Glicólise Flashcards

1
Q

Papel central da glucose no metabolismo

A

▪Fonte de energia
▪Fonte de carbono

Armazenamento: Glucogénio, Amido

Oxidação via glicólise: Piruvato

CO2 + H2O
Go’ = - 2 840 KJ/mol

Oxidação via dos fosfatos de pentose: 5-fosfato de ribose (–>DNA), NADPH

Síntese de polímeros: Matriz extracel, parede cel (celulose..)

Organismos fotossintéticos (a partir do CO2)–> trioses –> Glucose

Organismos não fotossintéticos (a partir de C3 e C4) –> glucose (gluconeogénese)

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2
Q

Glicólise

A

do grego: glykys doce (ou açucar) + lysis lise

ocorre no citosol e tem duas fases

Depois: Fermentação (degradação anaeróbia da glucose (ou outros nutrientes) para obter ATP, importante fonte industrial de etanol e ácido láctico) ou oxidação completa (CO2+H2O)

► a via central (quase) universal do catabolismo da glucose
► a via com maior fluxo em (quase) todas as células
► a única via de fornecimento de energia em certos tipos de células de mamífero (cérebro, eritrócitos, esperma, …)
► existem microrganismos anaeróbios que dependem exclusivamente desta via para obter energia
► via extremamente conservada ao longo da evolução, tanto do ponto de vista da química das reacções, como em termos de homologia estrutural dos enzimas da via
► a via difere entre os vários organismos principalmente ao nível da sua regulação e no destino final do piruvato

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3
Q

Fase I

A

fase endergónica (fase de preparação, investimento)

Fosforilação da glucose e sua conversão em fosfatos de triose: 3-P-gliceraldeído

investe-se ATP mas aumenta o conteúdo energético dos metabolitos + sequestra-se mol.

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4
Q

Fase II

A

fase exergónica (retorno)

Oxidação do 3-P- gliceraldeído a piruvato

ocorre formação de NADH + H+ e ATP: FOSFORILAÇÃO AO NÍVEL DO SUBSTRATO

+ 2* mesmos passos–> apenas 1 via, económico (poupa enzimas difs)

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5
Q

Balanço energético da glicólise

A
deltaG'= deltaGº' + RTln Q 
(Q= razão de ação das massas, ([C]^c [D]^d)/ ([A]^a[B]^b))

3 passos muito longe do eq (1 glucose+ATP–> glucose-6-fosfato + ADP, 3 Frutose-6-fosfato +ATP–> frutose 1,6-bisfosfato+ ADP, 10 Fosfoenolpiruvato + ADP –> piruvato + ATP)–> garantem direcionalidade da via!! controlam fluxo do eq! + geralmente têm atividade mais baixa, catalizam menos–> passos limitantes!
outros perto do eq.

Reação global:
Glucose + 2 NAD+ + 2 ADP + 2 Pi → 2 piruvato + 2 NADH + 2 H+ + 2 ATP + 2 H2O

  1. Conversão de glucose em piruvato (exergónica)
    Glucose + 2 NAD+ → 2 piruvato + 2 NADH + 2 H+

deltaGo’ = -146 kJ/mol

  1. Formação de ATP (endergónica)
    2 ADP + 2 Pi → 2 ATP + 2 H2O
    deltaGo’ = 2 x 30.5 kJ/mol = 61.0 kJ/mol

=> deltaGº’= -85kJ/mol

▪ A glicólise é um processo celular essencialmente irreversível, recuperação de energia (ATP) é (61/146) ~ 40%. Qual a função dos 60 % perdidos?( –> acelerar! Se não ad aeternum…compromisso, termodinâmica: EFICIÊNCAIA)

▪ Maior parte da energia fica contida no piruvato – a oxidação completa da glucose liberta 2840 kJ/mol, assim apenas 146/2840 = 5.2% da G da glucose é libertada durante a glicólise

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6
Q
  1. Fosforilação da glucose
A

