Criminologia Flashcards
O que é a chamada “triade” das ciências criminais?
O que é a criminologia?
Qual a função da criminologia?
A Criminologia integra a chamada tríade (pilares) das Ciências Criminais, juntamente com o Direito Penal e a Política Criminal.
Criminologia: Ciência empírica que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o comportamento da sociedade.
A Criminologia visa estabelecer um diagnóstico do fenômeno criminoso, explicando e prevenindo o crime, intervindo na pessoa do infrator, estudando modelos de resposta ao delito. É mais abrangente que o Direito Penal.
Quais são os OBJETOS de estudo do direito penal, da política criminal e da criminologia?
Direito Penal: Ocupa-se do crime enquanto norma.
Criminologia: Ocupa-se do crime enquanto fato.
Política criminal: Ocupa-se do crime enquanto valor.
Exemplo de direito penal: define como crime lesão no ambiente doméstico e familiar.
Exemplo de criminologia: quais fatores contribuem para a violência doméstica e familiar.
Exemplo de política criminal: estuda como diminuir a violência doméstica e familiar
Qual o marco cientifico do estudo da criminologia?
De acordo a maioria da doutrina, a obra “O Homem Delinquente” (1876), de Cesare Lombroso (primeiro estudioso da escola positivista), inaugura o saber científico criminal.
Há, ainda, doutrina minoritária defendendo que a obra “Dos Delitos e das Penas (1764), escrita por Cesare Beccaria (primeiro estudioso da escola clássica), é considerada o marco inicial.
Não prevalece porque a escola clássica possuía a metodologia do Direito Penal (lógica, normativa, ciência do dever-ser).
Qual o conceito de criminologia?
ciência empírica e interdisciplinar (método), que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social (objeto) do comportamento delitivo, e que trata de subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do crime – contemplando este como problema individual e como problema social -, assim como sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem delinquente e nos diversos modelos ou sistemas de resposta ao delito (funções) interdisciplinar (método), que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima
Quais são os métodos da criminologia?
EMPÍRICO
Trata-se da observação/análise da realidade. O criminologo aproxima-se do objeto de estudo. Por exemplo, estudo de crimes de colarinho branco os criminólogos irão analisar a realidade em repartições públicas, em grandes empresas.
Obs.: Na maioria das vezes, o método empírico possui um caráter experimental. Contudo, Molina salienta que a depender dos objetos estudados a experimentação torna-se inviável ou, até mesmo, ilícita. Por exemplo, o criminólogo não irá experimentar drogas para saber se o seu uso faz com que se cometa mais crimes.
INDUTIVO
Parte do acontecimento particular em direção ao acontecimento geral. Inicialmente, a criminologia vai na base, para depois traçar os aspectos gerais.
Lembrando que o Direito Penal parte da análise geral para depois ir ao particular, utiliza o método dedutivo.
INTERDISCIPLINAR
Vários ramos do conhecimento (biologia, antropologia, sociologia) contribuem para a formação de um novo conhecimento, sempre harmônicos entre si.
Nestor Sampaio Penteado Filho: “A criminologia se utiliza dos métodos biológico e sociológico. Como ciência empírica e experimental que é, a criminologia utiliza-se da metodologia experimental, naturalística e indutiva para estudar o delinquente, não sendo suficiente, no entanto, para delimitar as causas da criminalidade. Por consequência disso, busca auxílio dos métodos estatísticos, históricos e sociológicos, além do biológico
O que são as técnicas de investigação da criminologia?
Explique cada uma:
A seguir apresentamos a divisão feita por Antônio García-Pablos de Molina (autor mencionado em diversos editais).
Obs.: São técnicas de investigação da Criminologia, meios que podem ser utilizados para compreender o fenômeno criminoso, estudar o crime em si. Não se confundem com as técnicas de investigação para determinar a autoria e a materialidade dos delitos.
QUANTITATIVAS
Explicam a etiologia, a gênese e o desenvolvimento de determinado cenário criminoso. Feita através de estatística (método por excelência), questionários, métodos de medição. Por si só, são insuficientes porque não conseguem aprofundar na análise do fenômeno.
QUALITATIVAS
Permitem compreender as chaves profundas de um problema. Como exemplos tem-se a observação participante e a entrevista.
TRANSVERSAIS
Tomam uma única medição da variável ou do fenômeno examinado (sim ou não). Estudos estatísticos.
