Estudo dirigido 2 Flashcards
Comportamento de apego: conceito, funções, evolução e tipos de apegos?
O apego, segundo John Bowlby é:
→ Vínculo emocional profundo que se forma entre uma criança e seus cuidadores (especialmente nos primeiros anos de vida).
→ Essencial para o desenvolvimento saudável, pois proporciona segurança, proteção e suporte emocional.
Funções do apego
Proteção, segurança, desenvolvimento (aprendizagem) do autocuidado e socialização
Tipos
Seguro
→ Desenvolve-se quando o cuidador responde de forma consistente, sensível e carinhosa às necessidades da criança.
→ A criança sente confiança para explorar o ambiente, sabendo que o cuidador estará disponível em momentos de necessidade.
Inseguro (ambivalente; evitativo; desorganizado)
→ Surge quando as respostas do cuidador são inconsistentes, rejeitadoras ou negligentes.
→ A criança pode apresentar comportamentos como evitar o contato, mostrar dependência excessiva ou confusão no vínculo.
Função adaptativa do apego: garantir a proteção e a sobrevivência da criança, promovendo segurança emocional e base para o desenvolvimento saudável de relacionamentos futuros.
Como é possível compreender o conceito de “Trabalho psíquico do Luto”? E quais são as suas etapas?
Segundo John Bowlby, refere-se ao processo emocional e cognitivo pelo qual uma pessoa passa ao enfrentar a perda de alguém com quem tinha um vínculo significativo.
Luto: resposta natural à separação
Etapas do Trabalho Psíquico do Luto:
Choque e Negação:
A pessoa sente dificuldade em aceitar a perda, frequentemente experimentando sentimentos de incredulidade ou entorpecimento emocional.
Mecanismo de defesa inicial para lidar com a dor intensa e a mudança repentina.
Anseio e Busca:
Desejo intenso de recuperar ou “encontrar” a pessoa perdida, acompanhado por sentimentos de saudade, desespero e inquietação.
Pensamentos obsessivos sobre a pessoa perdida, busca simbólica (em lugares ou objetos associados).
Reação de apego que reflete o instinto de restaurar a proximidade com a figura de apego.
Desorganização e Desespero:
Reconhece a irreversibilidade da perda, enfrentando tristeza profunda, desânimo e sensação de vazio.
É o momento em que a realidade da ausência permanente começa a ser processada, mas sem ainda encontrar sentido ou direção.
Reorganização e Aceitação:
Gradualmente, começa a se adaptar à nova realidade sem o ente querido, encontrando formas de redirecionar a energia emocional e retomar a vida.
Conclusão do luto, com a aceitação emocional da perda e a reconstrução de novos vínculos e objetivos.
Importante: Bowlby enfatiza que essas etapas não são lineares; uma pessoa pode alternar entre elas ou revisitar fases anteriores
Quais são as etapas pelas quais uma criança pode passar diante da separação
Protesto:
A criança demonstra angústia intensa e tenta resistir à separação.
Choro, gritos, busca ativa pelo cuidador, rejeição a outras pessoas que tentam consolá-la.
É uma resposta instintiva para atrair a atenção do cuidador e restaurar a proximidade.
Desespero:
Se a separação continua, a criança entra em um estado de tristeza profunda e apatia.
Retraimento, desânimo, diminuição de interações sociais e perda de interesse no ambiente.
Percebe a ausência do cuidador como prolongada e começa a perder a esperança de reencontro.
Desapego:
Após um longo período de separação, a criança aparenta recuperar-se emocionalmente, mas começa a evitar a figura de apego no reencontro.
Distância emocional, indiferença ou desinteresse em relação ao cuidador.
Como mecanismo de defesa, a criança “desliga” seus sentimentos para evitar o sofrimento de novas separações.
Como John Bowlby concebe a capacidade (ou não) da criança pequena emelaborar o luto frente à morte de uma figura significativa em sua vida?
Acreditava que essa capacidade está diretamente relacionada a(o):
→ Seu estágio de desenvolvimento cognitivo e emocional;
→ Qualidade do vínculo de apego com o cuidador perdido.
compartilhar a dor é estruturante
→ Pode gerar impactos profundos em seu desenvolvimento.
não é total e nem rápida
Defina luto saudável e luto patológico.
Luto é uma resposta natural à perda de uma figura de apego significativa. MAS pode se manifestar de maneira saudável ou patológica:
(depende de como o indivíduo processa e integra essa perda)
Luto Saudável
É o processo natural de adaptação emocional à perda;
Indivíduo consegue: vivenciar emoções dolorosas, aceitar a ausência do ente querido e gradualmente retomar a vida com novos objetivos e vínculos.
