Dispneia Flashcards
Quais os volumes pulmonares?
- Capacidade vital: soma do volume corrente, volume de reserva inspiratório (inspiração máxima) e volume de reserva expiratório (expiração máxima).
- Volume residual: ar que permanece nos pulmões após expiração máxima).
- Capacidade pulmonar total: capacidade vital + volume residual.
Quais os principais parâmetros espirométricos avaliados?
- Capacidade vital forçada (CVF): volume total de ar exalada de forma forçada após umas inspiração forçada.
- Volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1): volume de ar exalado no primeiro segundo de uma expiração forçada.
- Índice de Tiffeneau (VEF1/CVF): avaliação de doenças obstrutivas.
- Fluxo expiratório forçado ou fluxo mesoespiratório (FEF 25-75%): é o parâmetro mais sensível para identificar doenças obstrutivas.

Qual a característica dos distúrbios obstrutivos?
- Redução do fluxos expiratórios e dos volumes dinâmicos (CVF e, principalmente, VEF1).
- Aumento dos volumes estáticos (volume residual e capacidade pulmonar total).
- VEF1/CVF < 70%.
Qual a característica dos distúrbios restritivo?
- Redução de todos os volumes pulmonares (dinâmicos e estáticos).
- VEF1/CVF normal ou aumentada.

Qual exame devemos fazer nos distúrbios obstrutivos?
Prova broncodilatadora.
OBS.: a prova é positiva se aumento do VEF1 > 200ml e > 12% do volume previsto OU > 20% do peak flow.
Quais os resultados da prova broncodilatadora?
- Positiva: asma.
- Negativa: DPOC.
Paciente de 7 anos vem ao PS com queixas de chiado no peito e dificuldade respiratória há 2 anos. Alega que tem vários episódios semelhantes., ficando assintomático entre eles. Qual o diagnóstico?
Asma.
O que é asma?
Inflamação crônica das vias aéreas inferiores, gerando hiperreatividade brônquica e bronquiolar com obstruções reversíveis.
Quais os fatores de risco para asma?
- Atopia.
- Predisposição genética.
- Exposição à alérgenos.
Quais as características da inflamação da asma?
Infiltrado eosinofílico (NÃO CAUSA FIBROSE).
Qual a fisiopatologia da asma?
- Hiperreatividade brônquica → broncoespasmo, edema e secreção de muco transitórias.
- Duas fases: imediata (mediada por mastócitos) e tardia (mediada por eosinófilos).
OBS.: é uma reação de hipersensibilidade tipo I mediada por IgE (resposta Th2).
Quais os tipos de asma?
- Alérgica: é a mais comum de todas, principalmente em crianças.
- Intrínseca (criptogênica): principal asma na fase adulta.
- Induzida por aspirina.
Qual o quadro clínico da asma?
- Tosse (pode ser o único sintoma).
- Sibilância.
- Dispnéia.
- Aperto no peito.
- Sintomas noturnos (quadros moderados e graves).
OBS.: são sintomas episódicos e flutuantes!
OBS.2: os sintomas podem começar minutos após o início ou término de exercírcios físicos (mas não imediatamente).
Qual o diagnóstico de asma?
- Espirometria com padrão obstrutivo e prova broncodilatadora POSITIVA.
- Teste de broncoprovocação com metacolina ou histamina positivo.
- Variabilidade do pico de fluxo expiratório > 20% pós-broncodilatador.
OBS.: nos períodos intercrise, a espirometria pode ser NORMAL (nesses casos, proceder ao teste de broncoprovocação).