Hexocinase
ATP + Glucose -(Mg2+)->ADP+ 6-P-Glucose (Éster de Robinson)

► ocorre em C-6
► o ião Mg2+ é essencial para a actividade do hexocinase–> substrato= complexo Mg2+-ATP
► passo irreversível na célula–> ponto importante de regulação da via ?
► reacções acopladas
► não há transportadores para os compostos fosforilados–>”prende na cel”, impede que saia da membrana!! SEQUESTRA MOL. (mas: ainda pode ir para piruvato (glicólise)/ ribose-5-fosfato (ciclo fosfatos pentose?)/ sangue (glucose 6-fosfatase)/glicogénio (excesso))

Em condições padrão a conservação da energia é (13,8/30,5) ~ 45%. Os restantes 55 % asseguram a espontaneidade da reacção

(-30,5 no ATP perdeu-se isto, mas aproveitaram-se 13,8 –> -16,7 na reação total perdeu-se efetivamente= desperdício)

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7
Q
  1. Conversão a 6-P-frutose
A

Fosfohexose isomerase
6-P-Glucose-(Mg2+)-> 6-P-Frutose (Éster de Neuberg)

► isomerização reversível de uma aldose a cetose
► papel crítico na química da via glicolítica: o re-arranjo molecular é essencial para garantir os passos seguintes

Enzima: abre anel, abstrai protão (por Glu) –> forma cis-enediol, catálise ácida facilita formação 6-P-frutose, fecha anel

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8
Q
  1. Fosforilação a 1,6-bisP-frutose
A

Fosfofrutocinase 1

6-P-Frutose + ATP -(MG2+)-> ADP + 1,6-bisP-Frutose (Éster de Harden & Young)

deltaG= -20kJ/mol!

► Reacção essencialmente irreversível na célula—> ponto mais importante de regulação da via glicolítica
► PFK1 – um dos enzimas de regulação mais complexos: a sua actividade diminui quando a [ATP] é elevada (!)
► é o passo do compromisso – o 1,6-bisP-frutose está de forma definitiva na via glicolítica (G-6P era ainda “entroncamento c/ muitos destinos”)

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9
Q

Nomenclatura: difosfato ou bisfosfato?

A

2 grupos fosfato/ fosfórico ligados em pos DIF na mol: BISFOSFATOS (1,6-bisfosfato de frutose; 1,3- bisfosfoglicerato)

2 fosfatos ligados entre si como um grupo pirofosforilo: DIFOSFATOS (difosfato de adenosina, ADP)

Regras semelhantes aplicam-se à denominação de trisfosfatos (como 1,4,5-trisfosfato de inositol) e trifosfatos (como trifosfato de adenosina, ATP).

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10
Q
  1. Rutura do 1,6-bisP-frutose
A

1,6-bisP-frutose aldolase

1,6-bisP-Frutose–> fosfato de dihidroxiacetona (Éster de Fischer) + 3-P-gliceraldeído

► reacção reversível com produção de 2 fosfatos de triose
► embora deltaGo ́ seja positivo, a reacção ocorre no sentido direto nas condições intracel. Porquê?

Mecanismo aldolase: abre anel, Lys ataca carbonilo–> intermediário tetraédrico; rearranjo–> base Schiff protonada (desloc e- facilita passos seg), quebra C-C, isomerização, hidrólise base Schiff, troca proteica (restaura enzima)
+glutamato facilita isomerização do carbonilo, há troca protónica

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11
Q

Passo 5. Interconversão das trioses

A

Fosfato de triose isomerase

Fosfato de dihidroxiacetona–> 3P gliceraldeído

► só o 3 P gliceraldeído pode seguir na via glicolítica
► reacção de isomerização rápida e reversível

Final da fase preparatória da glicólise!!!! A molécula de aldohexose foi fosforilada em C1 e C6 e sofreu rutura–> duas mols de 3 P gliceraldeído

!Ver mecanismo!

