Cardiopatias congênitas Flashcards
Quais são as cardiopatias congênitas mais frequêntes?
- CiV (Comunicação inter-ventricular) [30-35%]
- CiA (Comunicação inter-atrial) [6-8%]
- PCA (Persistência do canal arterial) [6-8%]
- Coarctação da aórta [5-7%]
- Tetralogia de fallot [5-7%]
- Estenose pulmonar [5-7%]
- Estenose aórtica [4-7%]
- Transposição de grandes vasos [3-5%]
Epidemiologia das cardiopatias congênitas?
Enquanto na maior parte dos adultos a cardiopatia têm origem isquêmica, em crianças as desordens cardíacas são em sua maioria congênita.
- Ocorre em cerca de 0,8% dos RN.
A maioria dos diagnósticos ocorrem ainda no 1o mês de vida.
A maioria das cardiopatias congênitas são bem toleradas durante a vida fetal. Que defeito congênito não é bem tolerado pelo feto?
Anomalia de Ebstein (regurgitação tricúspide)
Essa condição pode se manifestar como insuficiência cardíaca intraútero.
Fisiologia e Anatomia da circulação fetal
► PLACENTA COMO ÓRGÃO OXIGENADOR
Na fase fetal, a placenta é o principal órgão de oxigenação e trocas metabólicas. Nessa fase, os pulmões são “negligenciados” pela circulação recebendo apenas cerca de 10% do débito cardíaco pois os vasos pulmonares estão constrictos aumentando a resistência vascular pulmonar fetal.
► O CAMINHO DO SANGUE NO FETO
O sangue oxigenado proveniente da placenta chega à veia cava inferior (VCI) através do ducto venoso - estrutura vascular que conecta a veia umbilical c/ a VCI - e daí alcança o AD. Grande parte do sangue presente no AD é direcionado ao AE através do foramen oval patente (que normalmente se fecha c/ 3 meses de vida). No entanto, o sangue proveniente da VCSuperior é praticamente lançado sobre a valva tricúspide conseguindo alcançar o VD. Do sangue que chega ao VD, apenas 10% encaminha-se p/ o pulmão (devido constricção vascular pulmonar fetal) e todo o restante (90%) é ejetado na aorta descendente por meio do Ducto Arterioso - estrutura vascular que conecta o tronco pulmonar à aorta descendente.
► O PROCESSO DE EXPANSÃO PULMONAR DO RN
Com o nascimento, a expansão pulmonar associada ao aumento da pO2 leva à uma dilatação pulmonar reduzindo bruscamente a resistência ao fluxo sanguíneo em um processo que se completa em 1 semana. Ao mesmo tempo, a retirada do lago placentário promove um aumento da resistência sistêmica; agora, todo fluxo do VD é praticamente lançado no pulmão. Com o aumento do volume de sangue proveniente do pulmão dentro do AE ocorre o fechamento funcional do foramen oval, o qual se completa aos 3 meses de vida.
OBS: O Ducto Arterioso tbm se fecha aos 3 meses de vida.
► QUANDO O RN C/ CARDIOPATIA CONGÊNITA COSTUMA MANIFESTAR CLÍNICA?
Na maioria dos casos, é após o nascimento, quando se fecham funcionalmente o Ducto Arterioso e Forâmen Oval (+/- 3 meses de vida), que as alterações hemodinâmicas significativas decorrentes de anomalias anatômicas cardíacas congênitas se manifestam.
Classificação das cardiopatias congênitas
De um modo geral, as cardiopatias congênitas são classificadas em função de apresentarem cianose ou não.
► CIANOSE
- Geralmente cursam c/ Shunt Direita-Esquerda.
- Nesse caso o sangue flui das câmaras Direitas antes mesmo de serem oxigenados pelo pulmão. Dessa forma, instala-se Cianose.
São ainda divididas em:
- Cianótica c/ hiperfluxo pulmonar
► SEM CIANOSE
- Shunt Esquerda-Direita:
- Nesse caso, a principal manifestação não é a cianose e sim a insuficiência cardíaca.
Avaliação clínica do pcte c/ cardiopatia congênita…
► PRINCIPAIS FORMAS DE APRESENTAÇÃO CLÍNICA
- Cianose
- Síndrome de Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC)
- Sopro cardíaco isolado
- Arritmias
► CIANOSE
O pcte manifesta-se c/ coloração azulada de pele e mucosas. Aparece sempre que a concentração de hemoglobina reduzida (deoxigenada) for > 5g/dL. Classicamente dividimos em: central (face, lábios e lingua) e periférica (extremidades).