Características:
Expressão genuína de emoções, como tristeza, saudade e, às vezes, raiva.
Período de sofrimento emocional, seguido de reorganização e aceitação.
Capacidade de recordar o ente perdido sem sofrimento incapacitante.
Finalidade: Permitir que a pessoa reconstrua sua vida emocional e estabeleça novos vínculos afetivos, mantendo a memória da figura perdida de forma integrada.
Luto Patológico
Reação ao luto de forma desadaptativa
Caracterizada pela: incapacidade de aceitar a perda ou pela presença de sofrimento extremo e prolongado, que compromete a saúde mental e o funcionamento diário.
Características:
Negação ou supressão do luto: A pessoa evita reconhecer ou expressar suas emoções relacionadas à perda.
Prolongamento intenso do sofrimento: Sentimentos de tristeza, culpa ou raiva se tornam crônicos e interferem na rotina e nas relações interpessoais.
Comportamentos desorganizados: Pode incluir comportamento evitativo, incapacidade de estabelecer novos vínculos ou idealização excessiva da figura perdida.
Regressão ou ansiedade extrema: Em crianças, pode incluir comportamentos regressivos ou medo de novas perdas.
Causas: Bowlby associava o luto patológico a fatores como experiências anteriores de perda não resolvidas, vínculos de apego inseguros ou desorganizados, e falta de suporte emocional durante o processo de luto.
!!!! A distinção principal entre o luto saudável e o patológico está na capacidade de adaptação !!!!
Como Winnicott concebe a noção de desenvolvimento emocional do ser humano?
O desenvolvimento emocional → O foco do estudo
o ser humano de Winnicott
Compreende que:
→ O indivíduo depende das: -Tendências inatas (processo de crescimento e integração)
-Cuidados maternos
→ Reconhece a importância do meio sobre o indivíduo neste momento
potencializador ou neutralizador das características do ser
Conforme Winnicott, quais são as etapas do desenvolvimento emocional da criança? O que acontece de relevante em cada uma delas?
Dependência absoluta (0-6 meses)
O bebê é totalmente dependente do cuidador, que precisa atender suas necessidades de forma consistente. Isso dá ao bebê uma sensação de segurança e confiança no mundo.
Fusão-mãe-bebê (sintonia)
Preocupação materna primária
Criança sente-se onipotente: seus desejos são realizados imediatamente
Dependência relativa (6 meses- 2 anos)
A criança começa a perceber a mãe como separada dela, mas ainda precisa de suporte.
Suporta pequenas frustrações (ajudam-no a lidar com a realidade), enquanto o cuidador continua a oferecer apoio.
Objeto transicional: depósito de emoções; entra quando o bb começa a sentir falta da mãe
Mãe-falha
selfie: “o que você é em sua totalidade”
→ verdadeiro selfie: quando nos conectamos com nosso eu.
→ falta- selfie: quando fazemos algo que não nos faz sentirmos autênticos (Patológico! vem de uma mãe não boa).
Independência relativa (2 anos em diante)
A criança desenvolve autonomia e um senso de self separado.
self: o que você é em sua totalidade
Explique os seguintes conceitos da teoria de Winnicott: Mãe suficientemente boa; Holding; Handling; Verdadeiro self x Falso self; Agressividade; Objeto transicional; Brincar e Personalização.
Mãe suficientemente boa:
→ oferece cuidado consistente, mas sem perfeição;
→ aquela que resiste à agressão do bebê.
Holding:
→ o cuidado físico e emocional que dá suporte ao desenvolvimento.
Handling:
→ manuseio do corpo do bebê;
→ permite que ele se “aproprie”/ mapeie seu próprio corpo.
Verdadeiro selfie e falso selfie:
→ verdadeiro selfie: quando nos conectamos com nosso eu
→ falso- selfie: quando fazemos algo que não nos faz sentirmos autênticos (Patológico! vem se uma mãe não boa)
Agressividade:
característica natural e saudável do desenvolvimento emocional humano, estando relacionada à vitalidade e à expressão da energia do indivíduo.
→ Agressividade saudável: é parte do desenvolvimento emocional normal e está ligada à exploração e afirmação do self;
→ Destrutividade: surge em contextos onde as necessidades emocionais não foram atendidas adequadamente, resultando em raiva reprimida ou expressa de maneira desadaptativa.
Objeto transicional:
→ objeto que serve como depósito de emoções para o bebê;
→ entra quando o bebê começa a sentir falta da mãe.
Brincar:
→ é um espaço onde a criança explora sua criatividade, expressa sentimentos e aprende a lidar com a realidade;
→ a forma natural de expressão da criança;
→ “uma substituição da associação livre”.