Como é o diagnóstico de asma em crianças < 2 anos?
- Critérios maiores: pai ou mãe com asma, dermatite atópica.
- Critérios menores: rinite alérgica, sibilos sem viroses, eosinofilia > 4%.
- Diagnóstico: 2 critérios maiores OU 1 maior + 2 menores.
Quais os parâmetros avaliados no controle da asma?
ABCDE
- Atividades limitadas?
- Broncodilatador de alívio > 2x/semana?
- Calada da noite (sintomas noturnos)?
- Diurnos (sintomas) > 2x/semana?
- Exames alterados (peak flow < 80% do previsto)?
Qual a classificação da asma quanto ao controle?
- Controlada: 0 critérios.
- Parcialmente controlada: 1-2 critérios.
- Não controlada: 3-5 critérios.
Qual a classificação da asma quanto à gravidade dos sintomas?
- Leve: VEF1 > 80% do previsto.
- Moderada: VEF1 entre 60-80% do previsto.
- Grave: VEF1 < 60% do previsto.
Quais as medicações utilizadas no tratamento da asma?
- Corticóide inalatório (budesonida, fluticasona): principal droga!
- Beta-2 agonistas de curta ação (salbutamol, fenoterol): alívio dos sintomas.
- Beta-2 agonista de longa ação (salmeterol, formoterol): manutenção.
- Outras: tiotrópio, antileucotrienos e anti-IgE.
Quais as doses de corticóide inalatório (budesonida) em crianças?
- Baixa: 100-200 mcg/dia.
- Média: 200-400 mcg/dia.
- Alta: > 400 mcg/dia.
OBS.: para a beclometasona, basta dividir a dose por 2.
Como é feito o tratamento da asma?
- 5 steps (etapas).
- Geralmente se inicia no step 2 (ou 3 se muito sintomático → sintomas quase diários e despertares noturnos).
- Quando houver controle por 3 meses, descer um step.
- Quando não houver controle, AVALIAR ADESÃO antes de subir um step (principal causa de falha terapêutica).
- Sempre fazer CONTROLE AMBIENTAL.
OBS.: não se faz fisioterapia respiratoria no inicio do tratamento.
Qual o tratamento de alíva da asma para pacientes > 12 anos?
Beta-2 de longa + corticóide inalatório (BudForm).
Qual o step 1 no tratamento de manutenção da asma em pacientes > 12 anos?
Beta-2 de longa ação de alívio + corticoide inalatório de alívio (BudForm).
Qual o step 2 no tratamento de manutenção da asma em pacientes > 12 anos?
Corticóide inalatório de manutenção em baixas doses OU formoterol de alívio + budesonida de alívio (BudForm).
Qual o step 3 no tratamento de manutenção da asma em pacientes > 12 anos?
Budesonida + formoterol (BudForm) contínuo.
Qual o step 4 no tratamento de manutenção da asma em pacientes > 12 anos?
Corticóide inalatório em doses médias + formoterol em doses médias contínuos.
OBS.: pode-se adicionar antileucotrienos.
Qual o step 5 no tratamento de manutenção da asma em pacientes > 12 anos?
Corticóide inalatório em doses altas + formoterol em doses altas + LAMA OU omalizumabe/corticóide oral OU encaminhar para um especialista.
OBS.: indicações de omalizumabe → asma refratária à corticóides e beta-agonistas em dose alta, e IgE plasmática elevada.
Qual o tratamento de alívio da asma para pacientes < 12 anos?
Beta-2 de curta ação.
Qual o tratamento de manutenção da asma em pacientes
- Step 1: corticóide inalatório em doses baixas (contínuo ou apenas em conjunto com beta-2 de alívio).
- Step 2: corticóide inalatório em baixas doses contínuo.
- Step 3: corticóide inalatório em dose média contínuo OU beta-2 de longa ação + corticóide inalatório em baixas doses.
- Step 4: beta-2 de longa ação + corticóide inalatório em dose média.
- Step 5: adicionar corticóide oral em dose baixa OU omalizumabe.
OBS.: em crianças < 6 anos, evita-se o uso de beta-2 de longa ação.
Quais as características de uma crise asmática?
- Exacerbação aguda dos sintomas.
- Geralmente causada por infecções virais ou alérgenos ambientais.
Qual a classificação da crise asmática?
- Leve/moderada.
- Grave.
- Muito grave.
Quais as características da crise asmática leve/moderada?
- Dispnéia leve ou ausente.
- Consegue completar frases.
- SatO2 > 95%.
- Pick flow >50%.
Quais as características da crise asmática grave?
- Dispnéia moderada.
- Paciente agitado.
- Frases incompletas.
- Alcalose respiratória.
- FC > 120.
- SatO2 < 95%.
- Peak flow entre 50 e 30%.
Quais as características da crise asmática muito grave?
- Cianose.
- Confusão mental.
- Insuficiência respiratória.
- Acidose respiratória (PaCO2 > 35).
- Ausência de sibilos (“torax silencioso”).
- SatO2 < 90%.
- Peak flow < 30%.
OBS.: necessidade atual ou prévia de UTI = mal prognóstico.
Quais exames solicitar na crise asmática?
- Rx de tórax.
- Gasometria arterial.
Qual a conduta na crise asmática?
- Beta-2 de curta ação (fenoterol): a cada 20/20 minutos por 3x (principal droga).
- Se falha, crise grave ou muito grave: corticóide oral (principal) e ipratróprio na 1ª hora.
- O2 1-3l/min: se SatO2 < 92% em adultos e < 95% em crianças.
OBS.: reavaliar a cada 20 minutos. Se falha, repetir esquema.
Quais as medidas tomadas na crise de asma grave e refratária as medidas iniciais?
- Sulfato de magnésio (primeira droga).
- Metilxantinas/aminofilila (mais efeitos colaterais).
- Adrenalina SC (se refratário a tudo).
- Intubação: se crise muito grave → primeira medida.
OBS.: em crianças, a maioria das crises raramente evoluem com insuficiencia respiratória e risco de ventilação mecânica.
Qual a dose das medicação da crise asmática no adulto?
- Berotec (fenoterol): 2,5mg (10 gotas).
- Atrovent (ipratrópio): 250mg (20 gotas).
- Presinisona: 60mg.
- Hidrocortisona: 200mg.
Qual a dose das medicação da crise asmática na criança?
- Berotec: 0,1mg/kg (mínimo 5 gotas).
- Atrovent: 125-250 microgramas (o dobro de gotas do berotec).
- Predinisona: 1mg/kg.
Qual a receita da crise asmática após alta?
Predinisona por 5-7 dias.
Paciente de 68 anos vem ao PS com queixas de dispnéia a 6 anos. Já foi internado 3 vezes por problemas respiratórios. Fumou durants 50 anos. Qual o diagnóstico?
Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
O que é DPOC?
Obstrução crônica dos bronquíolos, com destruição progressiva e fibrose do parênquima pulmonar de forma irreversível.
Quais os principais fatores de risco para a DPOC?
- Tabagismo (principal).
- Deficiência de alfa-1-antitripsina (pacientes jovens).
Quais as características da deficiência de alfa-1-antitripsina?
- Doença genética que promove a destruição pulmonar pela ação de proteases.
- Causa enfisema, DPOC e hepatopatia em pacientes jovens (< 45 anos).
- Raio x: hiperinsuflação pulmonar com predomínio do enfisema nas bases.