LONGITUDINAIS
Tomam várias medições, em diferentes momentos temporais. Estudo de seguimento (follow up), as biografias criminais, os case studies modernos estudos sobre carreiras criminais.
Qual o conceito de delito na criminologia?
Inicialmente, destaca-se que o conceito de delito para a criminologia é diverso do conceito de delito para o Direito Penal.
De acordo com a criminologia, o delito é a conduta de incidência massiva na sociedade, capaz de causar dor, aflição e angústia, persistente no espaço e no tempo.
Qual o conceito de delinquente para a escola clássica?
Representa a fase pré-científica da criminologia, utiliza os métodos do Direito Penal. O grande expoente é Beccaria, com a obra “Dos Delitos e das Penas”.
Entende que criminoso é o pecador que optou pelo mal. Defendia o livre-arbítrio, a vontade racional do homem de seguir ou não a lei, quando decide seguir o caminho do crime quebra o contrato social.
A pena só existe para reparar o mal causado pelo criminoso, por isso é por tempo determinado.
Qual o conceito de delinquente para a escola positivista?
Para os positivistas, qual deve ser a pena aplicada ao delinquente?
Representa a fase científica da criminologia, inaugurada com a obra “O Homem Delinquente”, de Lombroso.
Segundo Lombroso, delinquente é um animal selvagem, um ser atávico, com pré-disposição para o crime.
Para Ferri e Garofalo, delinquente é o indivíduo prisioneiro de sua própria patologia (biológico) ou de processos causais alheios (social).
Qual o conceito de delinquente para a escola correlacionista?
Qual o conceito de delinquente para o marxismo?
Não teve grande influência no Brasil, mas pode ser observada no tratamento do adolescente que pratica um ato infracional.
Afirma que o criminoso é um ser débil, inferior. Por isso, o Estado deve orientá-lo e protege-lo.
Segundo Marx, o criminoso ou culpável é a própria sociedade, em razão da existência de certas estruturas econômicas.
Quais são as fases históricas do estudo da vítima?
A vítima, historicamente, observou três fases distintas. Vejamos:
• Protagonismo (Idade de Ouro)
Período: até o fim da Alta Idade Média.
Aqui, prevalecia a vingança privada, a autotutela, a Lei do Talião. Assim, caso a vítima tivesse um filho morto poderia matar o filho do criminoso; se tivesse um braço arrancado poderia arrancar o braço do criminoso.
• Neutralização (Esquecimento)
Período: até o Código Penal Frances.
O Estado é responsável pelo conflito social, a pena é uma garantia coletiva, pouco importa quem é a vítima.
Institutos importantes, a exemplo da legítima defesa, foram esquecidos.
• Redescobrimento (Revalorização)
Período: pós 2ª GM até hoje.
A vítima passa a ser considerada importante, surge a vitimologia.
A vitimologia é considerada uma ciência autônoma?
A Vitimologia, em si, é uma ciência que estuda o papel da vítima no crime, trazendo uma posição de equilíbrio, colocando a vítima no local central do crime e não o réu, obviamente respeitando todos os seus direitos e garantias.
Há autores que tratam a Vitimologia como ciência autônoma. Porém, a maioria doutrinária entende que é integrante da Criminologia.
(MPE-SC – 2016) Enquanto a criminologia pode ser identificada como a ciência que se dedica ao
estudo do crime, do criminoso e dos fatores da criminalidade, a vitimologia tem por objeto o estudo
da vítima e de suas peculiaridades, sendo considerada por alguns autores como ciência autônoma.
Quais são as espécies de vitimização?
Explique cada uma:
• Primária
Efeitos da conduta criminosa em si, podem ser materiais ou psíquicos. Por exemplo, o trauma que um estupro causa a pessoa que sofreu a violência.
Decorre do delito.
• Secundária:
É o sofrimento causado à vítima durante o inquérito e o processo criminal.
Por exemplo, no caso de estupro é o interrogatório que a vítima é submetida, tanto no
inquérito quanto na fase judicial, fazendo com que reviva todo o momento traumático.
Decorre do processo.
• Terciária:
É o sofrimento causado à vítima em razão da ausência de receptividade social e omissão
estatal.
Por exemplo, a sociedade afirma que o estupro ocorreu porque a vítima estava com uma
roupa curta.
Decorre da sociedade.
Quais são as espécies de vítima, classificadas de acordo com a gradação de sua culpa?
