AULA 01 - PARTE 2 Flashcards

1
Q

O que é o princípio da capacidade contributiva e como ele pode ser promovido através de diferentes técnicas tributárias?

A

O princípio da capacidade contributiva é um dos fundamentos do sistema tributário, estabelecendo que os cidadãos devem contribuir com impostos de acordo com sua capacidade econômica. Ele pode ser promovido de diferentes formas, dependendo das características dos tributos em análise. Para impostos pessoais, como o imposto de renda, a técnica da progressividade é utilizada, onde as alíquotas aumentam conforme a renda do contribuinte. Já para impostos indiretos, como o IPTU e o IPVA, a técnica aplicada é a da seletividade, onde a alíquota é maior para produtos considerados supérfluos e menor para itens essenciais.

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2
Q

Qual é a técnica adequada para promover o princípio da capacidade contributiva em impostos reais, como o IPTU e o IPVA, e isso é possível?

A

Há divergências na doutrina a respeito da aplicação da técnica da progressividade em impostos reais, como o IPTU e o IPVA. Alguns doutrinadores, como Américo Lacombe e José Maurício Conti, entendem que é possível utilizar a progressividade também nesses impostos, argumentando que a expressão “sempre que possível” no artigo 145 da Constituição Federal está vinculada apenas aos impostos pessoais, tornando a graduação segundo a capacidade econômica um dever constitucional.

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3
Q

Qual é o argumento da corrente doutrinária que discorda da possibilidade de aplicação da progressividade em impostos reais?

A

A segunda corrente doutrinária sustenta que a graduação de um tributo conforme a capacidade econômica do contribuinte só é viável em impostos pessoais, onde é possível conhecer efetivamente a renda do indivíduo. No caso dos impostos reais, como o IPTU e o IPVA, a análise é baseada nos bens singulares em sua objetividade, tornando difícil ou inviável medir a capacidade econômica do contribuinte para aplicar a progressividade.

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4
Q

Qual foi o posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à progressividade nos impostos reais?

A

Em um primeiro momento, ao julgar o Recurso Extraordinário (RE) 153.771, o STF adotou o entendimento da segunda corrente doutrinária, considerando que a progressividade nos impostos reais era vedada, a menos que houvesse autorização constitucional expressa. Posteriormente, a Corte reafirmou esse posicionamento em diversos julgados, concluindo que:

i) É inconstitucional a progressividade do IPTU não-extrafiscal anterior à Emenda Constitucional 29/2000, que expressamente autorizou a progressividade com base no valor do imóvel.

ii) É inconstitucional a progressividade do ITBI, tendo sido editada inclusive uma súmula nesse sentido (Súmula nº 656).

iii) É constitucional a progressividade do imposto de renda (imposto pessoal).

iv) É constitucional a progressividade extrafiscal do IPTU, conforme redação do artigo 182, §4º, da Constituição Federal.

v) É constitucional a progressividade não-extrafiscal do IPTU após a Emenda Constitucional 29/2000.

vi) É constitucional a progressividade do ITR, conforme § 4º, inciso I, do artigo 153 da Constituição Federal.

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5
Q

Qual era a posição consolidada do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à progressividade nos impostos reais antes do julgamento do Recurso Extraordinário 562.045?

A

Antes do julgamento do Recurso Extraordinário 562.045, a jurisprudência do STF entendia que a progressividade nos impostos reais, como o IPTU e o ITBI, era inconstitucional, exceto nos casos em que a Constituição expressamente previsse essa possibilidade.

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6
Q

O que mudou na interpretação do STF após o julgamento do Recurso Extraordinário 562.045?

A

Após o julgamento do Recurso Extraordinário 562.045, houve uma mudança de interpretação no STF. A Corte passou a entender que a progressividade nos impostos reais não é vedada em absoluto, e sua legalidade dependerá da possibilidade concreta de avaliar as circunstâncias pessoais do contribuinte. Em alguns casos, é possível aferir de maneira mais segura a capacidade econômica do contribuinte, o que permite a utilização da técnica da progressividade, tributando-se mais pesadamente quem denotar maiores sinais de riqueza.