  1. Enzima, com Glu165 ataque nu ao fosfato de dihidroxiacetona–> ataque nu da His95 enzima
  2. intermediário enediol
  3. metil glioxal
  4. 3P gliceraldeído

► Conversão do enediol a metil glioxal é 100 x mais rápida que a isomerização!
► Metil glioxal = metabolito tóxico–> reage com DNA e proteínas, formando os AGEs (Advanced Glycation End products)
► enzima mantêm o centro activo fechado, impedindo a difusão do intermediário!!!
► deficiência do fosfato de triose isomerase= única enzimopatia LETAL da glicólise!

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12
Q
  1. Oxidação a 1,3

bisfosfoglicerato

A

A partir de agora: 1 conjunto de enzimas (pay-off/retorno)

3P gliceraldeído desidrogenase (x2 tudo)

3P gliceraldeído + fosfato inorgânico (+ NAD+) –> 1,3 bisfosfoglicerato (Éster de Warburg Negelein) (+ NADH + H+)

► produção do coenzima reduzido NADH (regenerado anaerobicamente a NAD durante a fermentação)

► reacção de oxidação (deltaGº’= -50 kJ/mol) e fosforilação (deltaGº’=+44kJ/mol) –> Reações acopladas!!

► Como é feito o acoplamento? (a 2ª reacção não desloca a 1ª pois é desfavorável!!! Barreira energética enorme!!)
=> Acoplamento através de um intermediário (tioéster) cov. ligado ao enzima!! (substrato -> intermediario tioester -> acil-fosfato -> produto)
OU SEJA: Enzima conserva boa parte da queda no intermediário com energia de Gibbs muito mais alta! (energia não é perdida!)

+ Hg inibe irreversivelmente o enzima ao ligar-se ao resíduo de cisteína do centro ativo

MECANISMO GAPDH: Envolve reação com AA, reação dif.,com queda energética dif.

  1. Complexo ES; centro ativo Cys c/ pKa red (5.5 em vez de 8) quando NAD+ ligado–> na forma mais relativa (tiolato)
  2. ligação cov (tiohemiacetal) entre Substrato e Cys
  3. intermediario ES oxidado por NAD+ ligado ao CA, NAD+ reduzido
  4. NADH sai do CA, substituido por outro NAD+
  5. Lig cov tioester SE sofre fosforolise (?), liberta-se produto (1,3 bisfosfoglicerato)= composto de alta energia! (Até fosforila ADP espontaneamente!! Pq tem G muito neg)
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13
Q

Alguns dos intermediários fosforilados da glicólise

A

delta Gº’ mais ou menos

Compostos de "Alta energia":
Fosfoenolpiruvato: -62
1,3 Bisfosfoglicerato: -55
Fosfocreatina: -48
(podem dar P a ATP)

ATP: -30

Compostos de “Baixa energia”:
Glucose-6-P: -12
Glicerol-3-P: -5
(Recebem P de ATP)

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14
Q

Passo 7. Transferência do grupo fosforilo

A
Fosfoglicerato cinase (x2 tudo)
► o nome do enzima reflete a reação inversa

1,3 bisfosfoglicerato + ADP -(Mg2+)-> ATP + 3 fosfoglicerato (Éster de Nilson)

► juntamente com o passo anterior, forma um passo de acoplamento energético cujo delta G º ‘= -12.5 kJ/mol
► ocorre formação de ATP
FOSFORILAÇÃO AO NÍVEL DO SUBSTRATO (fosforilação de ADP ou algum outro nucleosídeo 5′-difosfato acoplado à desidrogenação de substrato orgânico; independente da cadeia respiratória)
[descoberto anos 30, na altura também estavam à procura de composto assim nos mt, mas não há!–> fosforilação oxidativa; driving force: gradiente de protões]

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15
Q
  1. Conversão a 2 fosfoglicerato
A

Fosfoglicerato mutase (x2 tudo)