♦ ATENÇÃO ♦ Nas cardiopatias congênitas é mais freq a ocorrência de cianose global ou generalizada (central + periférica).
► ICC
É habitual nos pctes que cursam c/ hiperfluxo pulmonar e obstruções ao trato de saída do VE. Suas apresentações clínicas são variáveis conforme a idade:
- Neonatos + Lactentes Jovens
- Taquipneia, dispneia (c/ batimento de aletas nasais, retrações intercostais, subcostais e fúrcula), interrupção das mamadas, taquicardia, precórdio hiperdinâmico e hepatomegalia. Pode haver sudorese e atraso no ganho de peso e estatura.
- EDEMA: O edema periférico geralmente é verificado no couro cabeludo e dorso, pois os bebês pequenos permanecem a maior parte do tempo em decúbito dorsal. O achado semiológico clássico de edema de extremidades presentes na ICC descompensada é visto apenas em crianças maiores, a partir do momento em que adquiriram ortostatismo.
- Crianças
- Aqui a semiologia assemelha-se mais àquela observada nos adultos c/ ICC.
► SOPRO CARDÍACO
Em algumas cardiopatias congênitas, o sopro pode ser o único achado no exame clínico (geralmente por estarem em uma fase em que outros sinais e sintomas ainda nao se desenvolveram por mecanismo compensatórios do corpo do RN).
♦ CUIDADO ♦ O sopro no RN muitas vezes é inocente…
► ARRITMIA
É o achado mais raro. O melhor exemplo é o da anomalia de Ebstein que pode se manifestar c/ arritmias na adolescência.
► IDENTIFICAR O TIPO DE CARDIOPATIA CONGÊNITA:
- 1o Passo:
- Classificar em Cianótica ou Acianótica. O diagnóstico é auxiliado pela oximetria de pulso.
- 2o Passo:
- Classificar a Rx-Tórax em:
- Hiper
- Hipo
- ou Normofluxo pulmonar
- Classificar a Rx-Tórax em:
- 3o Passo:
- Analisar o ECG.
- Hipertrofia de VE?
- Hipertrofia de VD?
- Hipertrofia biventricular?
- Analisar o ECG.
- 4o Passo:
- Utilizar exames de imagem: Eco, TC, RM…
Etiologia das cardiopatias congênitas
São comumente associadas às anomalias cromossômicas:
- Síndrome de Edwards (Trissomia do 18)
- 90% dos RN sendo CiV 95% e 4-fallot 25%.
- Síndrome de Down (do 21)
- 50% dos RN
- Síndrome de Turner (46,X0)
- 40% dos RN
Outras síndromes:
- Síndrome de Marfan
- Síndrome Di George
- Síndrome de Shprintzen
- Síndrome de Williams
Fatores teratogênicos:
- Rubéola congênita
- Caxumba
- Coxsackie B
- Condições matérnas como:
- Fenilcetonúria
- DM
- LES
Comunicação Inter-Atrial
► INTRODUÇÃO
A comunicação interatrial por meio do foramen oval é indispensável à vida do feto, no entanto, após o nascimento há o fechamento funcional desta comunicação até o 3 mês de vida e seu fechamento anatômico ao final do primeiro ano de vida. O não fechamento dessa comunicação, por defeito congênito ocasiona uma situação patológica.
A função fisiológica da comunicação inter-atrial durante a vida fetal é permitir que o sangue oxigenado que vem da veia cava inferior atinja o segmento cefálico do corpo, via AE, VE e aorta ascendete.
► EPIDEMIOLOGIA
- Fem:Masc = 2:1
► QUANDO É QUE A CiA COSTUMA SE MANIFESTAR?
O fluxo esquerda-direita entre AE e AD não é impotante no recém-nascido e lactente jovem, pois o VD oferece maior resistência ao seu enchimento diastólico, uma vez que suas paredes são mais musculares e menos complacentes. Além disso, a resistência vascular pulmonar ainda é elevada no período neonatal imediato limitando a passagem de sangue. Após 3 ou 4 anos de vida, a complacência do VD diminui, permitindo um maior shunt esquerda-direita. A partir de enbtão, poderão aparecer os sintomas clínicos mais importantes. O grande fluxo sanguíneo pelas cavidades direitas promoverá um aumento do AD e VD e dilatação da artéria pulmonar. O AE pode encontrar-se alargado, porém o VE e a aorta têm diâmetros normais. Se não for corrigido, a CiA poderá manifestar-se na idade adulta c/ ICC e arritmias.