Qual a fisiopatologia da DPOC?
- Inflamação crônica da parede alveolar e brônquica.
- Infiltrado de mononucleares e polimorfonucleares.
- Redução do calibre dos brônquios.
- Destruição dos septos alveolares.
- Hipoventilação e retenção de CO2.
OBS.: devido a retenção de CO2, ocorre alterações no drive respiratório, que passa a responder á hipoxemia!
Quais as alterações gasométricas de um paciente com DPOC?
- Baixa PaO2 e SatO2.
- Alta PaCO2 e BE.
- pH normal ou LEVEMENTE reduzido.
Qual a clínica da DPOC?
- Tosse produtiva crônica.
- Dispnéia aos esforços.
- Tórax em tonel.
- Murmúrio vesicular diminuido.
- Cianose ou eritrocianose.
- Hipofonese do componente P2 de B2.
OBS.: a DPOC NÃO causa baqueteamento digital!
Quais os fenótipos típicos da DPOC?
- Pink puffer: paciente magro, com tórax em tonel e eritrocianose (sem cor pulmonale).
- Blue bloater: paciente obeso, com tosse produtiva, edema e cianose (cor pulmonale).

Como é o diagnóstico da DPOC?
Espirometria com prova broncodilatadora NEGATIVA.
OBS.: o primeiro parâmetro a se alterar é a FEF 25-75%.

