Bexiga Hiperativa Flashcards
Definição
presença de sintoma de urgência miccional, com ou sem incontinência, frequentemente associada com aumento da frequência urinária e da noctúria, na ausência de causa infecciosa
ou de outra doença óbvia para a situação clínica.
Como identificar hiperreatividade detrusora
Essa disfunção pode ser identificada na avaliação urodinâmica por meio da presença de uma contração involuntária do músculo detrusor (CID) durante o registro de pressão vesical na fase de enchimento ou cistometria.
É necessário que o pct apresente hiperreatividade detrusora para diagn de bexiga hiperreativa?
Não! Bexiga hiperativa é um diagnóstico es-
sencialmente clínico e hiperatividade detrusora é um diagnóstico urodinâmico, sendo que sua presença não é obrigatoriedade para o diagnóstico de bexiga hiperativa
(BH), uma vez que até 40% dos casos de urgência miccional podem não apresentar CIDs durante a realização do estudo urodinâmico
Prevalência
Com base em estudos de prevalência, é possível estimar que entre 50 e 100 milhões de pessoas sejam acometidas por BH no mundo, o que faz desta afecção um importante problema de saúde pública, uma vez que figura
entre as doenças mais prevalentes no mundo. Considerando as definições supracitadas, o estudo EPIC, realizado no Canadá e em quatropaíses europeus por Irwin et al., 2006,
registrou a prevalência de bexiga hiperativa como 11,8%.3 Em outros estudos, a prevalência de BH variou entre 7% a 27% em homens e entre 9% a 43% em mulheres.
Fisiopat básica da doença
anormalidades na sinalização aferente e em mecanismos envolvidos na gênese da hiperatividade detrusora, que provavelmente é a base do sintoma de urgência
Hipótese neurogênic da fisiop
Hipótese neurogênica: Por meio dela, BH é explicada pela supressão da atividade neurológica sobre o detrusor. Colabora com esta hipótese a evidência de que lesões cerebrais (como AVC) podem produzir HD por reduzir a inibição suprapontina sobre o detrusor. Lesões em vias espinhais (como empacientes vítimas de TRM – trauma raquimedular) permitem a expressão de reflexos vesicais primitivos, ocasionando HD, que também constitui evidência da hipótese neurogênica
Hipotese miogênica da fisiop
Hipótese miogênica: Resulta da combinação de aumento da excitabilidade espontânea do músculo liso com aumento da capacidade de propagação do estímulo na parede vesical. Colabora com esta hipótese a evidência de que denervação é uma causa comum de HD, independentemente da causa. Assim sendo, mecanismos que levam a hipertrofia do detrusor, como obstrução infravesical, podem induzir hipóxia crônica e formação de áreas de denervação que precipitam HD. Esta teoria também é conhecida por hipersensibilidade à acetilcolina, que é o neurotransmissor responsável pela deflagração da contração vesical.
Hipótese urotelial
Hipótese urotelial: Células uroteliais possuem propriedades sensoriais e sinalizadoras que as permitem responder às condições físico-químicas locais e comunicá-las a estruturas subjacentes. Por essa teoria, BH é explicada por alterações uroteliais que interferem no limiar de excitabilidade da contração vesical em resposta à distensão provocando o aparecimento das CIDs identificadas na urodinâmica
Hipótese das fibras tipo C
Com base nesta teoria, as CIDs são deflagradas a partir da estimulação aferente das fibras sensoriais tipo C, que são fibras desmielinizadas e que não participam do reflexo miccional em situações normais. Porém, é observado que após lesão medular e interrupção do arco reflexo normal, substâncias, como fator de crescimento neural, estimulam as fibras C que passam a ser a principal via de estímulos aferentes, sendo uma das causas de BH neurogênica. Mecanismos desconhecidos, não relacionados a lesão medular, podem atuar nessas fibras levando-as a atividade e consequente BH.
Princípio diagn
O princípio diagnóstico consiste em documentar alguns sinais e sintomas que caracterizam BH, de acordo com as definições apresentadas e excluir outras causas que poderiam justificar a presença desta síndrome
Padrão diurno miccional
um padrão diurno normal resulta de micções a cada quatro horas, totalizando aproximadamente seis vezes ao dia.Medicações em uso devem ser avaliadas a fim de identificar drogas que possam interferir nos sintomas.
Pilares da investigação inicial
Anamnese detalhada, exame físico, exame de urina tipo 1
Como avaliar comorbidades
Comorbidades devem ser completamente elucidadas com perguntas sobre doenças neurológicas (AVC, esclerose múltipla, lesão medular), déficits motores, diabetes mellitus, distúrbios gastrointestinais (incontinência fecal e constipação), dor pélvica crônica, ITU de repetição, hematúria macroscópica, antecedente de cirurgia pélvica ou vaginal (incontinência/prolapsos) e câncer em órgãos pélvicos (bexiga, reto, cólon, útero e vagina). Esta etapa da anamnese é fundamental, pois o diagnóstico de BH pressupõe a exclusão desses diagnósticos.
O que deve ser incluído no exame físico?
O exame físico deve incluir:
- avaliação abdominal detalhada, com atenção a cicatrizes, tumores, hérnias e sinais de retenção urinária;
- pesquisa de edema;
- avaliação genital e toque retal (incluindo avaliação prostática em homens e avaliação de prolapsos em mulheres);
- avaliação cognitiva a fim de verificar seu impacto na gravidade dos sintomas. Para isso pode-se lançar mão do teste minimental.
Utilidade do exame de urina
O exame de Urina I (urinálise) é útil para avaliação de hematúria e indícios de ITU (leucocitúria, bacteriúria, leucócito-esterase e/ou nitritos). Na presença de uma dessas alterações, exames adicionais devem ser solicitados conforme a suspeita clínica, com atenção especial para a urocultura, que não é exame obrigatório na avaliação inicial e, portanto, só deve ser solicitado na suspeita de infecção