Frequência Flashcards
Fábio
Para quê estudar comunicação?
- Avaliar fenómenos previsíveis;
- Curiosidade;
- Criar, medir e avaliar;
- Mudar perceções erradas (muitos estudos servem para desmistificar algumas perceções)
5 axiomas (verdades absolutas) da comunicação:
- É impossível não se comunicar (quando as pessoas não se conhecem, tentam estratégias de
aproximação – primeiras perceções) - todo o comportamento é uma forma de comunicação); - Toda a comunicação sugere um conteúdo e uma relação (relação – papéis sociais que o emissor e
recetor partilham - para além dos significados das palavras, existe mais informação); - A natureza de uma relação está dependente da pontuação das sequências comunicacionais entre os
comunicantes (a comunicação é um fluxo que, pode sofrer ruídos, de phubbing, …); - Os seres humanos comunicam de forma digital e analógico (digital – códigos linguísticos –
comunicação é igual ao sistema não binário de um computador; analógico – contacto, gestos, físico,
comportamento – não é a forma como falo, mas todo o meu corpo); - As permutas comunicacionais são simétricas ou complementares (complementar – uns sabem mais
de uma coisa e outros de outra; simetria – estão no mesmo nível de comunicação);
Defina o que é Comunicação
A palavra Comunicação (1988 – Raymond Williams) – “nome da ação”; deriva do latim communicare
– significa “tornar comum a muitos/partilhar”. Uma possível definição: De acordo com Raymond Williams (1988), “já enquanto nome de ação a
palavra comunicação envolve um sentido duplo: ela pode ser (e é) interpretada seja como transmissão,
“um processo de sentido único”, seja como partilha, “um processo comum ou mútuo””. Comunicação é o resultado de um produto, o emissor e o recetor entendem-se mutuamente.
Evolução Histórica da Comunicação
Imprensa – Pintura – Fotografia – Rádio – TV – Internet
Porque é que definir comunicação é difícil?
Abrangência de Comunicar:
* Publicitária;
* Jornalística;
* Visual;
* Cultural;
* Política;
* Económica;
Quais são os três níveis da Comunicação:
- Nível de observação ou abstração (exemplo – só acredita se ver);
- Intencionalidade (consoante a minha intenção, assim também se estrutura a minha interpretação);
- Julgamento – ordem normativa (o nível de comunicação, também depende de uma ordem);
Que tipos de comunicação existem?
- Tempo – direta ou síncrona vs diferida ou assíncrona;
- Número – interpessoal vs comunicação de massas;
- Espaço – presencial ou face to face vs mediatizada ou à distância;
- Código – verbal (signos linguísticos) vs não verbal (gestos, movimentos, tempos, …)
Que tipos de interações existem segundo John Thompson (1998)?
- Face to face (conversa);
- Mediada tecnicamente (telefone);
- Quase mediada tecnicamente (televisão - mass media em geral);
Segundo Denis McQuail (2003) quais são os níveis do processo de comunicação:
- Intrapessoal – reflexão;
- Interpessoal – díade ou casal;
- Intergrupal ou associação – comunidade local;
- Institucional ou organizacional – sistema político ou empresa;
- Comunicação de massas – alargado a toda a sociedade
Que Meios de Comunicação (Fiske 2002) conhece?
- Apresentativos – voz; rosto; corpo (requerem a presença de um comunicador e produzem atos de
comunicação; dimensão mais direta da comunicação); - Representativos – livros; pinturas; fotografias (assentam na ausência de um comunicador, podem
ser utilizados para registar os meios apresentativos e produzem obras de comunicação – é este
tipo de meios que dá origem aos problemas de receção; a nossa interpretação); - Mecânicos – telefone; rádio; televisão (são transmissores dos meios apresentativos e
representativos – os problemas de receção existem com este tipo de meios; difere dos meios
representativos pela vertente tecnológica)
Quantos modelos de comunicação conhece? Defina.
Modelo de Transmissão (olha o ponto de vista mais direto):
* Meios;
* Canais;
* Mensagens;
* Múltiplos recetores
Modelo Ritual/ Expressivo:
* Depende do entendimento, das emoções;
* Celebra algum modo de ver o mundo, consumo, missão ou estrutura;
* Ex: publicidade;
Modelo de Atenção Comunicativa (fixa na memória):
* Pretende ganhar a atenção do cidadão;
* O tempo da audiência é finito;
* Só existe o presente;
* Sem valores ou crenças;
Modelo da Receção:
* O recetor da mensagem é que determina a validade do conteúdo;
* Diferentes pessoas, diferentes codificações da mensagem;
* Risco: uma mensagem pode sugerir uma codificação não desejada;
Caracterize a Tradição Semiótica.
