Casos Flashcards
“Faz tanto tempo que não tenho uma boa consulta, que eu não tenho um bom médico. Faz tanto tempo que eu não tomo um bom fortificante, nunca pensei em arranjar uma boa consulta desta santa mãozinha do senhor, graças a Deus ganhei a boa sorte, graças a Deus ganhei a boa misericórdia de ter uma boa consulta, de vir para a boa mãozinha do senhor. Eu sou uma criatura, graças a Deus meu Pai celestial, que nunca fui de linha que não sejam linhas retas, sempre fui uma criatura sempre amável, sempre fui uma criatura muito educada, não sou uma criatura errada, nunca fui uma criatura errada, graças a Deus”.
Pensamento prolixo
“Eram mais ou menos 10 da manhã e eu estava tomando notas em uma aula introdutória de Filosofia. Enquanto escrevia, minha mão começou a tremer e comecei a sentir dificuldade de escrever. Minha caligrafia tornou-se cada vez pior e comecei a ficar muito atordoada. Isso nunca havia acontecido comigo e não sabia o que fazer. Pensei em sair da sala, mas estava com medo de não conseguir chegar até a porta. Tentei me livrar da tontura baixando a cabeça, mas ela piorou. Eu tremia tanto que não conseguia escrever e numa tentativa de continuar, tentei focalizar toda a minha atenção no professor. Não funcionou. Mal podia vê-lo, não conseguia ouvi-lo e a sala parecia como um negativo de foto. Fiquei muitíssimo assustada e pensei que perderia os sentidos. A menina que estava ao meu lado percebeu que eu estava com problemas e sugeriu que eu saísse da sala, mas não conseguia entender o que ela estava dizendo – tudo era uma mancha distante. Por fim, levantei-me e cambaleei para fora da sala – bem no meio da palestra. Eu sabia que se não saísse, seria carregada para fora. Eu sentei fora da sala e coloquei a cabeça nos joelhos para me livrar da tontura e da visão escurecida. Levaram vários minutos até que os sintomas passassem e eu pudesse voltar à aula. Desde aquele primeiro ataque tive outros cinco ou seis parecidos. Eles são sempre extremamente assustadores, mas agora que entendo o está acontecendo e sei que o superarei e não morrerei ou coisa parecida, não é tão ruim. Ter os ataques pode ser muito constrangedor e me preocupo de que alguma vez realmente vá passar vergonha. Felizmente, na maioria das vezes as pessoas apenas pensam que eu estou enjoada e são muito solidárias”.
Ataque de pânico
“Naquela ocasião tínhamos um encontro social. No caminho de volta para casa se apossou de repente de mim, como um raio em céu sereno – antes jamais tinha pensado nisso – a ideia: deves atravessar o rio nadando de roupa. Não se tratava de uma compulsão, da qual me desse conta, (…) de sorte que não refleti nem um minuto, pulei direto no rio. Tudo isso deu-me muito o que pensar. Pela primeira vez me acontecia algo inexplicável, de todo esporádico e muito estranho”
Ato Impulsivo
“Na última semana Jennifer deu à luz a um menino saudável. Todos estão entusiasmados, exceto Jennifer. Ela sente-se ‘cansada e horrorosa’, às vezes sente repulsa pelo bebê e não quer vê-lo ou cuidar dele. Jennifer sente-se culpada em relação aos seus sentimentos porque este deveria ser um momento de alegria para ela, mas simplesmente não consegue participar. Quando outras pessoas estão por perto, às vezes tenta fingir bem-estar e estar feliz em relação ao bebê, mas isto não funciona porque frequentemente ela irrompe em lágrimas sem razão aparente”.
Sentimento de falta de sentimento
“Um homem de 30 anos foi levado ao serviço de saúde contra a sua vontade. Ele dizia não estar doente e que o lhe acontecia, ao seu ver, era inevitável como castigo merecido por seus erros e pecados imperdoáveis. Sabia que estava transformando-se em lobisomem. Já não se reconhecia como a pessoa que fora antes de experimentar tal desgraça. Conforme relato de seus familiares, o que tem sido permanente, desde o início da doença e o que mais tem preocupado todos da família, são o pessimismo e o abatimento do paciente, prostrado no leito, sem ânimo para nada. O homem sabe estar em um serviço de saúde, mas não sabe há quanto tempo lhe ocorrem tais perturbações e nem a data atual: - Nada me interessa, com exceção de comidas que ardem na boca, dizia o homem, que de fato, segundo o relato de familiares, ingeria apenas alimentos bem picantes”.
