Insuficiência renal aguda, crônica e terapia de substituição renal Flashcards
Primeiro passo para controlar hiperfosfatemia que aparece na evolução da DRC:
Restrição de fósforo na dieta, por meio da redução da ingesta proteica.
Posteriormente, uso dos quelantes de fosfato e reposição de vitamina D ativa (calcitriol). Calcimimeticos sao indicados em casos refratarios a essas medidas anteriores.
OBS: a terapia dialitica nao influencia no metabolismo do Ca e P no DRC
OBS 2: lembrar que pacientes cronicos são mais propensos a serem sarcopenicos (perda de massa muscular), logo nao devemos restringir tanto ingesta de proteina pois pode gerar deficit nutricional
Efeitos da forma ativa da vitamina D {calcitriol ou 1,25 (OH)2 vitamina D}:
1) Estimulo a atividade osteoclastica = aumento da reabsorção ossea = aumento do nivel serico de Ca
2) estimulo a absorção intestinal de Ca
3) inibição da secreção de PTH pela paratireoide (OBS: PTH aumenta a excreção renal de P, logo menos PTH = menos fosfaturia)
Mulher, 25 anos, com disuria + dor lombar. Suspeita de pielonefrite e tratada com anti-inflamatorio e antibiotico. Paciente retorna com persistencia da dor, anúria (12h sem urinar) e elevação de creatinina. Diagnostico e conduta:
Lesão renal pós-renal (nefrolitiase, infecção ou tumores ginecologicos comprimindo trato urinario)
Realizar USG de vias urinarias para descobrir o que está obstruindo o trato urinario e causando hidronefrose
Homem, 60 anos, com fosforo e PTH elevados. Taxa de filtração glomerular 42 ml/min. Paciente com anemia, relatando cansaço e mal-estar. Hipertenso descontrolado.
a) Diagnostico
b) Esse paciente pode usar IECA e BRA?
c) Qual o estagio da DRC?
d) Como se caracteriza a anemia desse paciente? Como tratar a anemia?
a) Hiperparatireoidismo secundario a DRC
b) Pode, pois em pacientes com Clearance creatinina >40 esses medicamentos retardam a progressão da doença (essas drogas reduzem a filtração glomerular, diminuindo a proteinuria-que é um fator de risco cardiovascular independente que piora o prognostico desses individuos. As medicações devem ser utilizadas nas doses mais altas que o individuo tolerar).
OBS IMPORTANTE: NÃO devemos associar IECA + BRA, pois aumenta a mortalidade por hipercalemia
c) 3b (TFG entre 30 e 59 = estagio 3; 45 a 59 = 3a, 30 a 44 = 3b)
d) anemia DRC é comumente normocitica e normocronica (anemia de doença cronica e multifatorial). Principal fator etiologico é deficiencia de eritropoietina. TRATAMENTO: reposição de ferro e eritropoetina
Cuidado na dialise de paciente em sindrome uremica que complica com pericardite:
Derrame geralmente é hemorragico, entao devemos fazer a dialise sem heparina para evitar hemorragia intrapericardica e tamponamento
Consequencias da uremia cronica no metabolismo do calcio e fosforo:
Calcificação da parede vascular, aumetando risco de eventos cardiovasculares, como IAM, AVC e necrose cutanea por acometimento de vasos superficiais
Uma das primeiras manifestações da sindrome uremica e sua consequencia:
Retenção renal de agua e sal (hipervolemia e HAS volume dependente = sal dependente)
Alterações no metabolismo mineral e na estrutura ossea sao comuns em pacientes com DRC. Cite 2 principais doenças ósseas secundarias a insuficiencia renal:
1) Osteíte fibrosa cística = aumento da atividade osteoclastica em resposta ao excesso de PTH no sangue. Alto turn over osseo
2) Doença óssea adinamica = atividade osteoclastica reduzida e geralmente PTH diminuido no sangue (consequencia do tratamento farmacologico da osteodistrofia renal* com uso de quelantes de fosfato e calcimimeticos). -> Parece haver intoxicação uremica dos osteoclastos e osteoblastos, que se tornam hipofuncionantes e lentifica o turn over osseo
* termo somente usado para disturbios avaliados por biopsia
OBS: outra doença seria osteomalacia (é uma doença óssea do adulto, caracterizada por ossos frágeis e quebradiços, devido a defeitos de mineralização da matriz do osso)
Como ocorre lesao renal aguda na sepse?