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7
Q

Quais foram as diferenças apontadas pelo STF entre o ITCMD e o ITBI e IPTU que levaram à consideração da progressividade nas alíquotas do ITCMD?

A

O STF apontou duas principais diferenças entre o ITCMD e o ITBI/IPTU que justificaram a consideração da progressividade nas alíquotas do ITCMD. Primeiramente, o IPTU avalia um bem isoladamente, enquanto o ITCMD-Causa Mortis se refere a todos os bens transmitidos por herança. Além disso, o ITBI é referente a transmissões onerosas, onde há aquisição da propriedade mediante uma operação sinalagmática, enquanto o ITCMD decorre de transações realizadas a título gratuito, como doações ou heranças, o que representa um verdadeiro acréscimo patrimonial e permite uma avaliação mais direta da capacidade contributiva.

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8
Q

Quais impostos atualmente admitem a progressividade, de acordo com o entendimento do STF?

A

De acordo com o entendimento do STF, atualmente a progressividade é admitida nos seguintes impostos: a) Imposto sobre a Renda, conforme o artigo 153, § 2º, inciso I, da Constituição Federal; b) IPTU, conforme a redação do artigo 182, § 4º, da CF (progressividade extrafiscal); c) IPTU, após a Emenda Constitucional 29/2000 (progressividade fiscal); d) ITR, conforme § 4º do artigo 156 da CF; e) ITCMD, conforme jurisprudência firmada pelo STF no julgamento do RE 562.045.

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9
Q

O que são tributos extrafiscais e qual é o seu propósito?

A

Tributos extrafiscais são aqueles que têm uma finalidade além da mera arrecadação de recursos para o Estado. Seu propósito é estimular ou desestimular comportamentos específicos por parte dos contribuintes, buscando atingir objetivos determinados pela lei.

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10
Q

Dê exemplos de tributos extrafiscais e explique seus objetivos.

A

Exemplos de tributos extrafiscais incluem o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) com alíquota progressiva, previsto no artigo 182, §4º, da Constituição Federal. Nesse caso, o objetivo é impor um ônus tributário maior aos proprietários que não cumprem adequadamente a legislação do plano diretor, incentivando-os a utilizar o solo urbano de forma adequada. Outro exemplo é o ITR (Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural), cujas alíquotas variam de acordo com o tamanho da área e o grau de aproveitamento do imóvel, com o propósito de taxar mais significativamente as áreas improdutivas e incentivar o uso produtivo da terra.

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11
Q

É possível conciliar o princípio da capacidade contributiva com a tributação extrafiscal? Explique.

A

Sim, o entendimento majoritário defende que é possível conciliar o princípio da capacidade contributiva com a tributação extrafiscal. Embora em certos casos isso possa levar à utilização de alíquotas elevadas, é necessário respeitar o princípio da proporcionalidade na fixação do valor da tributação.

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12
Q

Quais são os critérios que devem ser observados ao aplicar a tributação extrafiscal de acordo com o princípio da proporcionalidade?

A

Ao aplicar a tributação extrafiscal de acordo com o princípio da proporcionalidade, devem ser observados três critérios:

Exame da adequação: É preciso comprovar que a lei é apta a produzir a finalidade extrafiscal almejada, ou seja, que ela é eficaz para estimular ou desestimular o comportamento desejado.
Exame da necessidade: Deve-se demonstrar que a medida adotada é a menos restritiva possível entre as opções disponíveis para atingir o objetivo extrafiscal.
Exame da proporcionalidade em sentido estrito: É necessário mostrar que os efeitos positivos decorrentes da adoção da medida superam os efeitos negativos relacionados à menor promoção do estado ideal promovido pelo princípio da capacidade contributiva.

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13
Q

O que aconteceria se uma tributação fosse considerada confiscatória?