Delírio de culpa+despersonalização+orientação temporal+abulia+hipoestesia
“Aos 15, eu entrei no segundo grau e este foi o começo da descida do morro abaixo. Havia tantas pessoas e elas estavam constantemente me examinando com olhos fixos ou assim eu pensava. Adotei muitas estratégias para evitá-las. Não as olhava nos olhos, não participava de nenhuma atividade escolar. As meninas que conhecia haviam começado a namorar e estabelecer sua feminilidade e eu comecei a questionar os motivos delas e seus relacionamentos com os meninos. Em consequência, elas interromperam a amizade comigo. Agora eu estava certa de que não eram apenas os homens que eram suspeitos, mas que estas meninas eram na verdade meninos enviados para me enganar. Comecei a manter arquivos sobre todo mundo que eu conhecia”.
Deírio de Referência e Perseguição
“Meu transtorno começou em um verão enquanto eu estava vivendo em um rancho no Novo México. Após mais ou menos um ano lá, comecei a me sentir crescentemente autoconsciente, infeliz, isolado, desmotivado e cansado. Parei de interagir com os outros e participar de atividades. Tornei-me obcecado por um desejo de ir embora para algum lugar e ficar sozinho e eu vagueava sem destino pelo campo fantasiando sobre suicídio. Por volta do fim do verão, no entanto, comecei a melhorar. Percebi que não estava preocupado com morte e que eu sentia que poderia ter um futuro afinal. Em algumas semanas eu estava interagindo bem com a minha família, me dando bem em um emprego e planejando encontrar meu próprio apartamento. Encontrei um apartamento e abandonei meu emprego porque agora ele parecia entediante demais para mim. Eu estava me sentindo surpreendentemente energético, aguçado, confiante e poderoso. Minha capacidade de concentração estava intensa, mas mudava de foco rapidamente”.
Hipotimia com ideação suicida+hipobulia+distraibilidade+elação
“Paulo, bancário, 21 anos, procura um serviço de saúde mental, encaminhado pelo médico do banco. Na entrevista de triagem, relata que, em seu trabalho, os colegas estão sempre olhando para ele, fazendo comentários jocosos a seu respeito, o que ele percebe pelo jeito como eles olham e dão risadas às vezes. Não sabe o porquê desta atitude deles, pois antes eram amigos e até costumavam sair todos juntos”.
Delírio de Referência
Rosana foi levada pela família para uma emergência médica, pois há dias tinha parado de comer. Durante a consulta, declarou que essa era a única forma que havia encontrado para evitar ser envenenada pela família que, segundo ela, queria roubar-lhe os órgãos.
Delírio de Perseguição
Em uma consulta psiquiátrica, Robson afirma ao seu médico que quase sempre que abre o chuveiro para tomar banho ouve vozes femininas rindo e fazendo comentários pejorativos sobre seu corpo.
Alucinação Funcional
Médico – “Walquíria, você me conhece?”
Paciente – “Sim, sim”.
M – “Onde você me viu?”
P – “Aí em cima, na casa”.
M – “Em que casa?”
P – “Na do homem, onde havia uma coisa para os dois, onde me confundiram. Nesta primavera o senhor esteve em minha casa e antes eu não o conhecia”.
M – “Como você se chama?”
P – “Neste momento não sei”.
M – “Onde estamos agora?”
P – “Em baixo, na estação”.
M – “O que você faz aqui?”
P – “Tenho que apanhar lenha e outras coisas na estação”.
M – “Em que ano estamos?”
P – “Sim, em que ano? Você tem de fazer o possível ao redor da casa”.
M – “Em que dia estamos?”
P – “Quinta ou sexta (era quarta). Estou ainda em cima, completamente na metade de cima”.
M – “Como você se chama?”
P – “Sim, como me chamo?”
M – “Em que ano você nasceu?”
P – “Há muitos anos, tenho agora trinta e seis (tinha cinquenta e seis), tenho dois filhos (não tem filhos)”.
Comprometimento da Orientação autopsíquica, falsa memória (alteração qualitativa) e Pararesposta (alteração de linguagem).
