Cateterismo Vesical Intermitente Flashcards
O funcionamento adequado do trato urinário inferior depende da ação sinérgica da bexiga e do mecanismo esfincteriano. nesse sentido, explique a atuação das musculaturas envolvidas no momento da micção.
No momento da micção o músculo detrusor se contrai sob a influência do sistema nervoso parassimpático e o esfíncter uretral relaxa decorrente da inibição do sistema nervoso simpático (esfíncter liso) e ação do sistema nervoso motor (esfíncter estriado). O sinergismo vesico-esfi ncteriano depende da integridade do sistema nervoso central e periférico, sendo o centro pontinho da micção, o responsável pela coordenação de tais eventos
O mecanismo de armazenamento e esvaziamento vesical pode sofrer alterações decorrentes de inúmeros fatores, tais como:
O envelhecimento, a obstrução infravesical, por aumento do volume prostático ou estenose uretral, e disfunções neurogênicas do trato urinário inferior, causadas por doenças congênitas ou adquiridas, entre elas o disrafismo medular, a lesão traumática raquimedular, o acidente vascular cerebral, a esclerose múltipla, a doença de Parkinson e diabetes mellitus.
Por quem o cateterismo vesical intermitente foi proposto pela primeira vez?
Louis Stromeyer em 1844, com o objetivo de promover a evacuação do resíduo vesical pós-miccional.
O que é cateterismo vesical?
O cateterismo vesical intermitente é o método de esvaziamento periódico da bexiga realizado pela introdução de um cateter via uretral, ou através de um conduto cateterizável (como os condutos de Mitrofanoff ou Monti) até a bexiga ou reservatório urinário.
O cateterismo vesical intermitente é o procedimento de eleição para portadores de que disfunção?
É o procedimento de eleição para portadores de disfunção neurogênica ou idiopática do trato urinário inferior, que apresentam esvaziamento incompleto da bexiga por déficit da contração do detrusor, ou difi culdade do relaxamento esfincteriano uretral, temporária ou defi nitiva. O objetivo maior é manter a integridade anatômica e funcional do trato urinário superior e evitar infecções urinárias.
Ainda que o conceito básico seja único, a técnica de cateterismo vesical intermitente a ser adotada pode variar de acordo com a indicação, o local onde é realizado, com experiência pessoal de quem o indicou ou realizou seu treinamento e com a disponibilidade de recursos. Defina as três técnicas de cateterismo vesical intermitente:
Estéril - máscara e gorro, antisséptico para limpeza da região genital, lubrifi cante uretral estéril, luvas estéreis, material de apoio (campos e pinças) estéril, cateter de uso único estéril e sistema fechado para coleta de urina.
Asséptica - antisséptico local e apenas as luvas, o cateter (de uso único) e o lubrifi cante são estéreis.
Limpo - luvas de procedimento ou apenas higienização prévia das mãos, substância degermante não estéril para limpeza genital, lubrifi cante não estéril, coletor externo limpo e apenas o cateter uretral / vesical que deve ser de modo preferencial, mas não obrigatoriamente, estéril.
Diferentes materiais são utilizados na confecção dos cateteres uretrais, como:
A borracha, o silicone, o látex, o plástico (PVC), vidro, metal ou poliuretano. Podem ainda ser siliconizados, ou revestidos por teflon.
Quanto ao calibre, dos cateteres podem variar de:
6 a 12 Fr para crianças, de 10 a 14 Fr para homens e 10 a 16 Fr para mulheres. Em pacientes com urina piúrica ou submetidos à ampliação vesical podem ser necessários cateteres com calibres ou orifícios maiores. De um modo geral, o cateter calibre 12 Fr é utilizado pela maioria dos pacientes.
Explique como deve ser realizado o cateterismo vesical?
O cateterismo pode ser realizado em qualquer posição (ortostática, sentado, supina), dependendo das limitações do paciente e do local onde é realizado o procedimento. Os pacientes devem lavar bem as mãos e limpar a região do meato uretral com água e sabão antes da introdução do cateter. Pacientes do sexo feminino podem necessitar de um espelho para facilitar a identifi cação do meato uretral. O cateter deve ser sufi cientemente lubrificado e introduzido suavemente através do meato uretral até que haja saída de urina através do mesmo. A urina pode ser drenada diretamente no vaso sanitário, saco coletor, ou qualquer recipiente. O cateter deve ser mantido até que cesse o fluxo de urina. O cateter deve ser então, removido lentamente, enquanto se faz manobra de esforço ou compressão suprapúbica a fi m de esvaziar completamente a bexiga.
Com é determinada a frequência para realização do cateterismo intermitente?
É determinada com base nos dados obtidos do diário miccional, sendo dependente da capacidade vesical funcional, da ingesta hídrica, de parâmetros urodinâmicos como complacência vesical, pressão de enchimento, pressão atingida nas contrações involuntárias, eficácia de medicamentos utilizados, presença e disponibilidade de cuidador, entre outros. Usualmente, o número de cateterismos diários varia de quatro a seis vezes, sendo que o volume drenado não deve ultrapassar os 400 ml.
Quais são os fatores que podem limitar a realização do cateterismo vesical?
Obesidade (principalmente em mulheres), lesões uretrais (divertículos e estenose), sequelas motoras, tremor ou dificuldade manual, comprometimento cognitivo, hipertonia muscular de membros inferiores, prótese de quadril, dor neuropática, entre outros. A faixa etária não deve ser considerada um impeditivo, sendo possível treinar tanto crianças como idosos para que tenham sua independência no esvaziamento vesical.
É recomendado o uso de antibióticos profilaticos nos pacientes que realizam cateterismo vesical?
Apesar das controvérsias, o uso de antibióticos profiláticos não é recomendado, uma vez que, apesar de diminuir a incidência de bacteriúria assintomática, não existe evidência que seu uso diminua a incidência de episódios de infecção urinária sintomática. Assim sendo, a bacteriúria assintomática não deve ser tratada, exceto quando o paciente necessite ser submetido à manipulação cirúrgica, ou endoscópica.
Cite os fatores de risco que estão relacionados ]á infecção urinária?
Um dos principais fatores de risco para infecção urinária é a presença de urina residual, sendo importante que a cada cateterismo, a bexiga seja totalmente esvaziada. Outros fatores são a baixa frequência dos cateterismos, a hiperdistensão da bexiga, baixa ingesta de líquidos, material do cateter, erros de execução do procedimento, gênero feminino e baixo nível educacional.
Por não ser isento de riscos, o cateterismo intermitente está relacionado a que tipos de complicações mais frerquentes?
Infecções urinárias, sangramento uretral e lesões de uretra.