Esta tradição tem como objetivo falar em estímulos, significados. O conceito base é o de signo: um estimulo (ex: tal como vemos fumo, pressentimos a presença de um incêndio);
Triangulo da Semiótica
* Signo/ Objeto (elemento físico ou substantivo);
* Símbolo (Relação arbitraria com o signo);
* Referente (representa a imagem na mente);
Componentes:
* Semântica
o Quadro mental (as nossas ideias) – relação entre signos e referente;
o Ex: um dicionário é uma relação semântica; (subjetividade)
* Sintática
o Relação entre signos e as relações sociais;
o Permite ao ser humano a produção de sentidos infinitos;
o Ex: O cão mordeu a minha mão; (subjetividade)
* Pragmática
o Relação entre signos e a sociedade e cultura;
o Permite significados infinitos;
o Ex: Os países nórdicos apresentam uma qualidade de vida muito alta
Caracterize a Tradição Fenomenológica:
Edmund Husserl (pai desta tradição), define que nem sempre a experiencia tem de ser direta. As pessoas interpretam a realidade através do contacto e da experiência;
O fenómeno é um acontecimento que chega até nós ou uma condição compreendida; Compreensão do mundo pela experiência DIRETA.
Experiência Consciente – “conhecemos o mundo à medida que fazemos parte dele”;
* Experiencia direta – valorizamos aquilo que mais diretamente pode influenciar a nossa
vida quotidiana;
* Experiência através da linguagem – “se sabermos o que é uma chave é porque a
reconhecemos como fechadura, porta, metal, peso”.
Caracterize a Tradição Cibernética.
Esta tradição passa a ideia de uma rede. É baseada na ideia de que a comunicação é um processo complexo e dinâmico, que envolve uma rede de elementos interdependentes. Esses elementos podem ser físicos, biológicos, sociais, comportamentais, etc., e interagem entre si para transmitir um determinado sentido.
Não é possível caracterizar uma série pelo genérico, assim como não é possível conhecer uma família através de uma fotografia.
Caraterize a Tradição Sociopsicológica.
É baseada na ideia de que a comunicação é um processo que envolve indivíduos, os seus pensamentos, sentimentos e comportamentos, enfatizando a importância de compreender os processos psicológicos que influenciam a comunicação.
É possível compreender os processos psicológicos que influenciam o comportamento de um indivíduo, o que pode permitir que se façam previsões sobre o seu comportamento.
Caracterize a Tradição Sociocultural.
É baseada na ideia de que a comunicação é um processo onde os sentidos comunicativos derivam da interação, dos papéis e regras sociais, dos valores culturais.
Mostra a importância de compreender os fatores sociais e culturais que influenciam a comunicação. Existem certos temas que estamos divididos entre a cultura e o sociopsicológico.
Embora os indivíduos processem as informações individualmente, em várias situações, esta tradição estuda a forma como se processa a comunicação em grupos, organizações e culturas.
Caracterize a Tradição Crítica.
Esta tradição é baseada na ideia de que a comunicação é um processo social que pode ser usado para promover a mudança social. Essa tradição enfatiza a importância de compreender o impacto social da comunicação e de usar a comunicação para promover a igualdade e a justiça social.
Exemplo: Causas: Influenciada pelo feminismo e outros movimentos sociais destaca-se pela luta a favor
da igualdade de género. O impacto social – Como é que certas mensagens reforçam ou contrariam a opressão social.
Caracterize a Tradição Retórica.
É baseada na ideia de que a comunicação é um processo de persuasão. Essa tradição enfatiza a importância de compreender os princípios da retórica para ser eficaz na comunicação. Normalmente, confunde se a capacidade oratória, com a formulação de argumentos. “ ajustando as pessoas as ideias e as ideias às pessoas”. A evocação de símbolos comunicativos apoiam a adesão a uma realidade, proposta
conversão, projeto, etc. Existem aspetos chave como, inovação, invenção, estilo, durabilidade na memória que auxiliam a convencer as pessoas a aderir.