Segundo Mendensohn, seguindo uma escala gradativa de culpa, pode-se a vítima pode ser
classificada em:
• Vítima completamente inocente (vítima ideal)
É a vítima que não contribui para que a ação ocorra. Cita-se, como exemplo, a vítima que
tem sua bolsa arrancada enquanto caminha.
• Vítima de culpabilidade menor (vítima por ignorância)
É aquela que contribui, de alguma forma, para o resultado danoso.
Exemplo: frequentando locais perigosos, expondo objetos de valor, sem que possua a devida cautela. Há um grau pequeno de culpa que ocasiona a vitimização.
• Vítima voluntária ou tão culpada
É aquela cuja participação ativa é imprescindível para a caracterização do crime.
Exemplo: estelionato – torpeza bilateral.
• Vítima mais culpada que o infrator.
A vítima incita/provoca o infrator
Exemplo: lesões corporais, homicídios privilegiados (após injusta provocação da vítima).
• Vítima unicamente culpada.
Quais são as espécies de vítima “unicamente culpada”?
Vítima infratora – comete um delito e no final se torna vítima. Por exemplo, legítima defesa (começa como agressor e depois torna-se vítima).
o Vítima simuladora – através de uma premeditação a vítima induz a acusação de outra pessoa, gerando um erro judiciário.
Vítima imaginária – a pessoa acredita que é vítima de um crime, mas, na realidade, nunca ocorreu.
O que é vítima resistente?
E vítima coadjuvante e cooperadora?
Vítima resistente
Aquela que, agindo em legítima defesa, repele uma injusta agressão atual ou iminente.
• Vítima coadjuvante e cooperadora
Aquela que concorre para a produção do resultado, seja devido à sua imprudência,
negligência ou imperícia, seja por ter agido com má-fé.
O que são vítimas individuais?
O que são vítimas familiares?
• Vítimas individuais
São as vítimas clássicas, ou seja, aquelas resultantes das primeiras investigações vitimológicas baseadas na chamada Dupla Penal.
Representam todas as pessoas físicas que figuram no polo passivo do crime.
• Vítimas familiares
São aquelas decorrentes de maus-tratos e de agressões sexuais produzidas no âmbito familiar ou doméstico, as quais recaem, geralmente, nos seus membros mais frágeis, como as mulheres e as crianças.
O que são vítimas coletivas?
O que são vítimas da sociedade e do sistema social?
• Vítimas coletivas
Determinados delitos lesionam ou colocam em perigo bens jurídicos cujo titular não é a pessoa física. Há despersonalização, coletivização e anonimato entre delinquente e vítima.
Exemplo: crimes financeiros, crimes contra consumidores.
• Vítimas da sociedade e do sistema social
Essa modalidade vem se tornando cada vez mais corriqueira.
Exemplo: mortes diárias nos corredores de hospitais públicos, homicídios cometidos por milícias.
O que é o chamado “controle social”?
Trabalharemos, a partir de agora, com as vertentes sociológicas da criminologia, isto é,
explicações criminológicas a partir das relações e interação do indivíduo com a sociedade.
A “paternidade” científica da expressão Controle Social pertence ao sociólogo americano Edward Ross, que a utilizou pela primeira vez como categoria enfocada nos problemas de ordem e organização social.
O professor Sérgio Salomão Sechaira, por seu turno, defende o conceito de controle social como “o conjunto de mecanismos e sanções sociais que pretendem submeter o indivíduo aos modelos e normas comunitários”.
Quais são as espécies de controle social?
Qual deles é mais eficaz?
Explique cada uma:
Sistema de controle social informal
São os mecanismos de controle casuais. Têm como agentes a família, escola, profissão, religião, opinião pública e outros.
Sistema de controle social formal
São mecanismos de controle oficiais. É a autuação do aparelho político do Estado: polícia, a Justiça, a Administração Penitenciária, o Ministério Público, o Exército e outros.
O Controle Social Formal é deveras inferior ao controle exercido pela sociedade civil. Isso é bem vislumbrado numa comparação da criminalidade entre os grandes e pequenos centros urbanos. Verifica-se que onde o Controle Social Informal é mais efetivo e presente, o número da criminalidade é consideravelmente menor do que nos grandes centros.
Dentre os Controles Sociais Formais, o Direito Penal somente atua quando todos os outros meios não forem suficientes, pois, cabe ao último preocupar-se com os bens jurídicos de maior importância. Deve-se recorrer aos Controles Formais quando nenhum outro ramo se revelar eficaz.
Quais são as funções da criminologia? (Só citar as funções).
1 - Explicar e previnir o crime.