A

Se uma tributação fosse considerada confiscatória, ela ofenderia o princípio da proporcionalidade, por não passar no teste da necessidade e da proporcionalidade em sentido estrito. Isso significa que ela estaria indo além do limite aceitável para atingir o objetivo extrafiscal e poderia ser considerada inconstitucional.

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14
Q

Qual é o fundamento legal do princípio da vedação ao confisco no sistema jurídico brasileiro?

A

O princípio da vedação ao confisco encontra respaldo no artigo 150, inciso IV, da Constituição Federal brasileira.

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15
Q

O que o princípio da vedação ao confisco representa em relação ao princípio da capacidade contributiva?

A

O princípio da vedação ao confisco é uma derivação do princípio da capacidade contributiva, pois estabelece que a tributação não pode ser tão elevada a ponto de se assemelhar à tomada da propriedade do contribuinte pelo Estado.

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16
Q

O que caracteriza o confisco como uma sanção tributária?

A

O confisco é uma sanção tributária que se caracteriza pela expropriação de um bem particular pelo Estado, sem a devida indenização compensatória ao contribuinte.

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17
Q

Como determinar se a carga tributária atinge níveis confiscatórios na prática?

A

Na prática, a determinação dos níveis confiscatórios da carga tributária é um desafio, pois não existe uma medida aritmética exata para isso. Cada caso deve ser analisado individualmente.

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18
Q

Quais critérios devem ser considerados ao avaliar se a tributação é confiscatória?

A

Dois critérios devem ser levados em consideração na análise: (1) a carga tributária deve ser considerada como um todo, não apenas os tributos isoladamente; e (2) deve-se examinar a finalidade da tributação, especialmente quando se trata de tributos extrafiscais.

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19
Q

Como o Supremo Tribunal Federal (STF) abordou a questão da confiscatoriedade em relação à Lei nº 9.783/99?

A

O STF analisou a Lei nº 9.783/99, que estabeleceu alíquotas progressivas à contribuição para a seguridade especial dos servidores públicos, e concluiu que a análise da confiscatoriedade deve considerar a soma dos valores que, em razão da múltipla incidência, são transferidos do patrimônio do contribuinte para a União Federal.

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20
Q

O que é um tributo, de acordo com o artigo 3º do CTN (Código Tributário Nacional)?

A

Segundo o artigo 3º do CTN, tributo é uma prestação pecuniária compulsória que não pode constituir sanção por ato ilícito.

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21
Q

Qual é a diferença entre a norma tributária e a norma sancionatória?

A

A norma tributária descreve uma conduta lícita na sua hipótese de incidência, gerando uma obrigação ao sujeito passivo de pagar ao sujeito ativo uma determinada quantia a título de tributo. Já a norma sancionatória descreve uma conduta ilícita na sua hipótese, levando ao dever do sujeito passivo de pagar ao sujeito ativo uma determinada quantia a título de multa.

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22
Q

O princípio da vedação ao confisco, previsto no inciso IV do artigo 150 da Constituição Federal, é aplicável apenas a tributos ou também se estende às multas tributárias?

A

O princípio da vedação ao confisco é aplicável também às multas tributárias, apesar de haver controvérsias, o entendimento dominante na doutrina e jurisprudência é de que esse princípio se estende a todas as modalidades de exações tributárias, incluindo as multas.

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23
Q

Como é determinado o limite percentual para se considerar uma multa tributária como confiscatória?

A

O estabelecimento de um limite percentual para considerar uma multa tributária como confiscatória é um assunto complexo e sem um critério único. Historicamente, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal considerava o confisco presente quando a multa fosse superior ao valor da obrigação principal, ou seja, quando o percentual da multa fosse superior a 100%. No entanto, recentes julgados adotaram critérios diferenciados.

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24
Q

Quais são os três tipos básicos de multas existentes no direito tributário?

A

Os três tipos básicos de multas existentes no direito tributário são:

Multas moratórias: Devidas em decorrência da impontualidade injustificada no adimplemento da obrigação tributária.