► CLÍNICA
Freq. é assintomática apresentando-se nas crianças apenas com um sopro. Em outros casos pode haver: dispneia, palpitações e fadiga aos esforços.
♦ ATENÇÃO ♦ É raro o pcte c/ CiA apresentar síndrome de IC.
Sinais importantes:
- Desdobramento fixo e amplo de B2
- Sopro sistólico mais audível em borda esternal esquerda média e alta.
- Se CiA Grande –> sopro diastólico, tipo ruflar, em área tricúspide.
► DIAGNÓSTICO
- Sinais radiológicos
- ↑ das câmaras direitas (AD + VD)
- ↑ da trama vascular pulmonar
- Abaulamento do tronco pulmonar.
- ECG
- Ritmo sinusal c/ onda P morfologicamente normal (maioria dos pctes).
- QRS aumentado configurando bloq. incompleto de ramo direito.
► CONDUTA
A evolução natural geralmente é benigna, sendo o diagnóstico feito apenas na vida adulta (até a 3a década de vida). Esses sintomas podem ser notados pela primeira vez em decorrência da sobrecarga hemodinâmica como a que ocorre na gravidez.
Deve-se indicar cirurgia eletiva em pctes sintomáticos que apresetem relação fluxo pulmonar-sistêmico (Qp/Qs) de 2:1. Já os pctes c/ pequenos defeitos não devem ser operados, apesar de alguns autores recomendarem a cirurgia devido ao risco de mebolias paradoxais.
Comunicação inter-ventricular (CiV)
► INTRODUÇÃO
- É a cardiopatia congênita mais freq. (25-30% dos casos)
- CiV de grandes tamanhos geralmente estão associadas a outros defeitos cardíacos. Entretanto, o mais comum é que as CiV sejam de tamanho médio ou pequeno e que evoluam p/ o fechamento espontâneo em 50-60% dos casos ainda nos primeiros 2 anos de vida.
► QUAL O SENTIDO DO SHUNT NUMA CiV? (FISIOPATOLOGIA)
As CiVs vão determinar um desvio de sangue, após o nascimento, da esquerda (> pressão) para a direita (< pressão). No entanto, a resistência, ainda aumentada, da circulação pulmonar logo após o nascimento impede que este shunt seja importante. Mas com o decorrer do tempo, há ↓ da resistência vascular pulmonar possibilitando o shunt e fazendo surgir manifestações clínicas da CiV. Além da resistência vascular pulmonar, outro fator que determina o shunt é o tamanho da comunicação anômala. Na CiV < 0,5 cm² (restritiva) a pressão do VE > VD e o tamanho do defeito acaba limitando o shunt esquerda-direita. Agora, em situação de CiV > 1 cm², o defeito é grande de modo a equalizar as pressões entre VE e VD. Dessa forma, a resistência vascular pulmonar e o tamanho da CiV determinam a direção e intensidade do shunt.
► CLÍNICA
O quadro clínico depende da magnitude do shunt, iniciando-se ao final do 1o mês de vida, e com instalação completa ao final do 3o mês.
O sopro do shunt pode não ser ouvido no período neonatal imediato devido à pressão pulmonar ainda elevada, o que ↓ a intensidade do shunt.
A clínica varia conforme a relação entre o fluxo pulmonar (Qp) e sistêmico (Qs).
- CiV pequena: Qp/Qs de 1-1,5:1.
- Clínica pobre… pcte assintomático.
- CiV moderada: Qp/Qs de 1,5-2,0:1.
- Hiperfluxo pulmonar + sobrecarga de VD e VE.
- Há sintomas de ICC, infecções respiratórias de repetição e déficit ponderal.
- CiV grande: Qp/Qs de >2:1.
- Nesse caso, o diâmetro da CiV é ≥ ao da aorta. Há grande ↑ das câmaras esquerdas e grave congestão pulmonar.
► EXAME FÍSICO
- Ictus de VE deslocado lateral e inferiormente.