Processo multifatorial -> alterações microvasculares que levam a redistribuição do fluxo renal, ativação de endotoxinas e ativação neutrofilica.
OBS: Classicamente, achavam que era por vasoconstrição renal (hipoxemia/hipoperfusao) e vasodilatação sistemica simultanea
Mulher, 72 anos, hipertensa, com diminuição da diurese, desidratada, hipotensa, creatinina elevada, potassio elevado, com vomitos e diarreia. ph 7,12 (VR: 7,35-7,45). Diagnostico e conduta:
LRA pré-renal (“LRA isquemica” = hipovolemia que gera isquemia)
Hidratação com solução salina e administração de bicarbonato de sodio para correção da acidose e hipercalemia
OBS: não usar hidratação com Ringer simples ou Ringer lactato em pacientes com hipercalemia, pois ambos contém potássio.
3 tipos de injuria renal aguda e exemplos:
Pré-renal: hipovolemia (redução do volume circulante efetivo no corpo todo)
Renal (intrínseca): lesão direta no parenquima renal-> nefrite instersticial aguda (intersticio), glomerulonefrite aguda (glomerulo) e utilização de constraste iodado (arteriola aferente + tubulos)
Pós-renal
OBS: rabdomiolise é misto = sequestro de liquido no musculo lesado (hipovolemia = pré-renal) e predominantemente um componente nefrotoxico pela mioglobina (renal)
3 tipos de injuria renal aguda e exemplos:
Pré-renal: hipovolemia (redução do volume circulante efetivo no corpo todo)
Renal (intrínseca): lesão direta no parenquima renal-> nefrite instersticial aguda (intersticio), glomerulonefrite aguda (glomerulo) e utilização de constraste iodado (arteriola aferente + tubulos)
Pós-renal: homens idosos com obstrução prostática, mas pode ser causada por obstrução uretral, (paciente com rim único) e vesical
OBS: rabdomiolise é misto = sequestro de liquido no musculo lesado (hipovolemia = pré-renal) e predominantemente um componente nefrotoxico pela mioglobina (renal)
Homem, 58 anos, hipertenso, diabetico (com neovasos no fundo de olho = retinopatia proliferativa = diabetico de longa data, apesar do diagnostico recente). Apresenta azotemia (alteração bioquímica caracterizada laboratorialmente pela elevação sanguínea de compostos nitrogenados não proteicos = ureia e creatinina), edema de membros e face, proteinuria significativa, hipercolesterolemia, LDH/TSH/ferro/ferritina normais. Apresenta ainda anemia 10 g/dl (anemia moderada, normocitica e normocromica, com cinetica de ferro e hemolise normais). Qual a justificativa para anemia e qual o diagnostico?
Deficit de eritropoetina - hormonio regulador da produção de hemacias (esperado em qualquer forma de DRC avançada)
Paciente apresenta insuficiencia renal (azotemia) e sindrome nefrotica (proteinuria elevada, anasarca, hipercolesterolomia) === nefropatia diabetica (glomeruloesclerose), rins permanecem com tamanho preservado
OBS:
1) anemia por sangramento digestivo seria ferropriva, com microcitose e ferropenia
2) hemoglobinopatia -> o paciente teria a anemia desde sempre
3) Anemia hemolitica teria LDH aumentado (marcador de hemolise)
4) Hipotireoidismo -> TSH estaria elevado
Disturbios associados a falencia renal que respondem a terapia dialitica:
Funções de filtração renal = disturbios hidroeletroliticos, acidobasicos e eliminação de escorias nitrogenadas. (exs: acidose metabolica, hipercalemia, hipervolemia, azotemia)
OBS: já as funções endocrinas dos rins nao sao substituidas = sintese de eritropoetina (anemia da DRC) e sintese de calcitriol (doença mineral ossea da DRC)
Como atrasar evolução de nefropatia diabetica (DRC em geral)?