Multas punitivas isoladas: Visam coibir o descumprimento às previsões da legislação tributária relativas a deveres instrumentais, sem que ocorra repercussão no montante do tributo devido.

Multas punitivas acompanhadas do lançamento de ofício: Aplicadas nos casos de tributos sujeitos a homologação, onde a constatação de uma violação é acompanhada da supressão de pelo menos uma parcela do tributo devido. Essa é a multa mais comum, aplicada em casos de sonegação.

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25
Q

O que o princípio da liberdade de tráfego de pessoas e bens proíbe, de acordo com o artigo 150, inciso V, da Constituição Federal?

A

O princípio da liberdade de tráfego de pessoas e bens, conforme o artigo 150, inciso V, da Constituição Federal, proíbe o estabelecimento de limitações ao tráfego de pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, com exceção da cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público.

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26
Q

Qual é o fundamento do princípio da liberdade de tráfego de pessoas e bens?

A

O princípio da liberdade de tráfego de pessoas e bens tem como fundamento a ideia de unidade econômica do território nacional, buscando evitar a criação de tributos que possam restringir a circulação de mercadorias e pessoas entre estados ou municípios.

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27
Q

O que foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da ADI 4565/PI?

A

No julgamento da ADI 4565/PI, o Supremo Tribunal Federal afirmou que é inconstitucional uma lei estadual anterior à EC nº 87/2015 que estabeleça a cobrança de ICMS pelo estado de destino nas operações interestaduais de circulação de mercadorias realizadas de forma não presencial e destinadas a consumidor final não contribuinte desse imposto.

28
Q

O princípio da liberdade de tráfego de pessoas e bens ainda possui muita força atualmente?

A

Atualmente, o princípio da liberdade de tráfego de pessoas e bens perdeu grande parte de sua força devido ao artigo 153, inciso II, da Constituição Federal, que autoriza a instituição de imposto sobre exportação de produtos nacionais ou nacionalizados destinados ao exterior. Isso torna inviável a instituição de um imposto de exportação sobre produtos destinados a outros estados da federação.

29
Q

A cobrança de ICMS ofende o princípio da liberdade de tráfego de pessoas e bens?

A

A cobrança de ICMS não ofende o princípio da liberdade de tráfego de pessoas e bens, uma vez que existe uma regra de competência na Constituição Federal (artigo 155, inciso II) que autoriza a instituição desse imposto.

30
Q

O que é o princípio da proibição das isenções heterônomas?

A

O princípio da proibição das isenções heterônomas é uma previsão constitucional contida no artigo 150, inciso II, da Constituição Federal. Ele impede que a União, Estados ou Municípios instituam isenções de tributos que sejam de competência de outras esferas de governo.

31
Q

Qual é o fundamento do princípio da proibição das isenções heterônomas?

A

O fundamento desse princípio reside na autonomia das entidades federativas, que possuem as prerrogativas de autogoverno e auto-organização, bem como no regime de competências estabelecido pela Constituição Federal. Quando a Constituição atribui a competência para instituir um tributo a uma esfera de governo, ela também confere a competência para definir as hipóteses de suspensão, extinção e exclusão desse tributo.

32
Q

O princípio da proibição das isenções heterônomas se aplica a quais espécies tributárias?

A

O princípio da proibição das isenções heterônomas se aplica a todas as espécies tributárias, conforme expressamente previsto no dispositivo constitucional (artigo 150, inciso II).

33
Q

O princípio da proibição das isenções heterônomas é restrito à União Federal ou se estende aos Estados e Municípios?

A

Embora o dispositivo constitucional (artigo 150, inciso II) se refira apenas à União Federal, ele também pode ser aplicado aos Estados em relação aos tributos municipais. Portanto, por exemplo, uma Assembleia Legislativa estadual não pode aprovar uma isenção do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN).

34
Q

Há exceções ao princípio da proibição das isenções heterônomas na Constituição Federal?