- Frêmito paraesternal, na borda esternal esquerda.
- Sopro sistólico na borda esternal esquerda inferior holossistólico rude e alto quando a CiV é pequena e menos rude quando a CiV é grande.
► DIAGNÓSTICO
- Rx de tórax
- Pode mostrar congestão pulmonar.
- Cardiomegalia
- Aumento da artéria pulmonar
- ECG
- Devemos procurar por padrão de sobrecarga ventricular.
- OBS: É normal quando a CiV é pequena s/ sobrecarga ventricular.
- A onda T invertida em V1 sugere ausência de Hipertensão pulmonar, enquanto a onda T ascendente indica sua presença.
- Devemos procurar por padrão de sobrecarga ventricular.
► CONDUTA
- CiV pequena
- Fechamento espontâneo nos primeiros 2 anos de vida em 30-50% dos casos.
- Pequena + sem repercusão hemodinâmica = não cirurgia!
- Fazer profilaxia c/ ATB-tep p/ endocardite bacteriana sempre que forem submetidas a procedimentos dentários, tonsilectomias, adenoidectomia e intrumentação de TGI e geniturinário.
- CiV moderada a grande
- Manejo clínico
- Diuréticos, digitálicos, iECA e restrição hídrica p/ controle de sintomas de ICC.
- Manejo cirúrgico
- Naqueles em que o manejo clínico não se mostrou suficiente.
- Se entre 6-12 meses de idade, mesmo controlado clinicamente, c/ hipertensão pulmonar, indicar cirurgia.
- Se > 2 anos com Qp/Qs > 2:1.
- Manejo clínico
Sindrome de Eisenmenger (Doença Vascular Pulmonar)
► DEFINIÇÃO
É a hipertensão vascular pulmonar desenvolvida por cardiopatias que cursam c/ hiperfluxo e congestão pulmonar prolongada, como CiV, CiA grande, PCA e defeitos septais atrioventriculares.
► FISIOPATOLOGIA
O aumento do fluxo sanguíneo e a pressão sobre o leito vascular pulmonar associados à hipóxia e hipercapnia induzem um remodelamento da parede dos vasos pulmonares. O resultado é obliteração dos vasos pulmonares e reversão do shunt, que passa a ocorrer da direita para a esquerda.
► CLÍNICA
Agravamento da cianose e piora da dispneia, taquipneia, fadiga e arritmias.
Costuma aparecer em crinças c/ cardiopatias não corrigidas.
Persistência do canal arterioso (PCA)
► INTRODUÇÃO
- O canal arterial (ou ducto arterioso) é uma estrutura vascular que faz comunicação entre o tronco pulmonar e a aorta. O seu fechamento funcional ocorre em torno de 12h de vida, enquanto o fechamento anatômico se completa dentro de 14-21dias após o nascimento. Após sua obliteração deixa de ser chamado de canal arterial para ser denominado ligamento arterioso.
- A PCA é mais comum em mulheres e está associada à síndrome da rubéola congênita.
► FISIOPATOLOGIA
Devido a ↓ da resistência vascular pulmonar após o nascimento, na presença de um canal arterial patente, fluxo desvia-se da aorta para o tronco pulmonar. A magnitude do desvio depende do diâmetro do conduto e da diferença de pressão entre as duas circulações.
OBS: Os pctes c/ PCA que não são operados correm um grande risco de desenvolver doença vascular pulmonar (síndrome de Eisenmenger).
► CLÍNICA
Na PCA ampla encontraremos:
- Pulso de amplitude aumentada.
- Pulso Palmar é de grande valor diagnóstico na diferenciação entre CiV e PCA no período neonatal.
- PA divergênte à custa de diastólica, que será baixa.
- Precórdio hiperdinâmico
- Sopro sistólico principalmente em região infraclavicular esquerda c/ irradiação p/ dorso.
- Classicamente o sopro é descrito como contínuo ou maquinária.
- Com a resistência pulmonar > sistêmica ocorrerá uma reversão do fluxo pelo ducto, c/ aparecimento de cianose nos membros inferiores, pela mistura de sangue insaturado na aorta descendente.
► CONDUTA
Independente da idade (e tamanho do canal), a conduta sempre é fechar o canal arterial, ou cirurgicamente ou por meio de cateter em interveção. A mortalidade operatória é muito baixa e desta forma a intervenção está indicada em todos os pctes ainda no 1o ano de vida.