1) Controle glicemico, pressorico, lipidemia e obesidade rigorosos
2) Uso de IECA ou BRA para controle pressorico e diminuição da proteinuria
3) Controle da dislipidemia
4) Suspensao do tabagismo
5) Restrição de proteínas na dieta
OBS: ingesta de muita agua nao altera evolução da doença
Relação entre DRC com metabolismo do calcio e fosfato:
Perda da capacidade filtrativa do rim gera acumulo de fosfato.
Perda da capacidade de biossintese do rim reduz a ativação da vitamina D, assim como o FGF-23 (fibroblast growth factor 23) reduz a produção de vitamina D ativada.
As duas coisas somadas favorecem hipocalcemia (quelação do calcio e redução de sua absorção).
Com menos calcio circulante, surge hiperparatireoidismo secundario, que leva a alterações estruturais ósseas.
Criança com doença renal policistica acompanhada de nefromegalia bilateralmente (alteração estrutural importante favorece perda progressiva de função). Altura, estatura (110 cm), peso e pressao normais. Cr 0,5 mg%. Calcular clearance de creatinina da criança (k= 0,55) e classificar DRC em estagio:
ClCr (crianças) = K x altura (cm)/ Cr serica (mg%)
= 121 ml/mim/1,73m² -> normal!
DRC estagio I = TFG preservada, porem com lesao estrutural
OBS: HAS em crianças requer valores de PAS e/ou PAD acima do percentil 95 para o sexo e idade.
OBS 2: lesao estrutural pode dar sedimentos urinarios caracteristicos de lesao (ex: cilindros hematicos indicam glomerulonefrite)
Principais causas de DRC no Brasil e no mundo:
Brasil = nefropatia hipertensiva Mundo = nefropatia diabetica (exceção a maioria das DRC, pois não há atrofia renal bilateral)
OBS: a DRC continua AUMENTANDO no mundo, junto com a diabetes. O que mais mata DRC na ordem: doenças cardiovasculares; infecções
Pacientes renais cronicos expostos ao gadolinio (usados em exames de ressonancia para contraste). Complicação:
Fibrose sistemica nefrogenica
OBS: lembrar que TC na litiase renal é SEM contraste
V OU F.
Creatinina e paratormonio sao bons marcadores da função renal na emergencia?
F
A creatinina sérica só se altera quando a função renal/TFG/clearance de creatinina ja declinou 50% (marcador tardio). Paratormonio nao esta entre os marcadores bons tambem!
Marcadores mais sensiveis: cistatina C, NGAL, KIM-1 e IL-18.
OBS: estimativa do clearance de creatinina nao é confiavel no contexto da lesao renal aguda, pois a TFG só se altera 48h depois.
Paciente, 68 anos, com insuficiencia renal terminal, dor toracica, atrito pericardico, ECG com supra de ST difuso (concavidade para cima). Diagnostico e conduta:
Pericardite aguda (por pericardite uremica, uma complicação da DRC que indica necessidade de DIÁLISE)
OBS: até a pericardite melhorar, fazer dialise sem heparina, pelo risco de provocar hemopericardio
Causas de injuria renal aguda em um politraumatizado grave:
2 principais:
HIPOVOLEMIA, decorrente de sangramento interno ou externo. Produz IRA pré-renal, que pode evoluir para NTA isquemica (necrose tubular aguda)
RABDOMIOLISE, esmagamento de grandes massas musculares esqueleticas. Produz IRA pré-renal pelo sequestro de liquidos no local da lesao (edema muscular) e posteriormente NTA nefrotoxica secundaria a mioglobinuria.