3-fosfoglicerato -(Mg2+)-> 2
fosfoglicerato

►reacção enzimática depende da existência de 2,3 bisfosfoglicerato em quantidades vestigiais!!
► este metabolito é necessário para o início do ciclo catalítico do enzima

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16
Q
  1. Desidratação a fosfoenolpiruvato
A

Enolase (x2 tudo)

2-fosfoglicerato –> fosfoenolpiruvato (+ H2O)

► remoção reversível de uma molécula de H2O a partir do 2 fosfoglicerato –> leva à redistribuição de energia no susbtrato! Aumenta signific. a energia que resultará da hidrólise do grupo fosforilo!!! (ISTO É: faz um composto com mais energia–> saída da grupo fosfato p/ formação ATP)
PEP teoricamente força motriz p/ gerar 2 mol de ATP! Mas dá só 1, pq rendimento não é ~100% (compromisso termodinâmica)

17
Q
  1. Transferência do grupo fosforilo
A
Piruvato cinase (x2 tudo) 
► o nome do enzima reflecte a reacção inversa

fosfoenolpiruvato + ADP -(Mg2+, K+)-> piruvato + ATP

► enzima requer Mg 2+ e K
► ocorre formação de ATP: FOSFORILAÇÃO AO NÍVEL DO SUBSTRATO
►a reacção é irreversível + ponto importante de regulação da via: deltaG= -23 kJ/mol!!!; reações acopladas

Hidrólise do fosfoenolpiruvato
► o produto piruvato surge primeiro na sua forma enólica
► o piruvato tautomeriza não enzimaticamente na sua forma ceto (pH 7)!

PEP3- + H2O –> piruvato- + Pi2-

18
Q

Sumário Glicólise

A

Glucose + 2 NAD+ + 2 ADP + 2 P i

–> 2 piruvato + 2 NADH + 2 H+ + 2 ATP + 2 H2O

19
Q

Apontamentos históricos

A

►1ª via metabólica a ser elucidada ~ 40 anos !
►um papel central no desenvolvimento da BQ!!! Esp: o estudo dos vários passos envolvidos na via glicolítica em extratos de levedura & músculos; o desenvolvimento de metodologias de purificação e caraterização de enzimas
►descoberta e reconhecimento do papel importante dos coenzimas (NADH), do ATP e de outros metabolitos fosforilados

►principais dificuldades:
-tempos de vida muito curtos
-concentrações reduzidas
dos vários intermediários

20
Q

Glicólise em datas

A

1860 – Louis Pasteur: microrganismos responsáveis pela fermentação

1897 – Eduard Buchner:
(PN Química 1907)
• extratos de leveduras livres de células também capazes de fermentação alcóolica
• golpe importante na teoria do vitalismo!! Não era necessário presença de células vivas para a libertação de CO2

1905- 1910- Harden e Young (PN 1929)
Estudos sistemáticos de produção de etanol a partir de
glucose em anaerobiose (fermentação) com extratos de levedura

►processo estimulado pelo Pi
►acumulava-se “difosfato” de hexose (éster de Harden Young = 1,6 bisfosfato de frutose)–> 1º intermediário da via a ser descoberto!
► após diálise, o extrato de levedura apresentava duas frações; apenas uma sensível ao calor = enzima! (outra: Pi)
► só ocorria fermentação com as duas frações presentes

Glicólise = via Embden
Meyerhof (PN 1922) Parnas & Warburg

  • Caracterização dos enzimas envolvidos no processo (exº aldolase)
  • Identificação de intermediários
  • Elucidação da sequência de reações

1926- Otto Warburg (PN 1931) e W. Christian
• relação entre OxRed e fosforilação
• natureza da fração estável ao calor

1932- C. Neuberg
• purificação e identificação do 6 P frutose

1936- G.T. Cori, C.F. Cori (PN 1947) e S.P. Collowick
• purificação e identificação do 1 P glucose