A

Sim, a Constituição prevê uma exceção no artigo 156, §3º, inciso II. Esse dispositivo permite que a União Federal, por meio de Lei Complementar, exclua a incidência do ISSQN sobre as exportações de serviços para o exterior.

35
Q

Como a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) aborda as isenções heterônomas concedidas por tratados internacionais?

A

A jurisprudência do STF considera constitucional que um tratado internacional conceda isenções de tributos da competência dos Estados e dos Municípios. O fundamento é que nas relações internacionais, a atuação é realizada pela República Federativa do Brasil, como representante de todo o Estado Brasileiro, e não apenas pela União Federal. Portanto, o princípio da proibição das isenções heterônomas não seria aplicável nessas situações.

36
Q

O princípio da proibição das isenções heterônomas é um obstáculo absoluto às isenções concedidas por outros entes federativos?

A

Não, o princípio não é um obstáculo absoluto às isenções heterônomas. Isso acontece porque, em alguns casos, seguindo a diretriz de não exportar tributos, mas sim mercadorias e serviços, a União ou a República Federativa do Brasil, representada pela União, pode interferir legitimamente na carga tributária de outro ente federativo.

37
Q

Além das hipóteses de tratados internacionais e do artigo 156, § 3º, quais outros dispositivos da Constituição Federal tratam das isenções heterônomas?

A

Além das hipóteses dos tratados internacionais e do artigo 156, § 3º, da Constituição Federal, o artigo 155, § 2º, XII, “e”, também aborda questões relacionadas às isenções heterônomas. No entanto, o trecho não fornece mais informações sobre o conteúdo desse dispositivo. Seria necessário consultar a legislação vigente para compreender seu conteúdo completo.

38
Q

O que o Art. 155 da Constituição Federal dispõe sobre a competência dos Estados e do Distrito Federal em relação a impostos?

A

O Art. 155 da Constituição Federal estabelece que compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, mesmo que essas operações e prestações se iniciem no exterior.

39
Q

De acordo com o § 2º, inciso X, alínea “a”, do Art. 155, em quais situações o ICMS não incidirá?

A

O ICMS não incidirá sobre as operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre os serviços prestados a destinatários no exterior. Essa imunidade assegura a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores.

40
Q

O que o inciso XII, alínea “e”, do Art. 155 estabelece em relação às exportações para o exterior?

A

O inciso XII, alínea “e”, do Art. 155 determina que a lei complementar de caráter nacional pode excluir da incidência do ICMS, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos além daqueles mencionados no inciso X, alínea “a”.

41
Q

Como a Constituição Federal autoriza a União a conceder isenção do ICMS em relação a exportações?

A

A Constituição Federal autoriza a União a conceder, por meio de lei complementar, isenção heterônoma do ICMS incidente nas operações com serviços e outros produtos destinados ao exterior, além daqueles citados no artigo 155, § 2º, X, “a”, da CF/88.

42
Q

Por que a norma estadual que dispõe sobre depósitos judiciais e extrajudiciais de terceiros é considerada inconstitucional?

A

A norma estadual que dispõe sobre depósitos judiciais e extrajudiciais de terceiros é considerada inconstitucional porque, ao determinar que tais depósitos sejam efetuados em Conta Central de Depósitos Procedimentais, o legislador estadual usurpou a competência da União para legislar sobre diversos assuntos, incluindo o Sistema Financeiro Nacional, a política de crédito e transferência de valores, direito civil e processual e normas gerais de direito financeiro. Além disso, tal tratamento legal viola a separação dos poderes ao permitir o uso e administração, pelo Poder Executivo, de numerário de terceiros, cujo depositário é o Judiciário, e afronta o direito de propriedade dos jurisdicionados, configurando expropriação de recursos pertencentes a eles. Também cria um empréstimo compulsório não previsto na Constituição e endividamento fora das hipóteses de dívida pública permitidas pela Constituição. Por esses motivos, foi considerada inconstitucional pelo STF na ADI 6660/PE.

43
Q

O que é o Princípio da Uniformidade Geográfica presente na Constituição Federal brasileira?

