Olhos Vermelhos Flashcards

1
Q
  1. Quais questionamentos na anamnese poderiam ajudar a direcionar o examinador para o correto diagnóstico do paciente com olho vermelho? Ao exame físico, o que seria útil para uma avaliação inicial?
A

Anamnese → questionar sobre a presença de secreção conjuntival e suas características (predominantemente aquosa, mucóide, mucopurulenta ou purulenta), prurido, sensação de ardor ou corpo estranho ocular, dor, localização da área avermelhada, evolução ao longo do dia (estável ou variável) e relação com a exposição a fatores ambientais (sol, vento, poluição e produtos químicos).
Exame físico → o exame ocular básico pode ser realizado com auxílio de lanterna ou iluminação natural, que, em algumas situações, é capaz de demonstrar de maneira mais fidedigna diferentes tonalidades e colorações da superfície ocular. Corantes, como fluoresceína a 1%, que cora áreas desepitelizadas, ou rosa bengala a 1%, capaz de identificar células epiteliais desvitalizadas, são extremamente úteis na avaliação e seguimento das alterações existentes na superfície ocular, o que também pode ser verificado na lâmpada de fenda, se disponível. Se suspeita de corpo estranho, fazer eversão da pálpebra superior para remoção do mesmo com uma pinça ou extremidade de um cotonete.
Casos de maior gravidade ou diagnóstico duvidoso devem ser encaminhados ao oftalmologista para avaliação especializada.

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2
Q
  1. Quais seriam as queixas predominantes de um paciente com erosão ou laceração corneana? Como seria possível identificar a área desepitelizada ao exame?
A

Há intensa sintomatologia: dor, fotofobia, sensação de corpo estranho e lacrimejamento. Outros: hiperemia pericerática (em torno da córnea), edema, leve reação inflamatória na câmara ocular anterior
A identificação da área de capitalização é feita com o uso de uma gota de fluoresceína a 1% e iluminação ocular com lâmpada com filtro azul de cobalto.

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3
Q
  1. Quais sinais e sintomas os pacientes com queimaduras químicas da superfície ocular podem manifestar? Quais sequelas eles poderiam ter em médio e longo prazo?
A

Quanto maior o ph, a concentração e o tempo de permanência da substância na superfície ocular, mais graves são as lesões.
Queimaduras de menor gravidade: ardor, lacrimejamento, fotofobia, sensação de corpo estranho ocular. Ao exame (após gota de fluoresceína 1% no saco conjuntival): hiperemia conjuntival e episcleral e desepitelização conjuntiva-coreana de extensão variável
Casos mais graves: s/s mais intensos, verifica-se isquemia do limbo corneano, que pode ser total e resultar em perda completa e definitiva das células-tronco responsáveis pela reparação do epitélio corneano. Nos casos de destruição das fibras nervosas, há pouca queixa de dor. Ao exame: córnea opaca devido ao edema do estroma corneano, o que prejudica visualizar os detalhes da íris.
Sequelas: invasão progressiva de epitélio conjuntiva sobre córnea (conjuntivalização) e opacificação parcial ou total da córnea, aderências entre pálpebras e o globo ocular, catarata, glaucoma de difícil controle, perfuração e atrofia do globo ocular, com perda total da visão

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4
Q
  1. Qual a conduta imediata mais importante a ser tomada em pacientes com queimaduras químicas da superfície ocular?
A

Redução de sequelas: imediata e copiosa irrigação da superfície ocular (água filtrada, SF, ringer lactato), vários litros. Lembrar de reverter a pálpebra para a lavagem do fundo de saco
Manter o acompanhamento diário, iniciar uso de antimicrobianos, cicloplégicos, lubrificantes e AINES. Controle de pressão intraocular e liberação da aderências também é importante.

