Criminologia Flashcards
O que é a chamada “triade” das ciências criminais?
O que é a criminologia?
Qual a função da criminologia?
A Criminologia integra a chamada tríade (pilares) das Ciências Criminais, juntamente com o Direito Penal e a Política Criminal.
Criminologia: Ciência empírica que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o comportamento da sociedade.
A Criminologia visa estabelecer um diagnóstico do fenômeno criminoso, explicando e prevenindo o crime, intervindo na pessoa do infrator, estudando modelos de resposta ao delito. É mais abrangente que o Direito Penal.
Quais são os OBJETOS de estudo do direito penal, da política criminal e da criminologia?
Direito Penal: Ocupa-se do crime enquanto norma.
Criminologia: Ocupa-se do crime enquanto fato.
Política criminal: Ocupa-se do crime enquanto valor.
Exemplo de direito penal: define como crime lesão no ambiente doméstico e familiar.
Exemplo de criminologia: quais fatores contribuem para a violência doméstica e familiar.
Exemplo de política criminal: estuda como diminuir a violência doméstica e familiar
Qual o marco cientifico do estudo da criminologia?
De acordo a maioria da doutrina, a obra “O Homem Delinquente” (1876), de Cesare Lombroso (primeiro estudioso da escola positivista), inaugura o saber científico criminal.
Há, ainda, doutrina minoritária defendendo que a obra “Dos Delitos e das Penas (1764), escrita por Cesare Beccaria (primeiro estudioso da escola clássica), é considerada o marco inicial.
Não prevalece porque a escola clássica possuía a metodologia do Direito Penal (lógica, normativa, ciência do dever-ser).
Qual o conceito de criminologia?
ciência empírica e interdisciplinar (método), que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social (objeto) do comportamento delitivo, e que trata de subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do crime – contemplando este como problema individual e como problema social -, assim como sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem delinquente e nos diversos modelos ou sistemas de resposta ao delito (funções) interdisciplinar (método), que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima
Quais são os métodos da criminologia?
EMPÍRICO
Trata-se da observação/análise da realidade. O criminologo aproxima-se do objeto de estudo. Por exemplo, estudo de crimes de colarinho branco os criminólogos irão analisar a realidade em repartições públicas, em grandes empresas.
Obs.: Na maioria das vezes, o método empírico possui um caráter experimental. Contudo, Molina salienta que a depender dos objetos estudados a experimentação torna-se inviável ou, até mesmo, ilícita. Por exemplo, o criminólogo não irá experimentar drogas para saber se o seu uso faz com que se cometa mais crimes.
INDUTIVO
Parte do acontecimento particular em direção ao acontecimento geral. Inicialmente, a criminologia vai na base, para depois traçar os aspectos gerais.
Lembrando que o Direito Penal parte da análise geral para depois ir ao particular, utiliza o método dedutivo.
INTERDISCIPLINAR
Vários ramos do conhecimento (biologia, antropologia, sociologia) contribuem para a formação de um novo conhecimento, sempre harmônicos entre si.
Nestor Sampaio Penteado Filho: “A criminologia se utiliza dos métodos biológico e sociológico. Como ciência empírica e experimental que é, a criminologia utiliza-se da metodologia experimental, naturalística e indutiva para estudar o delinquente, não sendo suficiente, no entanto, para delimitar as causas da criminalidade. Por consequência disso, busca auxílio dos métodos estatísticos, históricos e sociológicos, além do biológico
O que são as técnicas de investigação da criminologia?
Explique cada uma:
A seguir apresentamos a divisão feita por Antônio García-Pablos de Molina (autor mencionado em diversos editais).
Obs.: São técnicas de investigação da Criminologia, meios que podem ser utilizados para compreender o fenômeno criminoso, estudar o crime em si. Não se confundem com as técnicas de investigação para determinar a autoria e a materialidade dos delitos.
QUANTITATIVAS
Explicam a etiologia, a gênese e o desenvolvimento de determinado cenário criminoso. Feita através de estatística (método por excelência), questionários, métodos de medição. Por si só, são insuficientes porque não conseguem aprofundar na análise do fenômeno.
QUALITATIVAS
Permitem compreender as chaves profundas de um problema. Como exemplos tem-se a observação participante e a entrevista.
TRANSVERSAIS
Tomam uma única medição da variável ou do fenômeno examinado (sim ou não). Estudos estatísticos.
LONGITUDINAIS
Tomam várias medições, em diferentes momentos temporais. Estudo de seguimento (follow up), as biografias criminais, os case studies modernos estudos sobre carreiras criminais.
Qual o conceito de delito na criminologia?
Inicialmente, destaca-se que o conceito de delito para a criminologia é diverso do conceito de delito para o Direito Penal.
De acordo com a criminologia, o delito é a conduta de incidência massiva na sociedade, capaz de causar dor, aflição e angústia, persistente no espaço e no tempo.
Qual o conceito de delinquente para a escola clássica?
Representa a fase pré-científica da criminologia, utiliza os métodos do Direito Penal. O grande expoente é Beccaria, com a obra “Dos Delitos e das Penas”.
