiculada e quando passa pelo baço sofre lise. A anemia se torna mais grave. Precisa de diálise para reduzir os níveis de uréia.

24
Q

Quais achados sugerem DRC?

A

Rins simétricos de tamanho reduzido
Anemia normocítica e normocrômica
Hiperfosfatemia e hipercalemia e hipocalcemia
Hiperparatireoidismo secundário

25
Q

Explique a doença renal óssea.

A

A doença renal óssea ocorre por distúrbios do PTH. Os estímulos para que haja liberação do PTH são:
1. Vitamina D baixa
2. Cálcio baixo
3. Fósforo plasmático aumentado
O fígado produz a vitamina D2 que não tem função ainda. Nos rins, a vitamina D2 é transformada em D3 e ativada pelo PTH NA FORMA ATIVA DE VITAMINA D (Calcitriol). A vitamina D3 ATIVA segue para o intestino e estimula a absorção de cálcio e também diminui a excreção de cálcio pela urina - ou seja, o PTH REGULA A ABSORÇÃO DE CÁLCIO. Porém, o rim não funcionante não responde ao PTH e não ativa a vitamina D3. Ocorre aumento de liberação de PTH que vai estimular os osteoclastos a promover reabsorvendo óssea para aumentar o cálcio, provocando osteopenia e osteodistrofia que é a doença renal óssea. Além disso, o fósforo não é eliminado por conta do comprometimento renal e o fósforo se liga ao cálcio livre, formando um precipitado que se deposita no vasos, articulações e no próprio rim. Desse modo, não tem feedback negativo em cima do PTH provocando hiperparatireoidismo secundário e a doença renal óssea.

26
Q

Explique por que o doente renal crônico apresenta dislipidemia.

A

O paciente renal crônico apresenta comprometimento da reabsorção tubular, nesse sentido, excreta maior quantidade de APOC2 e reabsorve maior quantidade de APOC3. A APOC3 promove inibição da lipase lipoproteica que é responsável por retirar os Triglicérides do quilomícrons e do VLDL. Por conta disso, ocorre aumento de triglicerídeos e o paciente apresenta hipertrigliceridemia. Quando o TG está muito elevado, acima de 400mg/dl ocorre ativação da proteína transportadora de colesterol esterificado CETP. A CETP retira o colesterol do HDL e troca pelos triglicerídeos presentes na molécula de quilomícrons e de VLDL. Quando a lipase hepática transforma os quilomícrons e VLDL em LDL, este será muito rico em colesterol e isso aumenta o risco cardiovascular. A CETP é ativada numa tentativa de abaixar o triglicerídeos, porém mantém o colesterol circulante no sangue. Por isso, a dislipidemia do paciente com DRC é por reabsorção da APOC3, inibição da lipase lipoproteica e por ativação da CETP, que aumenta a concentração de colesterol no LDL e favorece a formação de placa de ateroma.

27
Q

Descreva o estadiamento da DRC pela albuminúria.

A

A1. Albuminúria menor que 30mg/dia - NORMAL
A2. Albuminúria entre 30 e 300- AUMENTO MODERADO
A3. Albuminúria maior que 300 - AUMENTO GRAVE

28
Q

Como é feito o tratamento do DRC?

A

Nos estágios iniciais G1, G2 e G3a: controle pressórico para menor que 140 x 90 ou menor que 130 x 80. Uso de IECA ou BRA para diminuir a hipertensão glomerular pela diminuição da TFG. Controlar dislipidemia, diabetes, tabagismo, obesidade e sedentarismo. Uma conduta que é discretamente benéfica é a restrição de proteínas na dieta. Controle da hiperuricemia com uso de alopurinol (dose corrigida).
No estágio G3b e G4 começa a prevenir a síndrome urêmica: uso de diuréticos de alça (furosemida) para controlar a HAS. Cuidado com o uso de IECA OU BRA nessa fase por conta da hipercalemia e a retenção aguda de escórias nitrogenadas. Tratamento da anemia e da osteodistrofia.
No estágio G5: doença renal em fase terminal. O paciente pode precisar de um transplante renal e enquanto isso fica no Programa de Diálise. Paciente deve ter restrição de sódio, potássio e água.
Reposição de ferro e ácido fólico para todos os pacientes em hemodiálise.