Qual o estadiamento da DPOC?
- GOLD I: VEF1 > 80%.
- GOLD II: VEF1 50-79%
- GOLD III: VEF1 30-49%.
- GOLD IV: VEF1 < 30%.
OBS.: sempre pós-broncodilatador!
OBS.2.: cuidado! GOLD 1, 2, 3… é DIFERENTE de GOLD A, B, C…
Quais as alterações radiográficas da DPOC?
HIPERINSUFLAÇÃO!
- Aumento do espaço intercostal.
- Retifição da cúpula diagragmática.
- Hipotransparência pulmonar.

Qual a classificação do GOLD para pacientes com DPOC?
- 0 ou 1 exacerbação/ano: grupo A (poucos sintomas → mMRC 0-1 OU CAT < 10) e grupo B (muitos sintomas → mMRC 2 ou mais OU CAT 10 ou mais).
- 2 ou mais exacerbações/ano OU 1 internação: grupo C (poucos sintomas) e grupo D (muitos sintomas).
OBS.: mMRC > 2 = anda mais devagar que pessoas da mesma idade por falta de ar, tem que parar por falta de ar ao andar no mesmo passo ou limitação das atividades diárias.
Qual o tratamento da DPOC classificação GOLD A?
- LABA (beta agonista de ação longa).
- Opção: SABA (beta agonista de ação curta).
Qual o tratamento da DPOC classificação GOLD B?
- LABA.
- Opção: LAMA (antimuscarínico de ação longa → umeclidinio).
Qual o tratamento da DPOC classificação GOLD C?
- LAMA.
- Opções: LABA
Qual o tratamento da DPOC classificação GOLD D?
- LABA + LAMA.
Qual a conduta no DPOC com exacerbações frequentes, mesmo com terapia otimizada?
AVALIAR EOSINOFILIA!
- Eosinófilos < 100: adicionar azitromicina 3x/semana por 1 ano.
- Eosinófilos > 300: adicionar corticoide inalatorio (e não oral).
Quais a medidas recomendadas para todos os pacientes com DPOC?
- Cessar tabagismo.
- Vacinação antipneumocóccica e anti-influenza (e não H. influenzae).
- Reabilitação pulmonar.
- Avaliar uso de O2.
Quais as indicações do uso de O2 1-3L/min na DPOC (meta da SatO2 de 88-92%)?
- PaO2 < 55 ou SatO2 < 88% em repouso.
- PaO2 < 60 ou SatO2 55%/cor pulmonale/hipertensão pulmonar.
OBS.: não fazer a avaliação se o paciente estiver agudamente descompensado (sempre vai dar alterado…).
Quais os tratamentos cirúrgicos da DPOC?
- Bulectomia.
- Cirurgia pneumorredutora.
- Transplante de pulmão.
OBS.: cessar tabagismo, suplementar O2 e transplante de pulmão são as únicas medidas capazes de reduzir a mortalidade na DPOC. As medicações só aliviam os sintomas e melhoram a qualidade de vida!
O que é uma exacerbação da DPOC?
Piora aguda ou sustentada da doença, com dispnéia e alterações do escarro (cor ou volume).
Quais os principais agentes que causam exacerbação da DPOC?
- Haemophilus influenzae não-tipável (50% dos casos).
- Streptococcus pneumoniae.
- Moraxella catarrhalis.
Como é a gasometria de um paciente com exacerbação da DPOC?
- Aumento da PaCO2.
- Queda acentuada do pH (acidose mista).
Qual o tratamento da exacerbação da DPOC?
ABCD
- Antibiótico por 5-7 dias (leve = amoxacilina + clavulonato, grave = levofloxacino).
- Broncodilatadores de curta ação.
- Corticóide sistêmico.
- Dar O2 em baixo fluxo (1-3L/min) até SatO2 entre 88-92%.
OBS.: evitar oferecer O2 em altos fluxos (ex.: bolsa-reservatório, IOT).
Quais medidas não fazer ventilação do paciente com DPOC?
- Aumentar o fluxo de O2: rebaixamento do drive respiratório e aumento da PaCO2 (carbonarcose).
- Corrigir a PaCO2 para níveis normais: causa alcalose metabólica devido à adaptação prévia do organismo a níveis elevados de CO2.
Paciente de 13 anos vem ao PS com queixas de tosse crônica, múltiplas infecções respiratórias prévias e pólipos nasais. Não fez teste do pezinho. Qual o diagnóstico?
Fibrose cística (mucoviscidose).
O que é fibrose cística?
Doença autossômica ressessiva que prejudica os canais de cloreto, fazendo acumular cloro, sódio e água nas células.
Qual a consequência imediata e a longo praso da fibrose cística?
Espessamento das secreções e fibrose das mucosas.
Qual o quadro clínico da fibrose cística?
- Tosse crônica e hemoptise.
- Bronquiectasias.
- Infecções respiratórias de repetição.
- Fibrose pulmonar (hiperinsuflação).
- Sinusopatia crônica com pólipos nasais (muito sugestivo).
- Insuficiência pancreática (má absorção → diarréia com esteatorréia).
- Íleo meconial ao nascer.
- Baixo peso.
OBS.: os principais agentes da fibrose cística são Pseudomonas aeruginosa (principal), Staphylococcus aureus, Haemophilus influenzae, Stenotrophomonas maltophilia e Burkholderia cepacia.
Como é o diagnóstico da fibrose cística?
- Teste do pezinho (IRT → triagem): se alterado, repetir. Se persistir alteração, teste do suor.
- Teste do suor: cloro > 60-70 mEq/L (confirma).
OBS.: o IRT só é confiável até 30 dias de vida. Após esse período, diagnosticar apenas pelo teste do suor.
Qual o tratamento da fibrose cística?
- Fisioterapia respiratória.
- Antibióticos (exacerbações).
- Moduladores de CFTR (ivacaftor, lumacaftor e tezacaftor).
- Repor enzimas pancreáticas.
Qual grupo de doenças cursa com padrão restritivo na espirometria?
Pneumopatias intersticiais difusas.
Qual a fisiopatologia das pneumopatias intersticiais difusas?
Alveolite (padrão em vidro fosco) que evolui para fibrose do parênquima (faveolamento pulmonar) e reduz a complacência pulmonar.