Coarctação da aorta
► INTRODUÇÃO
- Este defeito caracteriza-se por um estreitamento em qualquer ponto da aorta, mas em 98% dos casos as coarctações localizam-se abaixo da emergência da artéria subclávia esquerda.
- Na maioria dos casos o Ducto Arterioso (ou canal arterial) conecta o tronco pulmonar à aorta em um segmento abaixo ao estreitamento [olhar fisiopatologia].
- 2x + comum nos homens.
- Muito freq. na sínd. de turner em que 70% dessas meninas apresentam associação à valva aortica bicúspide.
► FISIOPATOLOGIA
Estreitamentos Graves:
Em casos graves, no período neonatal, o fluxo através do Ducto Arterioso bypassando a obstrução é fundamental para garantir o suprimento dos MMII. Dessa forma, grande parte do débito cardíaco sistêmico é dependente do VD. O VE acaba por desenvolver uma hipertrofia devido ao aumento da pré-carga (resistência ao fluxo aortico), e o aumento da pressão intracavitária se dissemina retrogradamente p/ o AE e veias pulmonares. Assim está instalada uma ICC esquerda. Como a maior parte do sangue sistêmico será provido pelo VD (sangue dessaturado), clinicamente se verifica uma cianose diferencial (localizada apenas nos MMII). Além disso, irão apresentar Acidose Metabólica coincidênte c/ o fechamento do Ducto Arterioso (ou canal arterial).
Estreitamentos Mais leves:
Estreitamentos mais leves produzem repercussões hemodinâmicas mais discretas, cujo efeito clínico será visto apenas em fases mais tardias da vida, como a adolescência.
► CLÍNICA
RN c/ Co-Ao Grave:
- ICC
- Cianose Diferencial
- Hipoperfusão de extremidades
- Acidose metabólica coincidente c/ o fechamento do ducto arterioso
OBS: Devemos ficar atentos, pois mtas crianças mesmo c/ estreitamentos podem apresentar-se assintomáticas.
► EXAME FÍSICO
É comum encontrar no exame físico do pcte c/ Co-Ao um impulso precordial e bulhas normais. Nas crianças maiores, um frêmito referente à circulação colateral pode ser palpado ao longo dos espaços intercostais. Além disso, na região de Co-Ao (hemitórax esquerdo e borda esternal esquerda baixa) pode ser ouvido um sopro sistólico.
OBS: O principal achado está na avaliação do Pulso:
- As manifestações clássicas ao exame físico são as diferenças entre amplitude de pulso e PA entre os MMSS e MMII. Os pulsos das extremidades inferiores (femoral, poplíteo e pedioso) têm amplitude reduzida e podem estar ausentes em até 40% dos casos.
- Normalmente, a palpação simultânea do pulso radial e femoral revela um atraso leve do 1o em relação ao 2o, ou seja, o pulso na região inguinal é sentido um pouco mais precocemente. Na Co-Ao este achado semiótico se inverte, ou seja, o pulso femoral é atrasado em relação ao radial, pois o fluxo da aorta descendente é dependente de colaterais.
- Além disso, em pessoas saudáveis, a PAsistólica dos MMII é 10-20 mmHg > que a dos MMSS. Na Co-Ao, a PAsist. dos MMII encontra-se < que a dos MMSS.
- Normal: PAsist MMII > PAsist MMSS
- Co-Ao: PAsist MMII < PAsist MMSS
► DIAGNÓSTICO
- ECG
- Revela padrão de hipertrofia biventricular no período neonatal, ou hipertrofia ventricular esquerda nos pctes mais velhos.
- Eco
- Área de estreitamento aórtico.
- Presença de anomalias associadas.
- Rx de tórax
- Cadiomegalia
- Se pcte > 6 anos = erosões costais (vasos colaterais)
► TRATAMENTO
Co-Ao Grave: o canal arterial (ducto arterioso) deve ser mantido pérvio através do uso de prostaglandinas E1 em infusão contínua p/ permitir perfusão das extremidades inferiores.
Tto definitivo: cirúrgico! (obs: o uso de angioplastia por balão tem mostrado resultados controversos).
- Crianças sintomáticas c/ IC devem ser ttadas e compensadas antes do procedimento operatório.
- Crianças assintomáticas e portadoras de Co-Ao isolada podem ter seu defeito corrigido entre 1 e 2 anos de idade.