2 - Intervir na pessoa do infrator.
3 - Avaliar as diferentes formas de resposta ao crime.
Quais são as espécies de prevenção do crime?
Explique cada uma:
Primária: Medidas a médio e longo prazo.
Investe-se na raiz do conflito, a exemplo de saúde, lazer, educação, bem-estar.
Secundária: Atua onde o crime se manifesta ou se exterioriza.
Investe-se apenas nas chamadas zonas de criminalidade, a exemplo da atuação policial, de medidas de ordenação urbana, de melhoria do aspecto visual das obras arquitetônicas, do controle dos meios de comunicação.
Terciária: Destina-se ao preso.
Investe-se na ressocialização, a fim de evitar a reincidência.
Qual função é exercida pela intervenção na pessoa do infrator?
De acordo com a doutrina, a função de intervir na pessoa do infrator possui três metas.
Vejamos:
1) Impacto real da pena em quem a cumpre e os seus efeitos;
2) Desenhar e avaliar programas de reinserção. Não de forma individualizada, mas de
forma funcional;
3) Fazer a sociedade perceber que o crime é um problema de todos. Trata o crime como
um problema social.
Quais são os modelos de resposta ao crime?
Há três modelos de reação ao crime, segundo a doutrina.
Modelo clássico, dissuasório ou retributivo
Fundamenta-se na punição do criminoso. A pena possui caráter retributivo, existe para reparar o mal causado pelo criminoso.
A vítima e a sociedade não participam do conflito.
Modelo ressocializador. Fundamenta-se na reinserção social do delinquente.
Modelo restaurador, integrador ou de Justiça Restaurativa. Fundamenta-se na reparação do dano à vítima, a qual exerce um papel central.
Lei 9.099/95 é um exemplo de Justiça Restaurativa.
O que é o sistema de criminologia, de acordo com a escola austríaca?
Segundo a posição enciclopédia, três disciplinas integram o sistema da criminologia, são elas:
1 - REALIDADE CRIMINAL:
Fenomelogia (surgimento) Etiologia (causas) Psicologia criminal Biologia Criminal Geografia Criminal
PROCESSO:
Criminalística (materialidade delitiva). Subdivide-se em tática e técnica.
PREVENÇÃO E REPRESSÃO:
Penologia (Teoria da Pena) Profilaxia (luta contra o delito).
O que é o sistema de criminologia, de acordo com a concepção restrita?
Apenas as disciplinas da realidade criminal integram o sistema da criminologia, não interessam o processo e nem a prevenção e a repressão.
Quais são as etapas históricas da criminologia?
Só citar o nome
1 - Etapa pré-científica.
2 - Etapa científica.
3 - Escola clássica.
4 - Escola positivista.
O que foi a etapa pré-científica e o que foi a etapa científica da criminologia?
Aqui, embora houvesse uma série de estudos esparsos, não havia um estudo científico com metodologia própria. Os estudos eram isolados e referiam-se ao crime e ao criminoso. Representada pela Escola Clássica.
Com a obra “O Homem Delinquente”, de Lombroso, inicia-se a etapa científica da criminologia, com estudos direcionados. Representada pela Escola Positivista.
Explique de forma genérica o pensamento da escola clássica da criminologia, sob a perspectiva de seu principal expoente:
Importante destacar que obra de Beccaria, “Dos Delitos e das Penas”, foi escrita em 1764, período de transformação ILUMINISTA. Passa-se da filosofia do Direito Penal para uma fundamentação filosófica da ciência do Direito Penal. Fundamenta-se nos ideais do CONTRATO SOCIAL, da DIVISÃO DOS PODERES e de uma TEORIA JURÍDICA DO DELITO E DA PENA.
A Escola Clássica parte da concepção do homem como um ser livre e racional que é capaz de refletir, tomar decisões e agir em consequência disso. O homem faz um cálculo mental de vantagens x desvantagens do comportamento criminoso. Usa de certo utilitarismo porque sopesa ônus e bônus do ato lícito ou ilícito.
Por isso, afirmam que o delinquente é o pecador que optou pelo mal.
Jorge de Figueiredo Dias e Manual da Costa Andrade asseveram que, para Beccaria, “o homem atua movido pela procura do prazer, pelo que as penas devem ser previstas de modo a anularem as gratificações ligadas a pratica do crime. Em conexão com isto, sustentou Beccaria a necessidade, como pressuposto da sua EFICÁCIA PREVENTIVA, de que as sanções criminais fossem certas e de aplicação imediata”.