A

O Princípio da Uniformidade Geográfica, conforme previsto no artigo 151, inciso I, da Constituição Federal do Brasil, proíbe a União de instituir tributos que não sejam uniformes em todo o território nacional ou que resultem em tratamento diferenciado ou preferencial para um Estado, Distrito Federal ou Município em detrimento de outro. Em essência, a tributação da União deve ser uniforme em todo o país.

44
Q

Quais são as exceções ao Princípio da Uniformidade Geográfica?

A

Apesar da regra de uniformidade tributária, o próprio artigo 151, inciso I, da Constituição Federal estabelece uma exceção permitindo a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do país. Isso significa que são permitidos incentivos tributários específicos para estimular o desenvolvimento de regiões mais carentes, visando a redução das desigualdades regionais.

45
Q

Qual é um exemplo de aplicação do Princípio da Uniformidade Geográfica com uma exceção válida?

A

Um exemplo de aplicação do Princípio da Uniformidade Geográfica com uma exceção válida é a Zona Franca de Manaus. Essa região recebe incentivos fiscais especiais para promover o desenvolvimento econômico e social, conforme previsto na Constituição Federal (artigo 40 do ADCT). No entanto, em 2022, o Supremo Tribunal Federal afirmou a constitucionalidade da exclusão dos bens de informática dos incentivos fiscais concedidos à Zona Franca de Manaus, através da Lei nº 8.387/91.

46
Q

Qual o objetivo do Princípio da Uniformidade Geográfica?

A

O objetivo do Princípio da Uniformidade Geográfica é garantir que a tributação promovida pela União seja equitativa e não favoreça injustamente uma região do país em detrimento de outras. Ao estabelecer a uniformidade tributária como regra, busca-se evitar disparidades econômicas entre os estados e municípios, enquanto, ao mesmo tempo, possibilita-se a implementação de políticas de incentivos fiscais para regiões mais necessitadas, visando ao desenvolvimento socioeconômico do país como um todo.

47
Q

O que foi a Lei nº 7.232/84 e qual era o seu objetivo?

A

A Lei nº 7.232/84 tratou sobre a Política Nacional de Informática no Brasil. Seu objetivo principal era promover a capacitação nacional nas atividades de informática. A lei previa medidas aplicáveis ao setor de informática, incluindo a possibilidade de concessão de benefícios fiscais relativos ao imposto de importação, imposto de exportação, IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e Imposto de Renda. Para obter esses benefícios, as empresas do setor de informática precisavam cumprir determinadas condições estabelecidas pela lei.

48
Q

O que foi a revogação implícita do DL 288/67 pela Lei nº 7.232/84?

A

A revogação implícita do DL 288/67 pela Lei nº 7.232/84 refere-se ao fato de que a Lei de Informática (Lei nº 7.232/84) tratou dos bens de informática quando a Constituição Federal de 1988 foi promulgada. Com isso, o DL 288/67, que tratava da concessão de incentivos fiscais para o setor de informática, deixou de ser aplicável aos bens de informática, tendo sido substituído pelas disposições da Lei nº 7.232/84.

49
Q

De acordo com o Supremo Tribunal Federal, os bens de informática produzidos na Zona Franca de Manaus estavam sujeitos a qual legislação na época da promulgação da Constituição Federal de 1988?

A

Na época da promulgação da Constituição Federal de 1988, os bens de informática, incluindo aqueles produzidos na Zona Franca de Manaus, estavam sujeitos exclusivamente à Lei nº 7.232/84 (Lei de Informática). O DL 288/67, que tratava dos incentivos fiscais para o setor de informática, foi revogado implicitamente pela Lei de Informática, tornando-se inaplicável aos bens de informática naquele momento.

50
Q

O que o Supremo Tribunal Federal decidiu recentemente em relação à Lei 8.393/1991 e sua constitucionalidade?