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5
Q
  1. Discorra sobre a hemorragia subconjuntival. Há sintomas? Quais as causas mais comuns? Qual a melhor conduta?
A

Geralmente unilaterais e assintomáticas (Se queixa, há discreto desconforto ocular)
Causas mais comuns: rompimento de vaso conjuntiva, com acúmulo de sangue sob a mesma
Trauma conjuntival (ex.: coçar o olho), tosse, espirros, esforço excessivo, HA, uso de medicação anticoagulante
Idiopático: percebido logo de manhã ao acordar, sem fator desencadeante conhecido
Conduta: expectante. Pode ser prescrito colírio lubrificante e compressas frias. Orientar para paciente não coçar o olho e não realizar atividade física nos primeiros dias da hemorragia para reduzir o risco de nova hemorragia

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6
Q
  1. O que é pterígio? Quais são as causas? Quais queixas podem ter pacientes com pterígio? Qual a conduta nesses casos?
A

Pterígio é o crescimento fibrovascular da conjuntiva, em formato triangular, com base comumente voltada para o canto nasal (ou temporal) e região bulbar ou ápice avançando em direção ao centro da córnea
Causas: efeito crônico de fatores ambientais, principalmente raios UV, na conjuntiva do paciente
Mais comum em pacientes adultos, homens, em regiões tropicais e de trabalho ao ar livre
Queixas: hiperemia, ardor, sensação de corpo estranho ocular e baixa acuidade visual em casos avançados. A evolução é lenta e pode se estabilizar em fase oligossintomática.
Conduta:
Inicial: proteção ocular com óculos escuros, uso regular de colírio lubrificante e instilação ocasional de colírio vasoconstritor.
Fases mais sintomáticas de irritação conjuntival: colírio de CO
Refratário ao tratamento, pterígio recorrente ou que interfira na acuidade visual → cirurgia
Pinguécula: antes de invadir a córnea
Maior recidiva em cirurgias de pacientes com menos de 50 anos

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7
Q
  1. Diferencie os tipos de conjuntivites infecciosas. Qual a mais frequente em nosso meio? Qual a conduta recomendada para cada caso?
A

Conjuntivite virótica: princ. adenovírus, maior causa de conjuntivite aguda
Exame: conjuntivite folicular (múltiplos folículos linfáticos na conjuntiva tarsal), edema conjuntival (quemose), secreção predominantemente aquosa e linfadenomegalia pré-auricular
Conduta: limpeza da secreção com algodão umedecido em SF ou água fervida, colírio lubrificante para alívio dos sintomas e compressas frias nas pálpebras

Conjuntivite bacteriana aguda: S. aureus, S. epidermidis, Streptococcus pneumoniae, Moraxella lacunata e Haemophilus influenzae (em crianças)
Sintomas: sensação de corpo estranho ocular, fotofobia, epífora (lacrimejamento involuntário e contínuo devido à obstrução das vias lacrimais) e prurido discreto
Exame: hiperemia conjuntival, secreção mucopurulenta ou purulenta de moderada intensidade, reação papilar da conjuntiva e quemose
Conduta: tópico, com cobertura para BGP (besifloxacino, gatilfloxacino ou moxifloxacino), tobramicina ou cloranfenicol → 01 gota a cada 2h nos primeiros 2 dias e de 4/4 horas por mais 5-7 dias

Conjuntivite bacteriana hiperaguda: evolução rápida, agressiva, que pode invadir a córnea e o interior do globo ocular. Causada por Neisseria gonorrhoeae, Neisseria meningitidis, Corynebacterium diphtheria, Streptococcus sp. e Haemophilus sp
Examina com lâmpada de fenda para descartar envolvimento corneano
Conduta: colírios de quinolonas (ciprofloxacino, ofloxacino, besifloxacino, gatifloxacino ou moxifloxacino), tobramicina ou gentamicina → 01 gota de 2/2/h nos 2 primeiros dias e de 4/4h por mais 5-7 dias