Salienta-se que a lei, segundo a Escola Clássica, deve ser simples, conhecida pelo povo e obedecida por todos os cidadãos (RACIONALIDADE).
Cite alguns dos principais pontos da obra de Beccaria:
Pontos principais da obra de Beccaria, a saber:
a) A atrocidade das penas opõe-se ao bem público;
b) Aos juízes não deve ser dado interpretar as leis penais;
c) As acusações não podem ser secretas;
d) As penas devem ser proporcionais aos delitos;
e) Não se pode admitir a tortura do acusado por ocasião do processo;
f) Somente os magistrados é que podem julgar os acusados;
g) O objetivo da pena não é atormentar o acusado e sim impedir que ele reincida e servir de exemplo para que outros não venham a delinquir;
h) As penas devem ser previstas em lei;
i) O réu jamais poderá ser considerado culpado antes da sentença condenatória;
j) O roubo é ocasionado geralmente pela miséria e pelo desespero;
k) As penas devem ser moderadas;
l) Mais útil que a repressão penal é a prevenção dos delitos;
m) Não tem a sociedade o direito de aplicar a pena de morte nem de banimento;
Explique o pensamento de Francesco Carrara:
Qual a finalidade da pena para ele?
De qual escola da criminologia ele faz parte?
Contribuiu para a moderna ciência do Direito Penal italiano. Pertenceu a escola CLÁSSICA.
Defendia que o DELITO não era um ENTE DE FATO, mas sim um ENTE JURÍDICO (cai muito em provas), tendo em vista que decorre da VIOLAÇÃO DE UM DIREITO, qual seja: a LEI ABSOLUTA, constituída para a única ordem possível para humanidade, segundo as previsões e vontades do criador.
Com tal afirmação, segundo a doutrina, Carrara cria uma parte teórica (lei universal) e uma parte prática (autoridade da lei positiva) do Direito Penal.
Salienta-se que o fim da pena, para Carrara, não é a retribuição, mas a ELIMINAÇÃO DO PERIGO SOCIAL que sobreviria da impunidade do delito. Além disso, afirma o autor que “a reeducação do condenado pode ser um resultado acessório e desejável, mas não a função essencial da pena”.
O homem viola a lei porque possui vontade (livre arbítrio).
Obs.: a pena é a negação da negação do direito (Hegel). Pena será certa e determinada, apta a eliminar o perigo social.
Quais são os três pilares da escola clássica?
A Escola Clássica, em reação contra os excessos medievais, estabeleceu-se em três principais ideias:
- A Razão e o limite do Poder de punir do Estado;
- Opõe a ferocidade das penas, abolindo penas capitais, corporais e infamantes;
- Reivindicou garantias individuais na persecução penal.
Quais são as características mais importantes da pena, de acordo com a escola clássica?
Segundo a Escola Clássica, as três características mais importantes que a sanção tem de reunir para a prevenção do crime são as seguintes:
- Certeza;
- Prontidão;
- Severidade.
Certeza:
Nem todos os crimes são castigados.
Por exemplo, quando o culpado não é detido por falta de provas.
A eficácia das penas será tanto mais eficaz quanto mais segura ou provável for a sua
imposição ao infrator.
Assim, os criminosos terão maior medo e a pena funcionará como fator inibidor.
Prontidão
Se os castigos forem impostos pouco tempo depois da prática de um ato criminoso, ou seja, com plenitude, terão um efeito preventivo maior que se forem impostos algum tempo depois.
Severidade
Penas severas devido à sua duração ou pela intensidade do sofrimento que provocam tenderão a ser mais efetivas que as leves, uma vez que originam uma dor ou prejuízo maior.
Para a Escola Clássica, as penas deviam ser proporcionais ao crime.
Qual o período histórico da escola positivista?
Compreende o período entre o final do Século XIX e o início do Século XX.
Os estudos passam a tratar a criminologia como uma ciência autônoma.
Qual foi o principal objeto de estudo da escola positivista?
Quais são as fases da escola positivista?
A Escola Positivista preocupou-se com o estudo das CAUSAS ou FATORES DA CRIMINALIDADE, chamado de PARADIGMA ETIOLÓGICO, a fim de individualizar as medidas adequadas de intervenção no criminoso.
A Escola Positiva pode ser dividida em três fases distintas:
I) Fase Antropológica (Lombroso) – “O Homem Delinquente”
II) Fase Sociológica (Ferri) – “Sociologia Criminal”
III) Fase Jurídica/Psicológica (Garofalo) – “Criminologia”.