A

O Supremo Tribunal Federal decidiu recentemente que a Lei 8.393/1991, que estabelecia tratamento tributário diferenciado com relação à alíquota do IPI sobre a produção do açúcar, não contrariou o disposto no artigo 151, inciso I, da Constituição Federal. Essa lei reduziu ou isentou o pagamento de IPI em saídas de açúcar em diferentes regiões do país, o que gerou discussões sobre sua constitucionalidade. O STF entendeu que a lei se amoldava à ressalva constante no artigo 151, permitindo tratamento tributário diferenciado para incentivar o desenvolvimento socioeconômico de determinadas regiões, conforme previsto no princípio da uniformidade geográfica.

51
Q

O que é o princípio da isonômica tributação da renda nos títulos da dívida pública e nos vencimentos dos funcionários públicos?

A

O princípio da isonômica tributação da renda nos títulos da dívida pública e nos vencimentos dos funcionários públicos é um dispositivo previsto no artigo 151, inciso II, da Constituição Federal. Ele estabelece que é vedado à União tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que forem fixados para suas próprias obrigações e agentes.

52
Q

Quais são as duas vedações presentes nesse princípio?

A

As duas vedações presentes no princípio da isonômica tributação são as seguintes:

A União não pode tributar a renda decorrente das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios em montante superior ao que fixar para as suas próprias obrigações.

É vedado que o Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) dos servidores dos Estados, Distrito Federal e Municípios seja superior ao IRPF pago pelos servidores da própria União Federal.

53
Q

Qual é o princípio abordado no trecho mencionado?

A

O princípio abordado é o “Princípio da Não Discriminação Baseada em Procedência ou Destino.”

54
Q

Onde esse princípio está previsto na Constituição Federal?

A

O princípio da não discriminação baseada em procedência ou destino está expressamente previsto no artigo 152 da Constituição Federal.

55
Q

O que o artigo 152 da Constituição Federal veda?

A

O artigo 152 veda aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino. Isso significa que não podem haver tratamentos tributários distintos para bens e serviços com base no local de origem ou destino dos mesmos.

56
Q

Qual é a diferença entre o artigo 152 e o artigo 151, inciso I, da Constituição Federal?

A

O artigo 152 se aplica aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, proibindo a discriminação tributária com base em procedência ou destino de bens e serviços. Já o artigo 151, inciso I, se aplica à União Federal, vedando que esta institua tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estados, ao Distrito Federal ou a Municípios, exceto no caso de concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do país.

57
Q

Por que o princípio da não discriminação baseada em procedência ou destino é importante?

A

Esse princípio é importante para evitar a ocorrência de uma “guerra fiscal” entre os Estados e Municípios, onde cada um poderia instituir políticas tributárias diferentes para bens produzidos ou destinados a outros estados da federação. Isso garantiria a livre circulação de bens e mercadorias entre as unidades da federação, promovendo a integração econômica do país.

58
Q

O que aconteceu em Minas Gerais em relação ao princípio da não discriminação baseada em procedência ou destino?

A

Em Minas Gerais, ocorreu uma situação onde o então secretário da Fazenda do Estado, Fernando Reis, tentou utilizar uma fórmula discriminatória para favorecer a indústria de laticínios local. Ele concedeu “créditos fiscais presumidos” de ICM (Imposto sobre Circulação de Mercadorias) apenas para os produtores mineiros que enviassem leite para indústrias dentro do estado, enquanto não concedia o mesmo favor para operações que enviassem o leite para fora do estado, para indústrias em outras unidades da federação. Isso foi considerado uma violação do princípio da não discriminação baseada em procedência ou destino, e diversas indústrias de laticínios de outros estados obtiveram liminares favoráveis em mandados de segurança para remover a legislação discriminatória de Minas Gerais.

59
Q

Poderia citar um exemplo mais recente em que o princípio da não discriminação baseada em procedência ou destino foi aplicado?