Além disso, o paciente pode ser exposto a agentes nefrotoxicos durante a internação: antibioticos -> gentamicina (aminoglicosideo pode causar NTA nefrotoxica) /cefazolina (cefalosporina de primeira geração causa nefrite intersticial aguda); contraste iodado IV para tomografia (NTA). OBS: chance de lesao renal por essas drogas aumenta na vigencia de fatores de risco como hipovolemia, doença renal preexistente e exposição simultanea a mais de um fator.
Outra explicação seria a SEPSE (NTA) -> deteriorização clinicolaboratorial acompanhada de sindrome da resposta inflamatoria sistemica (taquicardia, febre, leucocitose)
Paciente internado com IRA (injuria renal aguda) anurica e em uso de cateter vesical de demora. Conduta:
Afastar obstrução do cateter vesical. Trocar o cateter ou desobstruir.
OBS: lesao renal aguda com anuria, sempre pensar em causa PÓS-RENAL
Paciente com HAS internado com lesao renal aguda. Como saber se foi algo que surgiu agora ou se o paciente já possuía DRC e somente agudizou?
1) Tamanho do rim na USG (DRC = rim reduzido <8 cm no maior eixo) e dissociação/diferença cortico-medular (geralmente cortex é bem escuro e a medula branca, mas na DRC o cortex fica mais hiperecogenico, tornando mais branco do que o normal);
2) presença de osteodistrofia renal nos exames laboratoriais (PTH elevado, fosforo elevado, calcio diminuido) e achados radiograficos condizentes;
3) presença de anemia normocitica e normocronica (redução da eritropoetina);
4) magnitude da elevação das escorias nitrogenadas;
Paciente internado com IRA grave, com anuria e multiplas alterações laboratoriais. Apresenta ruido sisto-diastolico rude na ausculta do precordio. O que pode ser e conduta:
Atrito pericardico = Pericardite uremica = diálise de urgência
V OU F.
A pericardite uremica possui alto risco de tamponamento cardíaco.
V.
Mecanismo: acumulo endogeno de multiplas escorias nitrogenadas fazem com que os vasos dos folhetos pericardicos fiquem dilatados e friaveis + disfunção plaquetaria uremica que aumenta o risco de sangramentos espontâneos + hipervolemia uremica que faz acumulo de liquido nesta cavidade.
A distensao excessiva do saco pericardico promove distensao mecanica dos vasos em seus folhetos, aumentando o risco de hemorragia espontanea intrapericardica (aliada ao volumoso derrame provocado pela hipervolemia) e tamponamento cardiaco.
OBS: pelo ECG nao da pra diferenciar pericardite uremica de outras pericardites
OBS: mais comum aparecer na sindrome NEFROTICA
Homem, 58 anos, com nefropatia hipertensiva em dialise, interrompeu o tratamento por 1 mes e depois apareceu no PA com anasarca e dispneia.
EF: MV diminuido em bases bilaterais e bulhas hipofoneticas.
Diagnostico e alteração esperada no ECG:
Disturbios da sindrome uremica = anasarca (hipervolemia), derrames cavitarios (derrame pleural bilateral) e pericardite (abafamento de bulhas)
Comumente, temos tambem hipercalemia, que torna as ondas T altas e apiculadas e ondas P achatadas que podem desaparecer
V ou F.
O clearance de creatinina é melhor que a creatinina serica para medir função renal.
V.
Diversos fatores nao renais podem influenciar no nivel de creatinina serica: massa magra do paciente, uso de medicamentos. Assim, pacientes idosos, pequenos e magros podem ter DRC com creatinina serica normal. Por isso, devemos estimar o clearance de creatinina (apesar de ser a que usamos, não é uma medida exata, pois a creatinina é filtrada pelos glomerulos, mas tambem excretada pelos tubulos).
OBS: uma redução maior ou igual a 5% da filtração glomerular já aumenta a creatinina serica. Com o aumento da creatinina serica, aumenta a secreção tubular de creatinina tambem, o que aumenta o clearance.
OBS 2: creatinina serica pode aumentar tanto na lesao aguda como cronica