Conjuntivite de inclusão: crônica, mucopurulenta, acomete jovens adultos com vida sexual ativa. Infecção por contato direto com a secreção vaginal (vaginite, cervicite, uretrite) que contém C. trachomatis
Sintomas: abundante secreção mucopurulenta, reação folicular na conjuntiva tarsal superior e inferior, infiltrados corneanos superficiais e vascularização superficial da periferia corneana (pannus)
Conduta: antimicrobiano sistêmico (tetracilina, doxiciclina, eritromicina, claritromicina) para paciente e parceiro sexual por 3 semanas associado ao uso tópico de pomada de tetraciclina ou de eritromicina 3x/dia por 6 semanas

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8
Q
  1. Discorra sobre conjuntivites alérgicas. Qual o sintoma mais característico?
A

Conjuntivite alérgica → como todas as alergias, é resultado de uma reação do sistema imunológico a algo na maioria das vezes inofensivo (alérgeno) que ele julga estranho, produzindo uma resposta inflamatória exagerada. Neste caso o principal alvo desta reação é a conjuntiva. A doença pode ser isolada, mas na maioria das vezes está associada à rinite alérgica (acompanhada de prurido no nariz, garganta, ouvido, espirros em salvas, coriza aquosa e congestão nasal). Suas principais causas são os aeroalérgenos provenientes de animais domésticos, como cães e gatos, baratas e principalmente dos ácaros da poeira domiciliar.
Sintomas ⇒ o principal sintoma da conjuntivite alérgica é o prurido ocular. Além disso, são frequentes as queixas de hiperemia, sensação de queimação ou corpo estranho, edema palpebral, lacrimejamento e fotofobia.

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9
Q
  1. Caracterize as blefarites.
A

Blefarites → disfunção inflamatória/ infecciosa das glândulas sebáceas palpebrais (Meibomius), frequentemente associada à dermatite seborreica e acne rosácea.
Clínica ⇒ ardor ocular, sensação de olhos ressecados, hiperemia conjuntival, prurido, hiperemia das margens palpebrais e escamas nas raízes dos cílios. Também podem ser encontradas ulcerações e crostas nas margens palpebrais (blefarite infecciosa), perda dos cílios (madarose) ou despigmentação destes (poliose).
Tratamento ⇒ corticoide e antibiotico pomada, lavar com shampoo próprio.
As bactérias mais frequentemente associadas a casos de blefarites infecciosas são S. epidermidis, S. aureus e Propionibacterium acnes.

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10
Q
  1. Caracterize as ceratites. Quais as possíveis etiologias?
A

Ceratites → inflamação da córnea. Caracterizam-se por infiltração celular acompanhada de edema de córnea, a qual perde o brilho e a transparência, tornando-se esbranquiçada. Caso não tratadas, podem evoluir para opacificação da córnea com grave comprometimento visual.
Lesão central ⇒ há acentuada queda de visão.
Lesão periférica ⇒ a visão permanece normal ou é pouco afetada.
Há diversas etiologias: infecciosa (herpes simples, herpes zoster), neurotrófica, por exposição, doenças de fundo imunológico.
Encaminhar ao especialista.

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11
Q
  1. Diferencie episclerite da esclerite. Quais sintomas podem estar presentes?
A

Episclerite é a inflamação da episclera, um tecido conjuntivo frouxo entre a esclera e a conjuntiva.
É benigna, recorrente, autolimitada e frequentemente bilateral. Mais comum. Pode dar na pinguécua.
A queixa mais comum é de desconforto, dor é rara, mas se presente é de leve intensidade e encontra-se na área acometida. Hiperemia é leve e ocorre na área interpalpebral
Doenças associadas: AR, vasculites, rosácea, alergias e infecções
Tratamento: compressas de água gelada, colírios lubrificantes e AINES e colírio de nos casos mais graves. Se etiologia conhecida, tratar a doença de base