A

Sim, mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou inconstitucional o Decreto 35.528/2004 do Estado do Rio de Janeiro, que previa redução na base de cálculo do ICMS nas saídas internas de café torrado ou moído produzido naquele estado. A Corte entendeu que o decreto violava o princípio da unidade político-econômica nacional e o princípio da não discriminação baseada em procedência ou destino de bens, pois criava um obstáculo à livre circulação de bens e mercadorias entre os estados da federação.

60
Q

O que é o princípio da capacidade colaborativa?

A

O princípio da capacidade colaborativa é uma ideia defendida por alguns doutrinadores e se refere às obrigações acessórias impostas pelo Estado com o objetivo de viabilizar, simplificar ou tornar mais efetiva a fiscalização tributária, sem impor ônus ou restrições excessivas às liberdades dos contribuintes.

61
Q

Quais são os três requisitos para o cumprimento do princípio da capacidade colaborativa?

A

Os três requisitos para o cumprimento do princípio da capacidade colaborativa são os seguintes:

As obrigações acessórias devem ser realmente úteis à simplificação e fiscalização tributária, proibindo a instituição de deveres instrumentais que não auxiliem nesses objetivos.

A colaboração deve ser exigida apenas de quem tem aptidão para realizá-la, garantindo que o cumprimento das obrigações seja viável e não gere ônus excessivo aos envolvidos. Isso inclui garantir que o prazo para apresentação de documentos seja suficiente, que não viole sigilos profissionais e que não torne as rotinas de emissão e manutenção de documentos muito onerosas para inviabilizar o negócio.

A obrigação acessória deve ser proporcional, sendo proibida a exigência de colaboração excessivamente onerosa.

62
Q

O que é vedado pelo princípio da capacidade colaborativa?

A

O princípio da capacidade colaborativa veda a instituição de obrigações acessórias que não sejam úteis à simplificação e fiscalização tributária, bem como a exigência de colaboração de pessoas que não tenham ligação com o fato gerador. Além disso, proíbe a imposição de ônus demasiadamente onerosos aos contribuintes no cumprimento dessas obrigações.

63
Q

O que é o Princípio da Praticabilidade da Tributação?

A

O Princípio da Praticabilidade da Tributação indica a necessidade de uma tributação efetiva, assegurando os direitos fundamentais dos contribuintes. Isso significa que a tributação deve ser viável, com arrecadação assegurada, e evitando inadimplência e sonegação fiscal.

64
Q

O que torna uma tributação efetiva de acordo com esse princípio?

A

Uma tributação é considerada efetiva quando sua arrecadação é garantida, o que é possível por meio de uma fiscalização efetiva que previne a inadimplência e a sonegação fiscal.

65
Q

Como a doutrina materializa o Princípio da Praticabilidade da Tributação?

A

A doutrina materializa o Princípio da Praticabilidade da Tributação por meio de presunções, ficções e padronizações, aplicadas concretamente no processo de tributação. Essas medidas visam tornar a tributação mais prática e viável.

66
Q

Quais são alguns exemplos de práticas que garantem a praticabilidade da tributação?

A

Alguns exemplos de medidas que garantem a praticabilidade da tributação são:

Substituição tributária: Transferência da obrigação de recolhimento do imposto para outro contribuinte na cadeia de produção ou comercialização de determinado produto.
Pautas fiscais: Estabelecimento de valores referenciais para base de cálculo do imposto, especialmente em situações em que a tributação não pode ser efetuada diretamente sobre o preço de venda.
Responsabilidade tributária pela substituição “para frente”: Transferência da responsabilidade pelo pagamento do tributo para o adquirente do produto ou serviço.

67
Q

Como o Princípio da Praticabilidade da Tributação beneficia tanto o Estado quanto os contribuintes?

A

O Princípio da Praticabilidade da Tributação beneficia o Estado, pois aumenta a arrecadação de impostos de forma mais eficiente, reduzindo a inadimplência e a sonegação fiscal. Por sua vez, os contribuintes também são beneficiados, uma vez que uma tributação mais efetiva garante que seus direitos fundamentais sejam respeitados, além de proporcionar maior segurança jurídica no processo de tributação.