“Passeava sozinha pelo jardim quando vi, de modo repentino, ao pé do caramanchão, dois diabos pequenos, horríveis, que saltavam sobre uma barrica de cal com agilidade espantosa, apesar de trazerem nas pernas grilhões pesados. A princípio olhavam para mim com seus olhos flamejantes e, depois, como se estivessem apavorados, precipitaram-se para dentro da barrica, escapuliram logo nem sei por que abertura, correram e foram esconder-se na rouparia, que se achava no andar térreo, em frente ao jardim. Vendo-os tão assustados tive a curiosidade de certificar-me do que iam fazer ali e, passando o primeiro momento de indecisão, criei coragem e cheguei até a janela. Os pobres diabretes lá se encontravam correndo e saltando sobre as mesas, sem atinarem no modo de se furtarem às minhas vistas. Aproximavam-se de vez em quando e ficavam a espreitar pela vidraça bastante inquietos e vendo-me sempre como observadora, no mesmo lugar, começaram a correr como dois alucinados”.
Alucinação visual Liliputiana
“Contemplo-me num espelho: meu rosto me assusta e me inspira uma curiosa piedade. Na imagem refletida no espelho – tenho de esforçar-me para acreditar que se trata da minha imagem – contemplo o símbolo de uma humanidade esgotada e enferma. Sinto impressões completamente extraordinárias, para as quais não posso encontrar nenhuma expressão que as corresponda: em primeiro plano está a impressão de perder-me a mim mesmo, como se minha personalidade se afastasse cada vez mais e tornasse cada vez mais obscura; …”
Despersonalização
“O paciente pode dizer exatamente o caminho que seguiu de bicicleta até certo ponto do povoado que se encontra muito distante do lugar onde sofreu o acidente, porém não pode recordar em absoluto o último trecho do caminho, assim como não guarda nenhuma lembrança do próprio acidente nem de nada mais do ocorreu até que recuperou a consciência no Hospital. Do último trecho do trajeto, assim como dos dias transcorridos até voltar a si no Hospital não conserva nenhuma lembrança”.
Amnésia Retroanterógrada
“O paciente alarmou os seus familiares com a suposição de que havia um homem em sua casa, que se encontrava na companhia de sua esposa. Durante o seu transporte para a Clínica falou sobre um avião que sobrevoava a sua residência, sobre homens escondidos na garagem e admitiu que estava sendo conduzido para a Delegacia de Polícia. Ao ingressar na Clínica, revelava-se eufórico e orientado em relação à própria pessoa, porém desorientado no tempo e no lugar. De vez em quando se mostrava angustiado. Respondeu ao médico de maneira correta. Não se revelou sugestionável quanto a suas alucinações. Incoerência manifesta. Tremores generalizados. No dia seguinte ainda se apresentava completamente desorientado. Negou ter feito uso de bebidas alcoólicas. Informou que a sua esposa se encontrava há oito dias internada numa clínica psiquiátrica.”
Delírio de ciúme e Delirium Tremens
“Desde que sofri o ferimento na cabeça experimento, temporariamente, uma extraordinária acuidade auditiva, em intervalos de quatro a oito semanas, nunca durante o dia, senão à noite na cama. A transição é surpreendente e repentina. Rumores, os quais são quase imperceptíveis em condições normais, repercutem em mim com sonoridade absoluta, terrivelmente clara. Instintivamente procuro ficar em completa imobilidade, pois o simples roçar da roupa da cama e do travesseiro me causa um extraordinário mal-estar. O relógio de bolso sobre a mesinha de cabeceira parece transformado no relógio da torre. O ruído habitual dos coches e dos trens que passam, e que ordinariamente não me molesta, chega-me ao ouvido como um ruído estrondoso. Banhado em suor, permaneço numa imobilidade instintiva, para em seguida comprovar, de modo súbito, que tudo voltou ao estado normal sem transição alguma. Este fenômeno dura uns cinco minutos, os quais, no entanto, me parecem infinitamente longos”.
Hiperestesia e ilusão sobre a alteração do tempo
“Faz tanto tempo que não tenho uma boa consulta, que eu não tenho um bom médico. Faz tanto tempo que eu não tomo um bom fortificante, nunca pensei em arranjar uma boa consulta desta santa mãozinha do senhor, graças a Deus ganhei a boa sorte, graças a Deus ganhei a boa misericórdia de ter uma boa consulta, de vir para a boa mãozinha do senhor. Eu sou uma criatura, graças a Deus meu Pai celestial, que nunca fui de linha que não sejam linhas retas, sempre fui uma criatura sempre amável, sempre fui uma criatura muito educada, não sou uma criatura errada, nunca fui uma criatura errada, graças a Deus”.
Pensamento Prolixo