Qual é o exame mais sensível das pneumopatias intersticiais difusas?
Teste de difusão com monóxido de carbono.
Quais as principais pneumopatias intersticiais difusas?
- Fibrose pulmonar idiopática.
- Pneumonite por hipersensibilidade.
- Pneumoconioses (silicose, asbestose e beriliose).
- Sarcoidose.
OBS.: medicamentos como nitrofurantoína, amiodarona e bleomicina podem causar pneumopatias intersticiais difusas!
Paciente de 70 anos vem ao PS com queixas de tosse seca e dispnéia progressiva. Fumou durante 50 anos. Ao exame: baqueteamento digital e estertores em velcro em bases pulmonares. Qual o diagnóstico?
Fibrose pulmonar idiopática.
Quais as características da fibrose pulmonar idiopática?
- Acomete indivíduos mais velhos.
- O tabagismo é fator se risco leve.
Qual o quadro clínico da fibrose pulmonar idiopática?
- Tosse.
- Dispnéia aos esforços.
- Baquetemaneto digital.
- Estertores em velcro na metade inferior dos hemotóraces.
Como é o diagnóstico de fibrose pulmonar idiopática?
- Quadro clínico + radiológico (nódulos centrolobulares).
- Lavado pulmonar com linfócitos.
- Padrão restritivo na espirometria.
- Biópsia pulmonar (granuloma não caseoso).
Quais as características da pneumonite por hipersensibilidade?
- Alveolite granulomatosa por exposição à agentes orgânicos e inorgânicos (hipersensibilidade tipo III e IV).
- O tabagismo protege!
- Doença de evolução incidiosa.
- Causa febre, dispnéia e tosse com exacerbações.
- Diagnosticado por biópsia (nódulos granulomatosos).
O que são pneumoconioses?
Doenças causadas por inalação de poeira ou partículas puras < 10mcm no ambiente de trabalho.
Quais os principais exames na avaliação das pneumoconioses?
- História ocupacional (mais importante).
- Radiografia de tórax.
- Espirometria (acompanhamento).
OBS.: as pneumoconioses são irreversíveis.
Qual o tratamento das pneumoconioses?
Afastar da fonte de exposição (são irreversíveis).
Paciente vem ao PS com queixas de dispnéia aos esforços há 2 anos. Alega ter trabalhado com jateamento de areia por 12 anos. Radiografia de tórax com infiltrado nos 2/3 superiores do pulmão. Qual o diagnóstico?
Silicose.
Quais as características da silicose?
- É a pneumoconiose mais comum.
- Ocorre após 10 anos de exposição à sílica, causando fibrose pulmonar.
- As principais atividades de risco são o jateamento de areia, extração mineral, trabalho com cerâmica ou vidro e escavações.
Quais os achados radiográficos da silicose?
Infiltrada micronodular que evolui para fibrose nos 2/3 superiores do pulmão.
OBS.: dificilmente há calcificação nodular, mas se houver, o padrão é em “casca de ovo”.