Personalização:
→ é o processo pelo qual o indivíduo se sente “dentro do próprio corpo” e passa a perceber o corpo como parte integrante do self;
→ etapa essencial no desenvolvimento emocional, pois cria a base para o senso de existência e identidade.
Como Melanie Klein concebe a vida arcaica do ser humano em termos de ego e vida fantasmática?
Ego:
→ já se encontra ativo desde o nascimento, mesmo que muito primitivo;
→ realiza processos de defesa, como a cisão (separação entre bom e mau), para lidar com essas ansiedades.
Vida fantasmática:
→ vida psíquica do bebê: é dominada por fantasias inconscientes;
→ representações mentais ligadas às pulsões;
→ fantasmas: estruturam-se em torno da relação com o seio materno, visto como objeto parcial, carregado de significados positivos (seio bom) e negativos (seio mau).
Como é possível compreender as posições esquizoparanoide e depressiva, conforme Melanie Klein?
Posição esquizoparanoide (1º semestre do primeiro ano- fase oral-)
→ Bebê lida com os objetos de forma fragmentada e cindida, vendo o mundo em termos de bom e mau.
Estado do ego: Clivado (fragmentado)
Natureza da relação: Parcial
Tipo de ansiedade: Paranoide ou persecutória
Defesas: Projeção/ introjeção; Desintegração/ Negação (quando é mais mau)
Fantasmas: Aniquilação
Posição depressiva (2º semestre do primeiro ano -fase oral-)
→ Emerge, quando o bebê começa a integrar os aspectos bons e maus dos objetos e sente culpa por seus impulsos destrutivos.
Estado do ego: Total
Natureza da relação: Total
Tipo de ansiedade: Depressiva
Defesas: Reparação/ diminuição da agressividade/sublimação/ criatividade
Fantasmas: Perda do amor materno
Melanie Klein fala sobre as raízes primitivas do Complexo de Édipo. Levando em consideração as especificidades deste conceito em Klein, em comparação ao de Freud, o que é possível dizer sobre o mesmo.
ÉDIPO FREUDIANO
Datação: fase fálica- 3 a 5/6 anos
Elementos construtivos: caráter genital
Foco da relação:
O pai é o centro da triangulação edípica, representando autoridade e a solução do conflito (castração e identificação).
Desenvolvimento psicossesuxal diferenciado dos meninos e das meninas:
→ Desejo sexual pelo genitor do sexo oposto e rivalidade direta com o do mesmo sexo, associado ao medo da castração (menino) ou inveja do pênis (menina).
Superego:
→ vem depois do complexo de édipo
→ instância crítica que diz o que é certo e errado
→ caso não seguido causa sentimento de culpa
> Freud situa o Édipo na infância tardia, ligado ao desejo sexual e à rivalidade.
ÉDIPO KLEINIANO
Datação: situado na posição depressiva (dos 6 aos 12 meses)
Elementos construtivos: caráter oral
→ fantasia de pais combinados: a mãe tem o pai “dentro de si”
Foco da relação:
A mãe é o objeto principal desde o início. O Édipo está ligado às fantasias sobre o corpo materno (ex.: o pai e outros bebês dentro do corpo da mãe).
Desenvolvimento psicossesuxal diferenciado dos meninos e das meninas:
→ Ansiedades mais primitivas, como inveja do seio, destruição dos objetos bons e maus, e rivalidade imaginária em relação ao que há dentro do corpo da mãe.
Superego primitivo:
→ características selvagens
→ promove o complexo de édipo (surge após o superego, na posição depressiva)
> Klein vê o édipo como parte de fantasias e ansiedades inconscientes que começam nos primeiros meses de vida, enfatizando a relação com a mãe e a integração emocional.
O que é possível compreender sobre o conceito de superego precoce elaborado por Klein.
Estrutura rudimentar que aparece no início da vida, composta por fantasias inconscientes e ansiedades intensas
Ele reflete as projeções e introjeções que o bebê faz, especialmente em relação à mãe, que é vista tanto como objeto bom quanto mau.
O superego, para Klein, é muito mais cruel do que o de Freud
Características do superego precoce:
Severo e persecutório: No início, o superego é dominado por ansiedades esquizoparanoides (medo de perseguição). O bebê projeta seus impulsos agressivos na mãe ou em outros objetos, imaginando-os como ameaçadores.
Influência das fantasias inconscientes: As imagens internalizadas do “seio bom” e do “seio mau” influenciam diretamente o funcionamento do superego.
Ligado à posição depressiva: Com o amadurecimento, o superego passa de persecutório para uma forma mais integrada, à medida que o bebê resolve as ansiedades da posição depressiva e reconhece os objetos como “totais” (bons e maus ao mesmo tempo).