Tetralogia de Fallot (4-fallot)
A cianose pode não ocorrer:
► INTRODUÇÃO
- É a cardiopatia congênita CIANÓTICA mais comum.
- Anomalia caracterizada por 4 achados cardinais:
- Estenose pulmonar (obstrução ao trato de saída do VD);
- CiV perimembranoso;
- Dextroposição da aorta;
- Hipertrofia de VD.
- OBS: A obstrução completa do trato de saída do VD é classificada como uma fomra extrema da 4-fallot.
► FISIOPATOLOGIA
- Dentre os 4 achados, aquele que mais influencia na clínica do pcte é a estenose pulmonar. Se a estenose for discreta, haverá um predomínio do shunt esquerda-direita (através do defeito do septo interventricular) e a cianose poderá não ocorrer (Fallot Rosa ou acianótico).
Como surge a cianose?
- Quando o VD se contrai, o sangue pobremente oxigenado é desviado, em grande parte, p/ a cavidade esquerda e aorta, gerando cianose.
Como o organismo compensa a estenose pulmonar?
- O fluxo pulmonar extremamente restrito devido à obstrução do trato de saída do VD pode ser compensado por colaterais aortopulmonares, provenientes da aorta ascendente e descendente. Já no neonato, é compensado pelo canal arterial (ou ducto arterioso).
- A cianose, portanto, não é uma manifestação precoce da 4-fallot devido aos mecanismos compensatórios.
► CLÍNICA
Durante o período neonatal, aqueles c/ obstrução leve podem, inicialmente, apresentar IC devido a CiV e não apresentar cianose (Fallot rosa). No entanto, a medida que a hipertrofia do infundíbulo ventricular direito aumenta e a criança cresce, a cianose aparece ao longo do 1a ano de vida. Esta é mais bem notada nas membranas mucosas da boca e lábios e nas unhas. Em crianças mais velhas, as queixas são de cansaço e surgimento de cianose após atividade física, que costuma regredir c/ repouso e posição de cócoras. Em crianças não operadas notamos, mais tardiamente, baqueteamento digital.
Já em caso de obstrução grave, a cianose será evidente logo após o nascimento e concomitante c/ o fechamento do Canal Arterial (ou ducto arterioso).
CRISES HIPERCIANÓTICAS:
- Geralmente nos 1os 2 anos de vida (principalmente no período da manhã ou após o choro, são imprevisíveis e espontâneos).
- Caracterísicas: Hiperpneia, agitação, agravamento ainda maior da cianose e síncope. Pode ainda ocorrer hemiparesia e convulsões.
- Fatores que pioram a crise:
- Fatores que aumentam a resistência vascular de saída do VD (choro, agitação, digitálicos…), ou à diminuição da resistência vascular sistêmica (calor, hipotensão, drogas ou exercícios).
► EXAME FÍSICO
- Cianose generalizada
- Baqueteamento digital (tardiamente, nas crianças não operadas)
- Hipodesenvolvimento ponderoestatural
- Adoção da posição de cócoras (aumenta a resistência vascular sistêmica e reduz o shunt pela CiV forçando a um aumento de fluxo pulmonar).
- Ausculta cardíaca:
- Sopro sistólico infundibular de VD
► COMPLICAÇÕES
Trombose cerebral:
- Pode ocorrer em crianças policitêmicas e desidratadas.
- Mais freq. nas veias cerebrais e nos seios durais.
- Principalmente crianças < 2 anos.
Abcesso cerebral:
- Pouco comum.
- freq em crianças > 2 anos.
Endocardite bacteriana:
- Pode ocorrer no infundíbulo ventricular direito, valva tricúspide, pulmonar ou aórtica.
- Em pctes operados, pode acometer uma válvula pulmonar c/ estenose residual ou uma CiV residual.
Insuficiência Cardíaca:
► TRATAMENTO
CRISES HIPERCIANÓTICAS
- Adm de O2
- Manter a criança em posição genitupeitoral (aumentar a resist vascular sist)
- Morfina
- Correção da acidose metabólica
- OBS: Se as medidas acima não forem suficientes podemos empregar algumas drogas
- Aminas vasoativas –> aumentar a resist. vascular sistêmica.
- Beta-bloq.
TTO CIRÚRGICO
Transposição de grandes artérias (TGA)