Explique os aspectos gerais do pensamento de Lombroso:
Sua obra “O Homem Delinquente”, de 1876, inaugura a fase científica da criminologia.
Lombroso sustentava que o criminoso era um ser atávico, um animal selvagem que nascia predisposto ao crime. Portanto, o crime seria um fenômeno biológico.
Baseou seus estudos através da análise de diversos crânios de criminosos e de entrevistas.
Para Lombroso a Etiologia do crime é eminentemente individual e deve ser buscada no estudo do delinquente. É dentro da própria natureza humana que se pode descobrir a causa dos delitos.
Sustenta que o crime é um ente natural, sendo um fenômeno necessário (assim como a morte, o nascimento), definido pela biologia (determinismo biológico).
Relacionou certas características físicas, tais como: tamanho da mandíbula, circunferência do crânio, lábios finos, maçãs do rosto, cabelo abundante, tendência à tatuagem, à psicopatia criminal. Além disso, afirma que os fatores externos servem apenas para desencadear algo que já é hereditário.
Salienta-se que a principal contribuição de Lombroso foi o desenvolvimento do MÉTODO EMPÍRICO, eis que realizou mais de 400 autópsias, entrevistou 6000 delinquentes e analisou mais de 25 mil presos.
No Brasil, o principal seguidor de Lombroso foi Raimundo Nina Rodrigues, conhecido como Lombroso dos Tópicos.
Sua abordagem é descendente direta da Frenologia.
Qual a diferença do pensamento de Enrico Ferri para o de Lombroso?
De quais escolas eles faziam parte?
Ambos eram da escola positivista.
Criminologista italiano e estudante de Lombroso, Ferri é considerado o maior vulto da Escola Positiva, CRIADOR da SOCIOLOGIA CRIMINAL(publicou uma obra com esse nome em 1884).
Ferri se sobressaiu nos estudos sobre criminologia através dos fatores sociológicos, dando ênfase às ciências sociais, com compreensão mais alargada da criminalidade, evitando-se o reducionismo antropológico.
Ao contrário de Lombroso, não acreditava que o crime seria cometido por pessoas com patologia individual. Acreditava que fenômenos ECONÔMICOS e SOCIAIS influíam na condição.
O que é o chamado “trinômio do delito”, criado por Enrico Ferri?
O que é a lei da saturação criminal, também criada por Enrico Ferri?
Criou o denominado Trinômio do Delito:
- Fatores antropológicos – constituição orgânica e psíquica do indivíduo (raça, idade, sexo, estado civil)
- Fatores sociais – densidade da população, opinião pública, família, moral, religião, educação.
- Fatores Físicos – clima, estação do ano, temperatura.
Foi idealizador da Lei de Saturação Criminal que realizava a seguinte associação: da mesma forma que um líquido em determinada temperatura diluía, assim também ocorre com o fenômeno criminal, pois em determinadas condições sociais seriam produzidos determinados delitos.
Quais são os grupos de criminosos, de acordo com Enrico Ferri?
Ferri classificou os criminosos em cinco grupos:
a) Nato
Tipo instintivo de criminoso (descrito por Lombroso) com estigmas de degeneração, de modo que fica evidenciada a atrofia do senso moral. É o ser atávico.
b) Louco
Não só o alienado mental, como os semiloucos ou fronteiriços. Utiliza a expressão “atrofia do senso moral”, ou seja, dificuldade de diferenciar certo e errado.
c) Habitual
Reincidente da ação delituosa, isto é, faz do crime a sua profissão.
É aquele nascido e crescido no contexto da criminalidade, começa com pequenos furtos, depois evolui para crimes violentos.
De acordo com Ferri, o criminoso habitual é dotado de alta periculosidade e baixa readaptabilidade.
d) Ocasional
Eventualmente, comete um delito, em razão de circunstancias ambientais, de causas
emergenciais ou temporárias, a exemplo do desemprego. É dotado de baixa periculosidade e de alta readaptabilidade.
e) Passional
Segundo alguns doutrinadores, Ferri foi o primeiro a classificá-lo. Lombroso utilizou a expressão “criminoso Por Paixão – Patologia”. Ferri classificou o criminoso como “Passional” em decorrência de uma questão social. Seria aquele delinquente que é arrebatado e age pelo ímpeto, que tem uma sensibilidade exagerada, que fará com que cometa um delito.