Qual a principal complicação da silicose?
Tuberculose (30x mais chances).
Paciente de 40 anos vem ao PS com queixas de tosse e dispnéia aos esforços há 2 anos. Alega ter trabalhado com amianto por 20 anos. Radiografia com infiltrado em bases pulmonares e espessamento pleural. Qual o diagnóstico?
Asbestose.
Quais as características da asbestose?
- Relacionado à inalação por mais de 15 anos de asbesto.
- As principais atividades de risco são fabricação de cimento-amianto, papelões, caixas d’água e telhas.
Quais os achados radiográficos da asbestose?
- Infiltrado pulmonar no 1/3 inferior do pulmão.
- Placas e espessamento pleurais.
- Derrame pleural (exudato hemorrágico com células mesoteliais).

Qual a principal complicação da asbestose?
Mesotelioma.
OBS.: também aumento o risco de carcinoma broncogênico.
O que é o mesotelioma?
Tumor das cavidades pleurais.
Quais as características do mesotelioma?
- Acomete indivíduos mais velhos.
- O principal fator de risco é a exposição ao asbesto (70%) e a radiação ionizante.
- A maioria é do tipo epitelióide.
Qual o quadro clínico do mesotelioma?
- Dor torácica não pleurítica.
- Dispnéia.
- Tosse seca.
- Emagrecimento.
- Sintomas compressivos (disfagia, rouquidão, síndrome de Pancoast).
Qual o aspecto radiográfico do mesotelioma?
- Massas e espessamentos pleurais difusos.
- Derrame pleural volumoso.
- Sinal da silhueta (apagamento das bordas do tumor).

Qual o diagnóstico de mesotelioma?
Biópsia pleural.
Qual o tratamento do mesotelioma ?
- Doença ressecável (20%): cirurgia (pneumectomia extrapleural ou pleurectomia) + QT e RT adjuvamtes.
- Doença irressecável: toracocenteses de alívio.
OBS.: doença de mal prognóstico.
Paciente vem ao PS com queixas de tosse e dispnéia há 6 meses. Radiografia com adenopatia hilar bilateral com infiltrado intersticial. Biópsia revelou granulomas não caseosos. Qual o diagnóstico?
Sarcoidose.
O que é sarcoidose?
Doença sistêmica caracterizada por formação de granulomas não caseosos em diversos órgãos.
Quais as características da sarcoidose?
- Ocorre em adultos entre 20-40 anos de idade.
- Menos frequente em tabagistas.
- O pulmão é o órgão mais acometido (seguido por pele e olhos).
- Decorre de uma resposta exacerbada a partículas orgânicas e inorgânicas.
Qual o quadro clínico da sarcoidose?
- Pneumopatia intersticial incidiosa.
- Tosse seca.
- Dispnéia.
- Neuropatia
- Lindadenopatia (principalmente intratorácica).
- Eritema nodoso.
- Lúpus pérnico (lesões endurecidas e azuladas em nariz, bochechas, lábios e orelhas).
- Uveíte anterior.
- Poliartralgia.
Quais os achados radiográficos da sarcoidose?
- Adenopatia perihilar bilateral e simétrica (principal).
- Infiltrado reticulonodular em lobos superiores.
- Derrame pleural.
OBS.: apesar de muito sugestivo, a adenomegalia perihilar bilateral não é patognomônica → linfomas, tuberculose e paracoccidiodomicose podem apresentar!