Que formas de estudar comunicação existem?
Abordagem científica (tende a ter mais objetividade; feita através de processos standard; Replicar procedimentos; “Descobrir” pessoas;Ex: números)
Abordagem humanista (tende a ter mais subjetividade; feita através da observação /interpretação; Casos individuais; Descoberta do mundo; Ex: grupo de foco, entrevista)
Abordagem social-científica (Utiliza padrões das anteriores; Métodos que visam o consenso; Experimentação; Estudo da mudança comportamental; Mais abrangente)
Evolução dos estudos em comunicação.
Quais são as 4 fases dos estudos da comunicação?
Embora seja estudada desde a Antiguidade clássica, nunca foi objeto sério de estudo como
acontece hoje um pouco por vários cantos do mundo.
1ª fase: Meados do séc. XIX até 1920 (origens do estudo em comunicação).
Estudava-se a a comunicação a nível pessoal, intrapessoal e mediatizada. Era uma visão limitada (estudavam-se pessoas e realidades concretas);
Alguns nomes: Comte; Durkheim (suicídio); Trade; Le Bom; Simmel; Weber;
Marcos importantes:
▪ I Congresso de Sociólogos, em 1910 “sociologia da imprensa”
▪ Denis McQuail refere que os estudos da comunicação têm a mesma idade que os média contemporâneos
▪ Criação do primeiro Instituto para o Estudo dos Jornais em Leipzig, pelo economista político Karl Bücher, em 1916.
Nos anos de 1920, Payne Fund promove um estudo em larga escala, publicada em 1933,
para determinar os efeitos das comunicações de massa, nomeadamente dos cartoons sobre
as crianças.
2ª fase: 1920 até inícios dos anos 1960 (afirmação e consolidação do “paradigma dominante”).
Pode dividir-se em 2 sub-periodos. 1º subperíodo – até aos finais dos anos 1930 (guerra mundial e crise de 1927); “Teoria hipodérmica” – efeitos diretos e ilimitados: conceção do comportamento do
indivíduo em termos de estímulo-resposta e da sociedade como “massa”. Não existe capacidade crítica. A comunicação é um processo de propaganda que visa levar os indivíduos a responderem de forma mais ou menos dócil, uniforme e homogénea aos
estímulos que lhes são fornecidos pelo média. 2º subperíodo – dos anos 1940 até aos inícios dos anos 1960; Influência seletiva dos media – os especialistas definem esta opção de estudo como “o paradigma dominante” em Ciências da Comunicação”; Abandona-se a perspetiva opressiva dos média para um entendimento menos
“contaminado” da influência global dos media.
3ª fase: 1960 até finais dos anos 1980 (contestação e desconstrução do paradigma dominante) - Fim do “paradigma dominante”;
1- a “teoria crítica” da Escola de Frankfurt (capacidade crítica e a subjetividade); 2- a “teoria dos media” da Escola de Toronto (a multiplicação das redes de
influência); 3- os “estudos culturais” da Escola de Birmingham (a introdução da cultura como
elemento fundamental para a comunicação);
4ª fase: 1980 até à atualidade (Pluralismo paradigmático, teórico e metodológico) - fragmentação a partir de várias versões.
(o estudo da comunicação é feito lado a lado de outras áreas (Ciências matemáticas, físicas, sociais, etc), para se compreender melhor o problema de investigação; importância dos algoritmos; contexto político e económico.
▪ A tentativa de conjugação da componente empírica e da componente reflexiva;
▪ Enfase na receção em detrimento da produção;
▪ Insistência na interação em detrimento da transmissão;
Metáforas para falar da complexidade do estudo da comunicação - McQuail:
- Os média como espelhos da realidade – as pessoas
são convidadas a pensar os media como se isso representasse o mundo, sendo que são um espelho imperfeito da realidade. - Os média como interpedes da realidade - cada indivíduo interpreta a realidade à sua maneira (subjetividade).
- Os média como plataformas de contacto - as pessoas pensam que os média são a única forma de obter infromação.
- Os média como promotores da interação - sempre foram uma forma de contacto.
- Os média como indicadores de sinais - são agentes decisivos da mobilização social.
- Os média como promotores de barreiras - a sua complexidade pode impedir a compreensão do público.