Entende que criminoso é o pecador que optou pelo mal. Defendia o livre-arbítrio, a vontade racional do homem de seguir ou não a lei, quando decide seguir o caminho do crime quebra o contrato social.
A pena só existe para reparar o mal causado pelo criminoso, por isso é por tempo determinado.
Qual o conceito de delinquente para a escola positivista?
Para os positivistas, qual deve ser a pena aplicada ao delinquente?
Representa a fase científica da criminologia, inaugurada com a obra “O Homem Delinquente”, de Lombroso.
Segundo Lombroso, delinquente é um animal selvagem, um ser atávico, com pré-disposição para o crime.
Para Ferri e Garofalo, delinquente é o indivíduo prisioneiro de sua própria patologia (biológico) ou de processos causais alheios (social).
Qual o conceito de delinquente para a escola correlacionista?
Qual o conceito de delinquente para o marxismo?
Não teve grande influência no Brasil, mas pode ser observada no tratamento do adolescente que pratica um ato infracional.
Afirma que o criminoso é um ser débil, inferior. Por isso, o Estado deve orientá-lo e protege-lo.
Segundo Marx, o criminoso ou culpável é a própria sociedade, em razão da existência de certas estruturas econômicas.
Quais são as fases históricas do estudo da vítima?
A vítima, historicamente, observou três fases distintas. Vejamos:
• Protagonismo (Idade de Ouro)
Período: até o fim da Alta Idade Média.
Aqui, prevalecia a vingança privada, a autotutela, a Lei do Talião. Assim, caso a vítima tivesse um filho morto poderia matar o filho do criminoso; se tivesse um braço arrancado poderia arrancar o braço do criminoso.
• Neutralização (Esquecimento)
Período: até o Código Penal Frances.
O Estado é responsável pelo conflito social, a pena é uma garantia coletiva, pouco importa quem é a vítima.
Institutos importantes, a exemplo da legítima defesa, foram esquecidos.
• Redescobrimento (Revalorização)
Período: pós 2ª GM até hoje.
A vítima passa a ser considerada importante, surge a vitimologia.
A vitimologia é considerada uma ciência autônoma?
A Vitimologia, em si, é uma ciência que estuda o papel da vítima no crime, trazendo uma posição de equilíbrio, colocando a vítima no local central do crime e não o réu, obviamente respeitando todos os seus direitos e garantias.
Há autores que tratam a Vitimologia como ciência autônoma. Porém, a maioria doutrinária entende que é integrante da Criminologia.
(MPE-SC – 2016) Enquanto a criminologia pode ser identificada como a ciência que se dedica ao
estudo do crime, do criminoso e dos fatores da criminalidade, a vitimologia tem por objeto o estudo
da vítima e de suas peculiaridades, sendo considerada por alguns autores como ciência autônoma.
Quais são as espécies de vitimização?
Explique cada uma:
• Primária
Efeitos da conduta criminosa em si, podem ser materiais ou psíquicos. Por exemplo, o trauma que um estupro causa a pessoa que sofreu a violência.
Decorre do delito.
• Secundária:
É o sofrimento causado à vítima durante o inquérito e o processo criminal.
Por exemplo, no caso de estupro é o interrogatório que a vítima é submetida, tanto no
inquérito quanto na fase judicial, fazendo com que reviva todo o momento traumático.
Decorre do processo.
• Terciária:
É o sofrimento causado à vítima em razão da ausência de receptividade social e omissão
estatal.
Por exemplo, a sociedade afirma que o estupro ocorreu porque a vítima estava com uma
roupa curta.
Decorre da sociedade.
Quais são as espécies de vítima, classificadas de acordo com a gradação de sua culpa?
Segundo Mendensohn, seguindo uma escala gradativa de culpa, pode-se a vítima pode ser
classificada em:
• Vítima completamente inocente (vítima ideal)
É a vítima que não contribui para que a ação ocorra. Cita-se, como exemplo, a vítima que
tem sua bolsa arrancada enquanto caminha.
• Vítima de culpabilidade menor (vítima por ignorância)
É aquela que contribui, de alguma forma, para o resultado danoso.
Exemplo: frequentando locais perigosos, expondo objetos de valor, sem que possua a devida cautela. Há um grau pequeno de culpa que ocasiona a vitimização.
• Vítima voluntária ou tão culpada
É aquela cuja participação ativa é imprescindível para a caracterização do crime.
Exemplo: estelionato – torpeza bilateral.
• Vítima mais culpada que o infrator.
A vítima incita/provoca o infrator
Exemplo: lesões corporais, homicídios privilegiados (após injusta provocação da vítima).
• Vítima unicamente culpada.
Quais são as espécies de vítima “unicamente culpada”?
Vítima infratora – comete um delito e no final se torna vítima. Por exemplo, legítima defesa (começa como agressor e depois torna-se vítima).
o Vítima simuladora – através de uma premeditação a vítima induz a acusação de outra pessoa, gerando um erro judiciário.