Quais os achados laboratoriais da sarcoidose?
- Aumento de enzima conversora de angiotensina (ECA).
- Linfopenia (relação CD4/CD8 > 4).
- Hiperglobulinemia.
Como é feito o diagnóstico de sarcoidose?
Biópsia transbrônquica revelando granulomas não caseosos.
Qual o tratamento da sarcoidose?
Corticóides por 9 a 12 meses (pode reverter os granulomas).
Paciente internada por cirurgia oncológica apresente quadro de dispnéia súbita. Ao exame: ausculta pulmonar sem alterações, ausência de febre e presença de assimetria de membros inferiores. Qual o diagnóstico?
Tromboembolismo pulmonar (TEP).
O que é TEP?
Obstrução em variados graus da circulação pulmonar por êmbolos provenientes da circulação venosa dos membros inferiores.
Quais os fatores de risco para TEP?
- Trombose venosa profunda na porção PROXIMAL dos membros inferiores (principal).
- Tabagismo.
- Imobilização prolongada.
- Cirurgias.
- Traumas.
- Estados de hipercoagulobilidade (SAF, neoplasias, uso de ACO, etc).
Quais cirurgias precisam de profilaxia com heparina por 4 a 6 semanas para evitar TEP?
- Artroplastia total do joelho.
- Artroplastia do quadril.
- Grandes cirurgias oncológicas abdominais.
Quais as consequências da TEP?
- Alteração da ventilação/perfusão.
- Atelectasia dos alvéolos.
- Hipoxemia.
- Alcalose respiratória (taquipnéia).
OBS.: instabilidade hemodinâmica, choque obstrutivo e cor pulmonale indicam TEP maciço!
Qual o quadro clínico da TEP?
- Dispnéia súbita (sintomas mais frequente).
- Taquipnéia (sinal mais frequente → estimulação dos receptores J).
- Dor pleurítica.
- Estertores.
- Taquicardia.
- Dor e edema em membros inferiores.
OBS.: dispnéia súbita em paciente com fatores de risco = considerar TEP!
Qual a classifiação de Wells para suspeita clínica de TEP?
EMBOLIA!
- Episódio prévio de TEP/TVP (1,5).
- Malignidade (1).
- Batata inchada/TVP (3).
- Outro diagnóstico ser improvável (3).
- Lung bleeding/hemoptise (1).
- Imobilidade ou cirurgia < 4 semanas (1,5).
- Alta FC/taquicardia (1,5).
OBS.: até 4 = baixa suspeita. > 4 = alta suspeita.
Quais os exames que auxiliam, mas não fecham diagnóstico de TEP?
- ECG.
- Rx de tórax.
- Ecocardiograma.
- BNP (diferencia dispnéia pulmonar de cardíaca).
- D-Dímero (quanto maior, maior o trombo).
- Troponina.
Quais as alterações do ECG no TEP?
- Taquicardia sinusal (mais comum).
- Padrão S1Q3T3 (mais específico): onda S em D1, onda Q e inversão de T em D3.

Quais as alterações radiográficas do TEP?
- Sinal de Westmark: oligoemia localizada (área mais radiotransparente).
- Corcova de Hamptom: hipotransparêcia triangular ou em forma de cunha sobre o diafragma.

Quais os achados ecocardiográficos da TEP?
- Sobrecarga ventricular direita aguda.
- Sinal de McConnel: hipocinesia de parede livre e da base do VD, poupando o ápice.
Quais as características do D-dímero?
- Produto de degradação da fibrina.
- Não deve ser solicitado para pacientes internados e com alta suspeição de TEP.
- Apresenta como ponto de corte no TEP de 500, para ambos os sexos.
- Não da diagnóstico de TEP!
OBS.: em pacientes acima de 50 anos, o ponto de corte do D-dímero é 10x a idade (ex.: 70 anos → D-dímero de 700).
Quais os exames de imagem que confirmam TEP?
- Angio-TC (primeira escolha) → bom para êmbolos lobares e segmentares, mas não para subsegmentares.
- Doppler de membros inferiores.
- Cintilografia ventilação/perfusão pulmonar (se impossibilidade do uso do contraste da angio-TC).
- Arteriografia pulmonar (padrão-ouro).
OBS.: em gestantes, só pode fazer o doppler!