- Os média como filtros - apenas escolhem um pouco do se passa no mundo, não mostram coisas boas, apenas más, por exemplo.
- Os média como janelas - a forma como alguém se posiciona condiciona a realidade.
Qual é a centralidade dos média?
Os média tem poder para:
- Configurar a sociedade – Os meios de comunicação social contribuem decisivamente para a
definição de uma sociedade
- Promoção de uma identidade – As instituições mediáticas desempenham um papel fundamental
na produção de uma forma de ver o mundo.
- O sentido e os significados sociais – Os públicos e as comunidades participam na construção do
sentido das mensagens mediáticas;
Como podemos catalogar os média?
- Comunicação de massas (1924)
a. Consolidada nos EUA a partir da rádio e do cinema, sugere a comunicação com um sentido
popular e de entretenimento. Uma visão próxima de ócio e despersonalização. A
comunicação é homogénea. - Comunicação pública (1926-28)
a. Consolidada na europa em universidades alemãs, de 1926, especialmente por Karl Jaegger
e Emil Dovifat, perde influencia depois da queda do fascismo por volta de 1960. O publico
passa a ser visto como um elemento com liberdade e autonomia. - Industrias culturais (1939 - 1944)
a. Em 1944, em Amesterdão, publica-se a Dialética do Iluminismo por dois fundadores da
teoria crítica, Max Horkheimer e Theodor Adorno. Os autores denunciam o “totalitarismo
das massas” e o controlo dos gostos dos cidadãos pelos meios de comunicação; - Comunicação social (1965)
a. O concílio do Vaticano II propõe a regulamentação do termo, como forma de
responsabilizar os meios de comunicação social, substituindo uma perceção negativa do
termo (massa) por outra mais neutra (social) - Comunicação mediática (1997)
a. Em 1997, John Thompson publica “Os media e a modernidade”, que reflete sobre as
transformações tecnológicas dos média:
* Poder económico - recursos materiais e financeiros que gerem os média;
* Poder político – autoridade legal e regulamentar que sinaliza os média;
* Poder coercivo – instituições militares que organizam a sociedade;
* Poder simbólico – associado aos efeitos das mensagens mediáticas;
Géneros Mediáticos:
* Concursos – mais objetividade, mais emocionalidade
* Atualidades – mais objetividade, menos emocionalidade (informações concretas – ipma;
transito)
* Persuasão – menos objetividade, menos emocionalidade (anúncio publicitário – intenção é
vender)
* Dramas – menos objetividade, mais emocionalidade (ficção)
Qual foi a evolução dos média?
1ª fase:
o Os média têm impacto nos indivíduos e na sociedade;
o O efeito de contágio dos média: a televisão afeta o quotidiano independentemente de vermos
ou não;
o Os média são uma extensão da mente humana.
o Ex: Amusing ourselves to deth
- 2ª Fase:
o O público responde às imagens que lhe são incutidas mentalmente;
o Os média moldam a realidade social: criam assuntos – atribuindo imagens (capacidade que os
média têm em colocar um assunto na nossa cabeça);
o Definem um tema, como abordá-lo e quando se deixa de falar sobre o mesmo. - 3ª fase
o As audiências não são uma massa homogénea e desligada do processo crítico de opiniões;
o Os valores de um grupo determinam e orientam processos de ação;
o O significado obtém-se do processo interpretativo;
o A interpretação não depende só dos média, mas também dos indivíduos;
o As mensagens mediáticas são sinais em constante mutação de sentido;
o O significado de um formato mediático nunca é estabelecido individualmente;
o As ações realizam-se sempre em grupo.
Teorias que sustentam esta evolução:
Teoria dos efeitos
Teoria da cultivação – Gerber defendia que a televisão introduz noções decisivas nas audiências, de tal
forma que cria uma “cultura comum”
Teoria da espiral do silêncio – Elisabeth Meuman (1984), defendia que as pessoas tendem a mudar de
ideia, em vez de discutirem. As relações sociais e os média contaminam a opinião pública.
Teoria crítica – o poder e o privilégio que os média desempenham como forma de controlo social e no
agendamento de lutas ideológicas.
Teoria do feminismo – estuda os estereótipos de género definidos pelos média, os efeitos na receção e
as mudanças operadas pelos média (papéis clássicos atribuídos aos homens e às mulheres).