Vítima imaginária – a pessoa acredita que é vítima de um crime, mas, na realidade, nunca ocorreu.
O que é vítima resistente?
E vítima coadjuvante e cooperadora?
Vítima resistente
Aquela que, agindo em legítima defesa, repele uma injusta agressão atual ou iminente.
• Vítima coadjuvante e cooperadora
Aquela que concorre para a produção do resultado, seja devido à sua imprudência,
negligência ou imperícia, seja por ter agido com má-fé.
O que são vítimas individuais?
O que são vítimas familiares?
• Vítimas individuais
São as vítimas clássicas, ou seja, aquelas resultantes das primeiras investigações vitimológicas baseadas na chamada Dupla Penal.
Representam todas as pessoas físicas que figuram no polo passivo do crime.
• Vítimas familiares
São aquelas decorrentes de maus-tratos e de agressões sexuais produzidas no âmbito familiar ou doméstico, as quais recaem, geralmente, nos seus membros mais frágeis, como as mulheres e as crianças.
O que são vítimas coletivas?
O que são vítimas da sociedade e do sistema social?
• Vítimas coletivas
Determinados delitos lesionam ou colocam em perigo bens jurídicos cujo titular não é a pessoa física. Há despersonalização, coletivização e anonimato entre delinquente e vítima.
Exemplo: crimes financeiros, crimes contra consumidores.
• Vítimas da sociedade e do sistema social
Essa modalidade vem se tornando cada vez mais corriqueira.
Exemplo: mortes diárias nos corredores de hospitais públicos, homicídios cometidos por milícias.
O que é o chamado “controle social”?
Trabalharemos, a partir de agora, com as vertentes sociológicas da criminologia, isto é,
explicações criminológicas a partir das relações e interação do indivíduo com a sociedade.
A “paternidade” científica da expressão Controle Social pertence ao sociólogo americano Edward Ross, que a utilizou pela primeira vez como categoria enfocada nos problemas de ordem e organização social.
O professor Sérgio Salomão Sechaira, por seu turno, defende o conceito de controle social como “o conjunto de mecanismos e sanções sociais que pretendem submeter o indivíduo aos modelos e normas comunitários”.
Quais são as espécies de controle social?
Qual deles é mais eficaz?
Explique cada uma:
Sistema de controle social informal
São os mecanismos de controle casuais. Têm como agentes a família, escola, profissão, religião, opinião pública e outros.
Sistema de controle social formal
São mecanismos de controle oficiais. É a autuação do aparelho político do Estado: polícia, a Justiça, a Administração Penitenciária, o Ministério Público, o Exército e outros.
O Controle Social Formal é deveras inferior ao controle exercido pela sociedade civil. Isso é bem vislumbrado numa comparação da criminalidade entre os grandes e pequenos centros urbanos. Verifica-se que onde o Controle Social Informal é mais efetivo e presente, o número da criminalidade é consideravelmente menor do que nos grandes centros.
Dentre os Controles Sociais Formais, o Direito Penal somente atua quando todos os outros meios não forem suficientes, pois, cabe ao último preocupar-se com os bens jurídicos de maior importância. Deve-se recorrer aos Controles Formais quando nenhum outro ramo se revelar eficaz.
Quais são as funções da criminologia? (Só citar as funções).
1 - Explicar e previnir o crime.
2 - Intervir na pessoa do infrator.
3 - Avaliar as diferentes formas de resposta ao crime.
Quais são as espécies de prevenção do crime?
Explique cada uma:
Primária: Medidas a médio e longo prazo.
Investe-se na raiz do conflito, a exemplo de saúde, lazer, educação, bem-estar.
Secundária: Atua onde o crime se manifesta ou se exterioriza.
Investe-se apenas nas chamadas zonas de criminalidade, a exemplo da atuação policial, de medidas de ordenação urbana, de melhoria do aspecto visual das obras arquitetônicas, do controle dos meios de comunicação.
Terciária: Destina-se ao preso.
Investe-se na ressocialização, a fim de evitar a reincidência.
Qual função é exercida pela intervenção na pessoa do infrator?
De acordo com a doutrina, a função de intervir na pessoa do infrator possui três metas.
Vejamos:
1) Impacto real da pena em quem a cumpre e os seus efeitos;
2) Desenhar e avaliar programas de reinserção. Não de forma individualizada, mas de
forma funcional;
3) Fazer a sociedade perceber que o crime é um problema de todos. Trata o crime como
um problema social.
Quais são os modelos de resposta ao crime?
Há três modelos de reação ao crime, segundo a doutrina.
Modelo clássico, dissuasório ou retributivo
Fundamenta-se na punição do criminoso. A pena possui caráter retributivo, existe para reparar o mal causado pelo criminoso.
A vítima e a sociedade não participam do conflito.
Modelo ressocializador. Fundamenta-se na reinserção social do delinquente.
Modelo restaurador, integrador ou de Justiça Restaurativa. Fundamenta-se na reparação do dano à vítima, a qual exerce um papel central.
Lei 9.099/95 é um exemplo de Justiça Restaurativa.