Qual a conduta frente uma suspeita de TEP?
- Escore de Wells até 4: solicitar D-dímero. Se < 500, descartar TEP. Se > 500, solicitar exames de imagem.
- Escore de Wells > 4: solicitar exame de imagem (angio-TC → outro exame se impossibilidade).
OBS.: em pacientes com baixa probabilidade de TEP, antes do D-dímero, pode-se fazer a escata PERC. Se TODOS os 6 critérios forem preenchidos, descarta-se TEP. Se ao menos 1 critério não for preenchido, continuar investigação.
Quais os fatores prognósticos do TEP?
- Disfunção de VD.
- Altos níveis de BNP.
- Troponinas elevadas.
Qual o tratamento da TEP?
- Anticoagulação aguda (5 a 10 dias): HBPM (escolha) ou HNF.
- Anticoagulação crônica (3 a 6 meses): rivaroxabana ou dabigatrana (escolhas), warfarin (se ClCr < 30) ou HBPM (gestantes ou câncer).
OBS.: se alta suspeição de TEP, iniciar a anticoagulação antes mesmo da confirmação por exames de imagem!
Quando optar pela HNF no tratamento da TEP?
SHORT!
- Sangramento recente (ou risco de sangramento).
- Hipotensão (instabilidade hemodinâmica).
- Obesos mórbidos.
- Renal crônica (ClCr < 30)
- Trombólise (candidato).
Qual a dose terapêutica das heparinas no tratamento do TEP?
- HBPM: 1mg/kg/dia (não precisa dosar PTTa).
- HNF: 80u/kg em ataque + 18u/kg/h em manutenção, ajustando até manter PTTa de 1,5-2,5.
OBS.: se usar warfarina, só suspender a heparina após 48h de INR em faixa terapêutica (2-3).
Quais as indicações de trombólise ou tombectomia no TEP?
- Instabilidade hemodinâmica (PAS < 90, necessidade de vasopressores ou sinais de hipoperfusão).
- Choque obstrutivo (disfunção aguda de VD no ecocardiograma).
- Cintilografia com > 50% da perfusão pulmonar comprometida.
- Parada cardiorespiratória devido ao TEP.
OBS.: se contraindicação a trombólise (ex.: sangramento ativo), falha da anticoagulação ou TEP recorrente → filtro de veia cava!
Até quando pode ser feita a trombólise no TEP?
Até 14 dias!
Paciente vítima de atropelamento com múltiplas fraturas apresenta dois dias após o acidente alteração do nível de consciência, petéquias no tórax e dispnéia súbita. Qual o diagnóstico?
Embolia gordurosa.
O que é embolia gordurosa?
Obstrução de pequenos vasos por glóbulos de gordura.
Quais os fatores de risco para embolia gordurosa?
- Fratura de pelve e ossos longos (principal).
- Pancreatite aguda.
- Lipoaspiração.
Qual o quadro clínico da embolia gordurosa?
- Dispnéia.
- Tosse.
- Deterioração do estado neurológico.
- Petéquias em região anterior do tórax, pescoço e subconjuntiva.
- Hipoxemia.
OBS.: ocorre após 12-72h após o evento desencadeante.
Como previnir embolia gordurosa?
Imobilização e correção precoce de fraturas ósseas.
Qual o tratamento da embolia gordurosa?
Suporte.
Quais as características do pneumotórax espontâneo primário?
- Decorre da ruptura de bolhas nos ápices pulmonares, próximos à pleura visceral em pacientes SEM pneumopatia ou história de trauma, de forma súbita.
- Mais comum em tabagistas, longilíneos magros, pilotos de avião e mergulhadores.
Qual o tratamento do pneumotórax espontâneo primário?
- Expectante (se assintomático e < 20% do volune torácico).
- Drenagem em selo d’água.
- Toracostomia ou toracotomia (se falha ou recorrência).
OBS: pilotos de avião e mergulhadores têm indicação de cirurgia mesmo se assintomáticos!
Quais as características da estenose de laringe?
- Ocorre após intubação orotraqueal prolongada.
- Causa cornagem, queda da saturação, esforço respiratório e taquipnéia alguns dias após intubação.
- Tratar com nebulização com adrenalina, corticóides e VNI (via aérea definitiva se falha).