Esclerite é a inflamação da esclera, sendo mais comum em mulheres e bilateral em ⅓ dos casos.
Pode ser de etiologia infecciosa (bactérias, vírus e fungos)
Ela é mais superficial, ao pingar epinefrina a hiperemia diminui, colagenoses (AR)
Classificada em anterior e posterior
Anterior: edema palpebral, hiperemia difusa ou localizada na esclera, dilatação dos vasos conjuntivais e episclerais
Dor intensa, por vezes incapacitante, localizada profundamente no bulbo ocular, que pode referir para regiões adjacentes inervados pelo V nervo craniano (órbita, face, dente, gengiva, ouvido e região cervical). Se intensifica de madrugada
Tratamento com CO e algumas vezes com imunomodulador

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12
Q
  1. Caracterize as uveítes. Como deve ser feita a abordagem terapêutica em caso de um provável diagnóstico de uveíte?
A

Uveítes → as uveítes referem-se à inflamação do trato uveal (íris, corpo ciliar e coroide). Seu estudo também envolve as inflamações acometendo a esclera, córnea, retina e vasos sanguíneos, nervo óptico e corpo vítreo. Podem ser uni ou bilaterais (maioria). As uveítes unilaterais mais conhecidas são as provocadas por parasitas, corpo estranho intraocular e endoftalmite pós-cirúrgica. As queixas mais frequentemente referidas pelos pacientes com uveíte são dor, fotofobia, embaçamento da visão e moscas volantes. A hiperemia ocular pode ser difusa ou pericerática, cuja intensidade depende da intensidade da fase aguda da uveíte. Em casos mais intensos, é possível vir associada até mesmo a edema e quemose conjuntival. Não obstante, há casos nos quais a congestão ocular é mínima, encontrada nas chamadas uveítes brancas/frias.
Em caso de suspeita de uveíte, ceratite, esclerite, glaucoma agudo: encaminhar ao especialista em caráter de urgência, devido ao elevado risco de perda visual e complicações que podem evoluir para sequelas irreversíveis se não tratadas adequadamente em tempo oportuno.
Diante da suspeita diagnóstica da condição, na fase aguda, deve-se ter empenho em controlar a crise o mais breve possível. Nos casos em que há um agente infeccioso, drogas específicas contra ele devem ser usadas em doses efetivas e tempo suficiente para controlar a infecção. Tanto nos casos infecciosos quanto nos puramente inflamatórios, o controle da inflamação deve também ser rápido e eficiente, com emprego de corticosteroides (via oral, sistêmica, tópica ou intraocular). O uso de cicloplégicos e midriáticos é importante, principalmente na prevenção de formação de sinéquias posteriores.

Posterior: infecciosas (Bactrim, sulfa, sífilis - penicilina)
Anteriores: colagenoses (imunomoduladores)

Uma pupila mais fechada que a outra, o que é importante para o diagnóstico diferencial com glaucoma, que provoca midríase.

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13
Q
  1. Caracterize o envolvimento ocular na síndrome de Stevens-Johnson e na necrólise epidérmica tóxica. Quais os principais fatores precipitantes na indução do eritema observado?
A

São doenças inflamatórias autolimitadas que acometem a pele as membranas mucosas. Ambas são consideradas formas graves do eritema multiforme. As drogas e infecções são os fatores precipitantes mais frequentemente identificados na indução do eritema multiforme. Tratamento compete ao especialista.
Necrólise epidérmica tóxica → alterações são mais intensas na pele do que nas membranas mucosas. sintomas prodrômicos (mal-estar, febre, cefaleia e sintomas de infecção do trato respiratório superior) podem preceder as manifestações oculares e dermatológicas em 1 a 3 semanas. Na fase aguda, encontra-se hiperemia conjuntival difusa associada às lesões cutâneas e mucosas de outros órgãos. A conjuntivite bilateral pode acontecer com secreção catarral, purulenta ou pseudomembranosa e, em alguns pacientes, até mesmo uveíte anterior aguda pode estar associada.
Síndrome de Stevens-Johnson → o envolvimento conjuntival pode ser intenso, com aderências e retrações conjuntivais e palpebrais, ressecamento ocular grave, ceratinização da superfície ocular e consequente baixa visual e difícil tratamento.

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